Tica Figueiredo, Ana Conde e João Raposo são os rostos do projecto “Santarém Solidário”, que vive do lema “O que não é bom para mim, não é bom para os outros”. Trata-se de um grupo sem qualquer tipo de fins lucrativos e que vive da boa vontade dos conterrâneos, dando uma resposta efectiva às necessidades básicas de algumas famílias que mais precisam. “Este projecto consiste em ajudar a nível alimentar, a nível de vestuário, na criação de maior conforto de cada lar e na pesquisa de emprego as famílias residentes em vários concelhos do distrito”, explicam. Com cerca de dois mil seguidores na página oficial de Facebook do Santarém Solidário, os voluntários recebem ofertas vindas de toda a região que depois distribuem a quem mais precisa. O grupo já está a fazer a diferença na vida de cerca de meia centena de famílias nos concelhos de Santarém, Almeirim e Benavente. Em troca de simplesmente gratidão e “o carinho da pessoas”.

Em que consiste este projecto?
O “Santarém Solidário” vive do lema “O que não é bom para mim, não é bom para os outros”, é uma resposta às necessidades de algumas famílias que mais precisam. Este projecto consiste em ajudar a nível alimentar, a nível de vestuário, na criação de maior conforto de cada lar e na pesquisa de emprego as famílias residentes em vários concelhos do distrito. É um grupo sem qualquer tipo de fins lucrativos e que vive da boa vontade dos nossos conterrâneos. Através do nosso grupo de facebook recebemos os pedidos de ajuda, sempre de forma anónima, e efectuamos a entrega dos bens.

Como surgiu a ideia?
A ideia surgiu da necessidade de resposta que acreditávamos faltar neste momento, do conhecimento de algumas associações que de momento se encontram sem capacidade de aceitar mais famílias, mas sobretudo, do facto de acreditarmos que o dom da partilha que vive em cada um de nós pode mover mundos.

O que pretendem alcançar?
O termo não é bem alcançar mas sim aliviar, pretendemos aliviar a vida de muitos que nesta altura se encontram a passar um mau momento e com isto diminuir o sufoco existente em tantas famílias. Felizmente e infelizmente não temos tido tempo para delinear metas para o nosso projecto, tencionamos fazê-lo crescer e tencionamos que seja algo para a vida pois acreditamos que o verbo “ajudar” é um verbo que tem que estar sempre presente no nosso dia-a-dia.

A pandemia veio agravar as condições de vida de muita gente: que casos têm encontrado?
A pobreza sempre foi uma realidade, mas tem aumentado após a Pandemia. As situações de carência têm sido imensas, é difícil viver sem tudo o que sempre, muitas famílias, deram como alcançado e de que tanto se orgulhavam em ter conseguido. Temos casos de pessoas que ficaram sem o seu tecto, que perderam os seus empregos, que fazem um esforço diariamente para se reinventar, que acreditaram nos seus negócios até à última e se viram a perder o esforço de uma vida, que num ‘click’ a pandemia chega e as arrasta para um local escuro. Todos os dias temos mensagens que nos deixam sem chão, todos dias têm mensagens de situações que ninguém merece passar. Se já existe uma discrepância enorme entre o valor que um cidadão comum recebe e o valor das rendas, por exemplo, imaginemos o que é então passar uma casa com 3 crianças e 2 adultos para um ordenado apenas ou então até mesmo para nenhum. Imaginemos que com muitas das coisas que foram encerradas atrás vieram outras vidas que estavam agregadas aqueles negócios. Imaginemos o quanto é injusto alguém que fique de baixa por doença, excepto por covid-19, e devido a efectuar aquele trabalho há menos de 6 meses ter uma baixa irrisória de 30€ e tal euros e ter que pagar todas as despesas como se este “assalto ao ordenado” não tivesse existido. Depois de imaginarmos isso damos de caras com muitas das nossas famílias, damos de caras com uma realidade que nos passava todos os dias ao lado, damos de caras não só com necessidades económicas, mas também com a necessidade de existir um ombro amigo para os ouvir.

Quem quiser, como vos pode contactar?
O contacto é sempre efectuado através do nosso grupo no facebook “Santarém Solidário” ou da nossa página de Instagram @santaremsolidario. As pessoas que precisam de ajuda ou pretendem doar alimentos podem-nos contactar através de mensagem privada, não pretendemos que o anonimato de quem doa e quem recebe seja quebrado.

As redes sociais vieram dar uma ajuda neste vosso trabalho?
O nosso trabalho é possível graças às redes sociais, é através delas que gerenciamos todo o grupo, isto é, contactamos com as pessoas, colocamos as fotografias das doações e fazemos pedidos de ajuda que surgem e não temos em “stock”.

Leia também...

“No Reino Unido consegui em três anos o que não consegui em Portugal em 20”

João Hipólito é enfermeiro há quase três décadas, duas delas foram passadas…

O amargo Verão dos nossos amigos de quatro patas

Com a chegada do Verão, os corações humanos aquecem com a promessa…

O Homem antes do Herói: “uma pessoa alegre, bem-disposta, franca e com um enorme sentido de humor”

Natércia recorda Fernando Salgueiro Maia.

“É suposto querermos voltar para Portugal para vivermos assim?”

Nídia Pereira, 27 anos, natural de Alpiarça, é designer gráfica há seis…