O Moinho da Ordem do Complexo Cultural da Levada, em Tomar, foi palco, no domingo, da apresentação do livro “Histórias de Amor”, a segunda obra da autoria de Maria Joana Almeida.

A autora, que se estreou na edição com o livro “Estamos todos em fila de espera para a morte”, é professora de Educação Especial e formadora na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, criou um blogue sobre educação intitulado “Pedimos gomas como resgate”, e é colaboradora no jornal Público.

“Histórias de amor” é o seu segundo livro, cujo género designa como prosa poética, e que considera que surge “quase que naturalmente como um segundo capítulo” depois da sua estreia com “Estamos todos em fila de espera para a morte”, que considera um “livro muito pessoal e catártico”.

“Se pensarmos durante alguns segundos, sem qualquer ruído, a nossa força motriz é o amor”, refere. “É o que fica, dos momentos ainda que breves, de interação com os outros, que definem a nossa percepção do mundo e o desenho do nosso caminho.”

Em que altura da vida despertou para a escrita?

Sempre escrevi sobre Educação, quer no meu blogue pessoal “Pedimos Gomas como resgate” ou como colaboradora do blogue ComRegras. Colaborei (e colaboro) também com o jornal Público em artigos sobre Educação. Esta forma de expressão mais específica, a prosa poética, foi um acaso. Uma forma de expressão encontrada depois de ter perdido a minha mãe.

O que inspirou este seu livro, “Histórias de amor” e que mensagem pretende transmitir?

A Catarina Vasconcelos que realizou um filme lindíssimo, a Metamorfose dos Pássaros, disse “Faço filmes porque a minha mãe morreu e porque quero ter muitas vidas dentro desta.” Eu escrevo porque a minha mãe morreu. Escrever começou por ser, e é, uma forma de terapia. As Histórias de Amor surgem quase naturalmente como um segundo capítulo depois do livro muito pessoal e catártico, “Estamos todos em fila de espera para a morte”. Representa um diálogo mais externo marcado por momentos suspensos.

Como foi o processo criativo desta obra?

Este livro acontece depois de um maior apaziguamento com a vida. Olhei para as várias histórias de amor que fazem parte de mim e juntei-as. Representa também uma parte de um lado da vida que tem tanto de construtivo como destrutivo dependendo das relações que se estabelecem, mas que não deixa de ser o nosso grande íman à vida.

O que representa para si a escrita?

Uma forma de organização dos meus estados de alma. Poder dar estrutura, palavras aos sentimentos na tentativa de os poder compreender.

Quais as suas grandes referências literárias?

Albert Camus, José Saramago e Oscar Wilde.

Considera que um livro pode mudar uma vida?

Não sei se pode mudar uma vida. Diria que um livro responde a perguntas que muitas vezes nem consideramos ter. E essa espécie de epifania pode conduzir a nossa vida.

Tem outros projectos em carteira que gostaria de dar à estampa?

Sim, editar um livro infantil. É uma vontade que tenho há algum tempo e creio que pode estar para breve.

Um título para o livro da sua vida?

O meu segundo. Histórias de amor.

Viagem?

Argentina.

Música?

Bright Horses de Nick Cave.

Quais os seus hobbies preferidos?

Ler, ver séries, ir ao cinema e dançar.

Se pudesse alterar um facto da história qual escolheria?

Poderia ser altruísta e responder algo semelhante a: inibir qualquer início de uma guerra. O que instintivamente eu alteraria mesmo, era a minha mãe não ter morrido tão cedo.

Se um dia tivesse de entrar num filme que género preferiria?

Embora não seja o meu género preferido, comédia romântica seguramente.

O que mais aprecia nas pessoas?

Sentido de humor.

O que mais detesta nelas?

A soberba.

Acordo ortográfico. Sim ou não?

Inevitavelmente sim.

Leia também...

“No Reino Unido consegui em três anos o que não consegui em Portugal em 20”

João Hipólito é enfermeiro há quase três décadas, duas delas foram passadas…

O amargo Verão dos nossos amigos de quatro patas

Com a chegada do Verão, os corações humanos aquecem com a promessa…

O Homem antes do Herói: “uma pessoa alegre, bem-disposta, franca e com um enorme sentido de humor”

Natércia recorda Fernando Salgueiro Maia.

“É suposto querermos voltar para Portugal para vivermos assim?”

Nídia Pereira, 27 anos, natural de Alpiarça, é designer gráfica há seis…