João José Chora nasceu a 26 de Março de 1959 na vila da Chamusca. Cresceu perto da vida equestre e, por isso mesmo, viveu a sua infância e adolescência nesse mundo, tanto que era conhecido por “João Cavaleiro”.

“A música entra na minha vida desde muito novo. À medida que cresci fui cultivando este gosto. Passei por experiências musicais de vários estilos. Comecei por integrar o coro da igreja da Chamusca, depois aprendi a música de baile, música tradicional e, finalmente, surge o fado na minha vida. O meu pai cantava e arranhava um bocadinho de viola. Sempre esteve ligado a actividades culturais da terra, especialmente ao teatro. Foi a maestrina do coro da igreja que percebeu que eu tinha jeito para a música. Tinha os meus 10 anos e acabei por ficar lá outros dez. Depois investi na minha formação instrumental. Aprendi a tocar piano e só mais tarde viola. O fado começa na segunda metade da década de 80. No início a tocar para quem canta. Mais tarde como fadista”, conta.

Os bailes nas sociedades culturais e recreativas sucediam-se. Os bailes de Carnaval, os da Pinha, pela Páscoa, de aniversários das sociedades, os de passagem de ano… Os grupos de baile proliferavam.

O virtuosismo reconhecido no acordeão, passado a órgão de botões, leva Vítor Moedas a constituir um grupo conhecido por “Sadeom + 2”. Um elemento na bateria e, consequentemente, um vocalista que tocava viola. João Chora passa da pista de dança para o palco, onde se faz ouvir cantando os últimos sucessos musicais, ritmando uma viola eléctrica.

Também nesta altura integra uma tertúlia de fadistas amadores da Chamusca e acompanha à viola José Pinhal, Artur Simões, Silvina de Sá, Manuel da Silva Santos e outros jovens fadistas. Ganha assim experiência em palco e aperfeiçoa- se enquanto músico.

Estuda nas cidades de Santarém e Torres Novas e no final da década de setenta é convidado a acompanhar Manuel da Silva Santos na gravação de um EP, “Chamusca das nossas vidas…”, “Um cartaz onde há imagens…”.

Em finais da década de setenta, é convidado, conjuntamente com Joaquim Salvador, para acompanhar Manuel da Silva Santos na gravação de um EP, primeiro disco gravado, artesanalmente, na Chamusca. “Chamusca das nossas vidas…”, “Um cartaz onde há imagens…”.

Já, por essa altura, integrando uma tertúlia de fadistas amadores da Chamusca, acompanha à viola José Pinhal, Artur Simões, Silvina de Sá, Manuel da Silva Santos e outros jovens fadistas. Ganha bastante experiência de palco. Refina a sua maturidade como músico.

Convidado para uma pequena digressão à Alemanha num grupo de amigos, aí canta, para gáudio dos emigrantes portugueses, algumas canções populares.

Nos inícios da década de oitenta, numa sequência lógica do aparecimento dos Grupos de Música Popular Portuguesa, “Brigada Victor Jara”, “Ronda dos Quatro Caminhos”, integra o “Grupo Gente”, na Chamusca. Faz, para além de inúmeros espectáculos em Portugal, a sua primeira digressão a França, em 1984.

Vence por duas vezes o Festival da Canção da Chamusca, tendo também participado nos festivais da canção do Entroncamento e Torres Novas. Mas é o fado que o fascina. Pelo Ribatejo, faz inúmeros espectáculos acompanhando os guitarristas e amigos José Inês, Raimundo Seixas, José Manuel Bacalhau, Custódio Castelo, Luís Petisca, José Carlos Marona, Paulo Leitão ou Bruno Mira. Reparte palco com grandes violas de fado nomeadamente, Carlos Velez, Gilberto Silva, Carlos José Garcia, Alexandre Silva, Rui Girão e Pedro Pinhal.

Em meados da década de oitenta, o fado sucede habitualmente em Almeirim, na “Tendinha”, e no Entroncamento, no “Jockey Bar”.

