A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Santarém é a segunda mais antiga do País, tendo sido fundada em 29 de Outubro de 1871. Prestes a assinalar século e meio de vida ao serviço da comunidade, o Correio do Ribatejo esteve à conversa com Diamantino Duarte, presidente da direcção desta Associação Humanitária, cuja prioridade é “possibilitar que os homens e mulheres que nela servem diariamente tenham as melhores condições possíveis para desempenharem a sua missão, o socorro das pessoas e bens do nosso concelho”.

O que está pensado para assinalar o Aniversário da Associação Humanitária, a segunda mais antiga do País?
Atendendo ao estado de pandemia que actualmente se vive no País, decidimos não realizar qualquer actividade relevante para assinalar os 149 anos da corporação. Assim, iremos assinalar a data somente de uma forma simbólica, com a içar das bandeiras nos mastros do quartel.

A proximidade da comunidade às iniciativas da associação tem correspondido aos esforços nesse sentido?
Nem sempre tem sido possível mobilizar as pessoas de Santarém para a nossas actividades, pois uma grande parte da população, infelizmente, só se lembra da Associação e do seu corpo de bombeiros quando necessitam dos seus serviços.

Como está a situação financeira da Associação? Os apoios que têm dado à instituição são suficientes? O financiamento dado à associação é sustentável?
Como todas as entidades deste País, estamos a sofrer as consequências desta pandemia. Tem sido possível manter uma estabilidade financeira, apesar da diminuição de receitas em virtude de muitos dos serviços que se realizavam terem deixado de existir. No entanto, e graças ao extraordinário trabalho que os nossos bombeiros e directores têm realizado, ao apoio de algumas entidades e de particulares, a nossa tesouraria tem-se mantido estável e capaz de dar resposta às nossas necessidades cumprindo, assim, atempadamente, os nossos compromissos. No entanto, se a situação que se está a viver se mantiver por muito mais tempo, de certo, que temos de rever a situação e muito provavelmente seremos obrigados a tomar algumas medidas, que não gostaríamos de tomar, mas que, para garantir a saúde financeira da Associação seremos obrigados a tomar.

Sentem-se, então, devidamente apoiados por parte da autarquia?
A autarquia tem cumprido com todos os seus compromissos e tem respondido de forma afirmativa e prontamente durante toda esta pandemia, quer através da disponibilização de apoio financeiro, quer através da disponibilização de todo o material necessário para o cumprimento das nossas obrigações no socorro das populações. Aliás, nem seria esperar outra resposta atendendo às responsabilidades que a mesma tem enquanto agente responsável pela protecção civil.

O que é que o move, pessoalmente, enquanto presidente desta Associação?
Hoje, como há vinte cinco anos, a única coisa que me move enquanto Presidente da Direcção desta Associação é possibilitar que os homens e mulheres que nela servem diariamente tenham as melhores condições possíveis para desempenharem a sua missão, o socorro das pessoas e bens do nosso concelho.

Quais são as prioridades para este mandato?
Durante este mandato, como em todos os outros, as nossas grandes prioridades continuam a ser a melhoria das condições da prestação do socorro às populações através da aquisição dos meios entendidos como necessários. Pretendemos, por isso, continuar a lutar para que o INEM atribua um posto PEM ao Corpo de Bombeiros. Manter a saúde financeira da Associação e celebrar condignamente, durante o próximo ano, os 150 anos da nossa Associação, são outras prioridades.

Como tem a corporação vivido estes tempos de pandemia?
Como todos temos vivido neste País. Com muita preocupação, muito cuidado na defesa dos homens e mulheres que todos os dias prestam abnegadamente o seu serviço nesta casa e muito cuidado e controle nas despesas que diariamente são necessárias realizar para que o serviço se realize e responda às solicitações e desafios que nos são presentes.

Defende o incentivo ao voluntariado, de modo a não só captar novos elementos como a criar condições para que eles permaneçam nas corporações de bombeiros?
Todos nesta casa defendemos o incentivo ao aparecimento de novos elementos, mas também sabemos que pouco podemos fazer para isso. Esse trabalho, criação de incentivos, está muito dependente da boa vontade das entidades oficiais (locais, regionais e nacionais) pois são elas que dispõem dos meios e capacidade de criar as condições que possam atrair mais pessoas para o desempenho destas funções. Às Associações, só resta acompanhar aqueles que chegam e disponibilizar os meios existentes para que este possam executar as suas funções.

Como está, neste momento, a situação do transporte de doentes não urgentes?
A Associação não está vocacionada para a prestação deste tipo de serviço, a nossa missão é a prestação do socorro, foi para esse fim que a mesma foi criada e é para esse fim que recebe, pouco, é verdade, dos orçamentos municipais e nacionais as verbas que lhe estão atribuídas

O corpo activo dos BVS é composto por quantos elementos? É um número suficiente face ao número de serviços que prestam?
O Corpo de bombeiros é actualmente constituído por cerca de 70 elementos. Gostaríamos de ter mais, mas são os que existem e a eles só podemos, todos os dias, agradecer o seu empenho e dedicação à causa, pois só assim é possível responder a todas as situações que nos são solicitadas.

O parque automóvel, de que dispõem neste momento, é suficiente?
O parque automóvel existente dá para responder às nossas responsabilidades na prestação do socorro. No entanto, e atendendo à sua idade e ao serviço já prestado, começa a ser necessário iniciar a sua substituição. Contudo, e atendendo às dificuldades financeiras que se vive tal não será possível realizar a curto espaço de tempo.

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