O fadista António Pelarigo, falecido em Janeiro passado, aos 64 anos, é homenageado na quarta-feira, no Museu do Fado, em Lisboa, com a apresentação do CD/DVD “António Pelarigo ao vivo no Convento de S. Francisco”.
O CD/DVD regista o primeiro espectáculo em nome próprio do fadista, em 40 anos de carreira, que se realizou no dia 23 de Outubro de 2014, no Convento de S. Francisco, em Santarém, no qual participaram José Cid e João Ferreira-Rosa.
Na ocasião, em declarações à agência Lusa, António Pelarigo disse que, para si, era “uma alegria cantar” na sua terra com amigos no palco. “Ferreira-Rosa que é um fadista que admiro e respeito, e José Cid, que produziu o meu novo álbum e é um excelente músico”, disse.
Acompanharam os fadistas os músicos Bruno Mira e José Manuel Neto, na guitarra portuguesa, Alexandre Silva, na viola de fado, Fernando Nani, baixo acústico, João Madeira, nas teclas, e João Batista, na bateria.
“António Pelarigo era um segredo, uma força que não podia já pertencer a poucos. Num mundo de aparências e jogos de espelhos, o seu fado fará sempre falta. Não será preciso gostar de fado para sentir a invasão que a alma e a voz de Pelarigo provocava. O seu timbre estava carregado de vida, de excesso de vida. De alguém que não teve medo de embarcar e acolheu com a mesma força a bonança e a tempestade”, afirma o letrista Nuno Miguel Guedes, num texto que acompanha esta edição.
Ao longo da carreira, Pelarigo, filho de avieiros (gente originária da Vieira de Leiria, que vivia da faina no rio Tejo), privou com variados nomes do fado como Amália Rodrigues, a sua irmã Celeste Rodrigues, João Ferreira-Rosa, João Braga, Jorge Fernando, Carlos Zel, José Pracana, Pedro Lafões, José Eduardo Falcão, entre outros, e recebeu convites para cantar em casas de fado, tanto em Lisboa, como no Porto, como artista residente, “mas, ora por isto, ora por aquilo, não aconteceu”, afirmou em Outubro de 2014, à Lusa.
A discografia de Pelarigo é diminuta, apesar de se ter estreado como fadista aos 20 anos, no Ribatejo: conta uma participação na antologia “O mais triste fado”, ao lado de nomes como Fernanda Maria, Fernando Maurício e António Mourão, um único álbum, “Negro Xaile”, editado em 1995, e a participação numa outra antologia fadista.
Na entrevista que deu à Lusa, António Pelarigo profetizava: “Agora, com este novo trabalho, [o CD que gravou, produzido por José Cid] será uma dedicação a tempo inteiro. Até aqui, tinha um ofício, e o fado, apesar de gostar muito [do convívio, das tertúlias, das fadistices] ficava sempre para depois”.
O intérprete de “Fado Balada” morreu cerca de três anos depois, no passado dia 16 de Janeiro, em Santarém.
O CD/DVD, que é apresentado no Museu do Fado, inclui temas como “É no Silêncio das Coisas”, “Zézito dos Jornais”, “Senhora do Abandono”, “Tem Fé em Nossa Senhora”, em dueto com José Cid, “Marcha dos Desprotegidos da Noite”, entre outros.
Na apresentação no museu, na quarta-feira, às 19h00, participam, entre outros, os fadistas Ana Sofia Varela, Maria João Quadros, Célia Leiria e José da Câmara, além do produtor do álbum, José Cid, e ainda os músicos Bruno Mira e Luís Petisca (guitarra portuguesa), Alexandre Silva e Armando Figueiredo (viola) e Fernando Nani (viola baixo).