Frequenta as casas de fado de Lisboa e aí dá-se a conhecer. Primeiro, como acompanhante à viola e, de quando em vez, é convidado a cantar. Conhece José Luís Nobre Costa e Mestre Joel Pina, António Pinto Basto, Carlos Zel, D. Vicente da Câmara, Maria da Fé e Margarida Bessa, entre muitos outros.

Tem, ao longo dos anos de actividade, apoiado e incentivado, ajudando a lançar muitos nomes do fado, nos seus inícios, convidando e dando-os a conhecer em inúmeros espectáculos como por exemplo Isabel Rosa, Teresa Tapadas, Cristina Branco, Helena Leonor, Joana Amendoeira, Diamantina ou Ana Moura.

Graças à sua maneira muito pessoal de interpretar o fado, com voz melodiosa, redonda, quente, o seu particular jeito de transmitir o amor, a casticidade do seu Ribatejo, os poemas de toda uma vida, decide romper fronteiras, alargando e enriquecendo os seus horizontes artísticos, ao ser convidado a actuar em vários países, por diversas vezes: França, China (Macau, Hong-Kong), Bélgica, Suíça, Venezuela, E.U.A, Holanda (tournée de sete concertos entre Janeiro e Fevereiro de 2002), Polónia, Espanha, Cabo Verde, São Tomé, Brasil, Hungria, Canadá.

Abraça também a área da produção de espectáculos, realçando-se, entre muitas outras: a organização da Semana do Ribatejo para a Expo 98, a convite de António Pinto Basto, com o espectáculo “Ribatejo Fadista” com Fado, Fandango e Poesia; “Fado a Duas Vozes”, no Auditório Municipal de Coruche, com Ana Moura; “Fado: Poesia cantada e dançada”, no CCB; Festas da Bênção do Gado, em Riachos – Torres Novas; “Fado: Canto D’Alma”, nas festas da Semana da Ascensão, na Chamusca; “Do Fado ao Fandango”, na Feira do Vinho de Alpiarça; “Fado com Tradição”, nas Festas do Sardoal; “Alma em Tom Maior em Concerto”, realizando 10 concertos (no país) de apresentação do novo CD, em 2006; “Ciclos da Primavera”, espectáculos em cinco freguesias do concelho de Montemor-o-Novo; “Do Fado ao Fandango”, em Alvega(Abrantes); “Do Fado ao Flamenco” – Marinhais; “Meu Povo, Minha Gente”, na Chamusca (Semana da Ascensão).

A sua discografia é composta por: “Fados e Baladas”, em 1996, com produção de José Cid; “Golegã Cantada”, em 1998, onde participa com dois fados inéditos da autoria de João José Nogueira e Custódio Castelo; “João Chora”, em 1999, com especial relevo para o “Fado Ribatejo”, da autoria de Pedro Barroso, escrito especialmente para a sua voz; “João Chora ao vivo na Chamusca”, em 2001; “Farda a Meu Lado”, em 2004, onde participa no CD editado pelo Grupo de Forcados Amadores da Chamusca, por ocasião do seu 30º aniversário; “Alma em Tom Maior”, em 2006, com produção de Custódio Castelo.; “ 25 Anos, 25 Fados”, em 2012 (colectânea que assinala 25 anos de carreira); “Aromas de Fado”, em 2017, produção de Custódio Castelo, com especial relevo para o tema “Canção do Ribatejo” (letra de José Fernandes de Castro, música de João Chora/Bruno Mira), que integrou a banda sonora da telenovela “ Quer o Destino”, da TVI. Em 2019, numa iniciativa da Freguesia da Misericórdia, Câmara Municipal de Lisboa e Museu do Fado, vê o seu nome inscrito no Mural do Fado, situado no Largo de Santo Antoninho, no Bairro da Bica, numa homenagem a 120 personalidades ligadas ao Fado.

Com 35 anos de actividade artística, poder-se-á dizer que João Chora é um dos artistas mais queridos do grande público e dos verdadeiros amantes do fado.

É sempre um privilégio para quem o vê e o ouve, sinónimo de qualidade e de grande profissionalismo.

Fadista de ontem, de hoje e do amanhã. Uma voz do Fado que brilha em palcos Lusitanos e além-fronteiras. Voz quente, tranquila, que canta o nosso sentir numa Portugalidade irrepreensível.

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