Luís Mira, secretário-geral da CAP e director do CNEMA manifesta-se contra uma medida que considera “errada e prejudicial para o território e para os agricultores”.

Em causa está o início do processo de transferência e partilha de atribuições dos serviços periféricos da administração directa e indirecta do Estado para as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional.

Sete organizações da sociedade civil estão contra o início do processo de transferência de competências para as comissões de coordenação e desenvolvimento regional relativas à conservação da natureza, florestas e agricultura.

A posição, subscrita pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) enquanto representante do sector agrícola, visa a resolução do Conselho de Ministros sobre o “início do processo de transferência e partilha de atribuições dos serviços periféricos da administração directa e indirecta do Estado para as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR)”, especialmente no que diz respeito às áreas governativas da conservação da natureza, das florestas e da agricultura.

O secretário-geral da CAP, Luís Mira, defende, citado em comunicado, que a posição conjunta evidencia “uma sintonia da maior relevância” entre organizações de ambiente e agricultura para exprimir “um desacordo transversal” contra uma medida que consideram “errada e prejudicial para o território e para os agricultores”.

Enviada ao primeiro-ministro, António Costa, ao ministro do Ambiente e Acção Climática, Duarte Cordeiro, à ministra da Agricultura e Alimentação, Maria do Céu Antunes, e à ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, a carta dá conta da falta de informação detalhada sobre o processo.

“A decisão preocupa-nos pela ausência de justificação clara, rigorosa, compreensível e pela não-consideração da necessidade de uma discussão transparente e participada com a sociedade civil, e pelas graves consequências que podem daqui vir a decorrer”, lê-se na missiva.

Na área da conservação da natureza e das florestas, a transferência de competências significará, segundo os subscritores, “o enfraquecimento do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF)”, enquanto órgão central responsável pelas políticas de conservação e do seu papel de coordenação da gestão dos activos ambientais.

“Quando as políticas de conservação da natureza são lideradas por um órgão nacional com direcções regionais, tal garante não apenas o alinhamento necessário em todas as áreas do território, mas também um grau desejável de isenção e neutralidade”, defendem.

De acordo com a mesma fonte, ao delegar esta função às CCDR, as políticas de conservação ambiental “passam a ser alvo de pressões e interesses de actores locais”.

Os autores da iniciativa argumentam ainda que as áreas protegidas são nacionais, estando muitas sujeitas também ao cumprimento de obrigações internacionais.

Na agricultura, teme-se “o desmantelamento” do respectivo ministério e “o desaparecimento” das suas valências, com “consequências graves” para os agricultores e para a agricultura familiar: “Ao invés de dotar as direcções regionais do Ministério da Agricultura e Alimentação de recursos humanos e financeiros robustos, capazes de proporcionar uma gestão descentralizada eficiente, a solução que o governo propõe vai na contramão e coloca o mundo rural em risco”.

As organizações apelam ao executivo para rever a decisão e, em conjunto com a sociedade civil, desenvolver acções concretas e imediatas com o único propósito de “conservar e restaurar a natureza”.

A posição é subscrita pela ANP|WWF – Associação Natureza Portugal, pela FAPAS – Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade, pelo GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, pela LPN – Liga para a Protecção da Natureza, pela SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, pela Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza e pela CAP.

Leia também...

Músico dos Santos & Pecadores morre vítima de acidente de trabalho em Tremez

Rui Martins, um dos músicos da banda Santos & Pecadores, morreu na…

Médico detido por abuso sexual de menores

Um homem de 27 anos foi detido esta manhã no Bairro de…

Alterações ao Código da Estrada entram em vigor amanhã com multas agravadas

As alterações ao Código da Estrada aprovadas em Novembro entram na sexta-feira,…

O amargo Verão dos nossos amigos de quatro patas

Com a chegada do Verão, os corações humanos aquecem com a promessa…