Que a temporada do Campo Pequeno já não é o que foi, não constitui surpresa para ninguém. De praça de referência passou a ser uma caricatura… Todos nós, aficionados, somos corresponsáveis pelo que acontece no Campo Pequeno… uns por omissão e desinteresse, outros por incompetência ou calculismo.
Creio que, no meio de tudo o que tem acontecido, o actual empresário, Dr. Luís Miguel Pombeiro, ainda merece alguma condescendência, pois teve a ousadia de meter a cabeça no cepo, deverá ter arriscado muito dinheiro e tenta manter a chama viva… Embora, convenhamos, não o conseguindo plenamente.
E, aqui, já a crítica não pode ser tão tolerante. Se apenas se conseguiram quatro datas por temporada, os respectivos cartéis teriam de ser muito fortes, capazes de esgotar a lotação da praça em cada uma das corridas anunciadas. E, neste desígnio, todos deveriam dar as mãos e apostar na mesma ficha – Toureiros, ganadeiros, empresários… Todos! E, tal não se tem visto. Talvez, o contrário do que seria desejável. E, porquê?
É aqui que caberá fazer uma reflexão, profunda e séria, para tentarmos compreender o que tem falhado. A Praça do Campo Pequeno, nas actuais circunstâncias, nunca deveria constituir uma moeda de troca para outras praças e para alguns toureiros. A análise aos cartéis apresentados, nesta e nas últimas temporadas, é o que indicia. Trocas de favores e acerto de contas entre apoderados e empresários…
Isto de se ser empresário e apoderado ao mesmo tempo raramente dá bons resultados. Esta fórmula apenas pode resultar em empresas que organizam trinta ou quarenta corridas por época. Coisa que não existe no nosso universo taurino, que é tão escasso.
As empresas que levam praças como as de Sevilha ou de “Las Ventas” podem dar-se ao luxo de gerir a carreira de algumas das figuras mais mediáticas e mais procuradas pelas principais empresas taurinas, coisa que, todos sabemos, não acontece em Portugal.
Assim, com cartéis pouco interessantes e apelativos é normal que o público vá menos à Praça do Campo Pequeno. Para mais ficando de fora algumas das primeiras figuras do nosso toureio e dos Forcados. A ausência do Grupo de Forcados Amadores de Santarém é imperdoável!
Porém, note-se que a opinião que aqui expendemos não é consensual, pois o próprio empresário está feliz, argumentando que “O Campo Pequeno sempre com uma noite histórica com cada vez mais glamour e classe! As pessoas vão para se divertir, para aplaudir, para assobiar, para silenciar. Mas acima de tudo vão desprovidas de dogmas e preconceitos de ideias pré-concebidas. Vão para viver o momento, para explanarem os seus sentimentos e emoções. Vão porque o Campo Pequeno é diferente. É cómodo. Não chove. Há caras bonitas. Há gente simpática. Há alegria. Há uma descompressão do stress diário. A arte é também tudo isto e não só. Foi uma grande corrida de touros! Perdeu quem não foi.” Bom, se isto lhe basta, então está tudo bem!