O município de Alcanena vai hastear este ano, pela primeira vez, na praia fluvial dos Olhos de Água, a Bandeira Azul, galardão de qualidade ambiental que a autarquia perseguia desde 2022 e que integra um projeto de valorização territorial.
“É um trabalho com três anos, um trabalho de persistência e de dedicação dos nossos colaboradores”, disse hoje à Lusa o presidente da Câmara de Alcanena, no distrito de Santarém, sublinhando que a praia, junto à nascente do rio Alviela, “existe desde 1999, nunca teve Bandeira Azul, e perdeu, inclusivamente a designação de espaço balnear, em 2009”.
Nesse sentido, Rui Anastácio considerou que “havia que recuperar muito trabalho perdido”, o que foi conseguido “com persistência”.
“Temos um plano para aquela praia, que será uma das principais, ou talvez a principal porta de entrada de turistas no parque natural das Serras da Aire e Candeeiros, mas para isso é necessário um trabalho consistente e é isso que nós estamos a fazer, criando um parque de acolhimento dos utilizadores, que já está construído, dando condições àquela praia do ponto de vista do controlo da qualidade da água e da presença de nadadores-salvadores”, declarou.
Mais de 400 praias portuguesas (404) têm este ano Bandeira Azul, mais seis do que no ano passado, com destaque para a entrada de Alcanena e de Cuba na distinção de boa qualidade, autarquias que candidataram pela primeira vez as suas praias ao galardão, anunciou a Associação Bandeira Azul de Ambiente e Educação (ABAAE), em 30 de abril.
Num processo de certificação ambiental que requer análises anuais com resultados positivos à qualidade das águas, a par de outros requisitos, o autarca de Alcanena apontou a um projeto global de investimento no potencial do parque natural das Serras de Aire e Candeeiros e da zona envolvente à praia fluvial dos Olhos de Água.
“Estivemos também a aguardar o novo instrumento de ordenamento do parque natural para percebermos o que é que temos de fazer mais naquele espaço, e a nossa intenção é requalificar também a praia fluvial e concessionar um restaurante com qualidade, transformar o próprio parque de campismo e concessioná-lo, numa lógica de ‘glamping’, qualificando o espaço para que esteja organizado, limpo, e do qual nos possamos orgulhar”, afirmou Rui Anastácio.
Para o autarca, a conquista da Bandeira Azul é “motivo de regozijo”, mas também implica, “sobretudo, muita responsabilidade” na condução e gestão do processo.
“Nós temos de respeitar o ecossistema dos rios, temos de respeitar as nossas margens, hoje há técnicas de renaturalização das margens, e isso foi feito quando nós criámos o passadiço, a própria praia, e o parque de estacionamento”, disse o autarca, para quem “as praias devem ter um ecossistema próprio de um rio”.
Nesse sentido, acrescentou, o objetivo “é também recuperar, com uma nova intervenção, o cordão ripícola, o ecossistema ribeirinho, e transformar aquela praia num local ainda mais aprazível do que ele já é”.
O município de Alcanena, em coordenação com a APA/ARHTO, implementou em 2022 um programa de monitorização da qualidade da água, que culminou, em dezembro de 2024, com o pedido de designação da praia fluvial dos Olhos de Água como água balnear de interior, classificação perdida em 2009.
A recuperação desta designação permitiu, em sequência, a apresentação da candidatura da praia fluvial ao Programa Bandeira Azul.
A nascente do rio Alviela espraia em Alcanena uma zona de águas límpidas, junto ao local onde está o Centro de Ciência Viva – Carsoscópio, e por onde passam os caminhos de Santiago de Compostela e de Fátima.
O nome “Olhos de Água” faz referência aos vários pontos de saída da nascente do Alviela (um permanente e outro, junto ao principal, temporário).