Os municípios de Alcanena e de Torres Novas assinam, no sábado, dois protocolos de colaboração para a criação de um complexo logístico e industrial junto ao nó da A1 com a A23 e para a valorização do olival extensivo.

O presidente da Câmara Municipal de Alcanena (Cidadãos por Alcanena, coligação PSD/CDS/MPT), Rui Anastácio, disse à Lusa que a proposta de colaboração lançada ao concelho vizinho de Torres Novas, liderado por Pedro Ferreira (PS), surgiu da convicção de que é preciso agir rapidamente para travar a perda “absolutamente assustadora” de população num território que está a menos de uma hora da capital do país.

A cerimónia agendada para a manhã de sábado, “Regenerar Alcanena”, inclui, além da assinatura dos dois protocolos com Torres Novas, um outro com a Associação Empresarial da Região de Santarém (Nersant), para a entrada em funcionamento de uma StartUp no Pavilhão Multiúsos, bem como a entrega dos Galardões “Acreditar Alcanena”, concebidos pelo artista plástico João Carvalho, a empresas e empresários do concelho.

A iniciativa resulta de uma “reflexão” da liderança do executivo – que, nas mais recentes autárquicas, retirou a gestão do concelho ao Partido Socialista -, perante a perda de população e de massa crítica, com a saída dos jovens mais qualificados, “a uma velocidade alucinante”, disse Rui Anastácio.

“Nos últimos 10 anos perdemos 10% da nossa população e não estamos propriamente em Freixo de Espada à Cinta, estamos a menos de uma hora de Lisboa, junto ao nó da A1 com a A23 [autoestradas]. Temos uma localização teoricamente privilegiada, mas o que é verdade é que chegamos a ter uma freguesia que perdeu 20% da população, o que é absolutamente assustador e carece de uma acção rápida”, afirmou, lembrando que as previsões para a próxima década apontam para a perda de mais 6% a 7% da população, se não houver fluxos migratórios positivos.

Para o autarca, o “grande desafio” passa pela dinamização da economia e pela criação de emprego qualificado.

Daí os projectos com a Câmara de Torres Novas, como o que visa a criação de infraestruturas e de condições nos terrenos urbanizáveis que ambos os concelhos, no distrito de Santarém, possuem junto do nó da A1 (que liga Lisboa ao Porto) com a A23 (que faz a ligação até à Guarda) para a atração e instalação de novos projectos empresariais, nacionais e internacionais.

Rui Anastácio afirmou que o Plano de Pormenor, que irá permitir reclassificar alguns terrenos actualmente classificados como solo rústico, está em curso, devendo entrar em consulta pública ainda este ano.

“Faz todo o sentido que a promoção deste espaço e a tentativa de angariação de investidores, quer nacionais quer internacionais, possa ser partilhada”, incluindo do ponto de vista dos custos, disse, salientando o facto de Torres Novas ter “prontamente” aceitado um projeto que é “muito importante para os dois concelhos”.

O outro projecto, que constava do programa eleitoral do movimento liderado por Rui Anastácio, designado por “Ouro Líquido”, visa uma área “para a qual não se tem olhado com a devida atenção”, a do olival extensivo, de oliveira galega, que dá um azeite “absolutamente único”, o qual pode ser “valorizado nos mercados internacionais” e está praticamente ao abandono.

Segundo Rui Anastácio, este tipo de olival ocupa 30% do concelho de Alcanena e mais de 20% do concelho de Torres Novas, podendo o projeto vir a abranger outros concelhos da região.

“O grande problema do olival extensivo, que está em fase de abandono, é que o preço a que é pago o azeite não paga a apanha”, disse, dando o exemplo do olivicultor que lhe confessou ir deixar no chão 100 toneladas de azeitonas de oliveiras com 70 e 80 anos.

Os dois municípios vão criar uma equipa cuja função será trabalhar a fileira do azeite, a criação de uma marca, encontrar fontes de financiamento, fazer a promoção internacional e ajudar os agricultores e os lagareiros a organizarem-se.

“A ideia é que as Câmaras depois possam sair, que sirvam de motor e depois que seja a economia a tomar conta deste processo”, declarou.

Na cerimónia de sábado, a Câmara Municipal de Alcanena vai ainda assinar com a Nersant o protocolo em que esta assume a angariação e acompanhamento de projectos de empreendedorismo para a StartUp, que passará a funcionar nos oito gabinetes existentes no Pavilhão Multiusos da vila.

Por outro lado, como forma de valorização e de agradecimento aos empresários que têm contribuído para o desenvolvimento do concelho, o município vai entregar galardões às PME (pequenas e médias empresas) Líder e Excelência e, às maiores empresas exportadoras, uma delas do sector dos curtumes, um Prémio Carreira e outro de Responsabilidade Social.

“Acreditamos que só conseguimos inverter esta sangria da população jovem se tivermos uma economia mais forte, com mais ofertas, mais diferenciadas e altamente qualificadas”, disse o autarca.

O município vai ainda apresentar o regulamento “Acreditar Alcanena”, que esteve em consulta pública e vai ser submetido este mês à Assembleia Municipal, com incentivos fiscais à fixação de pessoas, de famílias e de empresas. O documento cruza-se com a nova estratégia de reabilitação urbana para a colocação de casas no mercado a custos controlados.

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