Já aqui tive ocasião de referir a diverso tipo de fortalezas que os portugueses construíram nos diferentes territórios do seu Império. Referi na ocasião que para a sua construção eram usados preferencialmente materiais duradouros como pedra. Hoje irei referir a algumas que pela urgência da sua construção ou por inexistência de pedra, partes importantes vinham já talhadas de Portugal. Vejamos 3 desses fortes:

1. Ansioso na descoberta da passagem para o Índico ou na obtenção de notícias sobre o Preste João, o Senhor dos Cristãos nas Etiópias, D. João II não descura as coisas de África: vai ordenar em 1481 a construção de um novo entreposto, o mais célebre de todos, na costa do Gana. Foi baptizado com nome de santo, São Jorge, como foram aliás todos os outros em coerência com o ideal político de dilatar a fé. Tornou-se esta feitoria conhecida como São Jorge da Mina (de ouro) pois visava acima de tudo proteger ainda mais o comércio do‑ouro que enriquecia a coroa real e a classe aristocrática, já com compromissos com a classe burguesa. Em 1481, tudo quanto foi necessário para construir o Castelo de São Jorge da Mina, quer a mão-de-obra especializada como pedreiros, carpinteiros e demais especialistas, quer materiais como pedra trabalhada e numerada, gesso, cal e outros produtos variados foram levados de Portugal, alguns como lastro dos navios. São Jorge da Mina viria a substituir a‑feitoria de Arguim (também ela na costa ocidental africana) em importância militar e económica, passando a assegurar o comércio e impondo pouco a pouco o domínio português na região, visando rendimentos inerentes à plena soberania.

Serão os holandeses que ocuparão São Jorge após 150 anos de domínio português (1).

2. Vasco da Gama, na sua viagem para a Índia em 1497, encontra na costa oriental africana ricos estabelecimentos comerciais suaíli-árabes e tem notícias de Sofala, onde os negócios predominantes eram o do ouro e dos escravos. No seu regresso vai passar por Sofala onde con­firma a riqueza da região em ouro. Em 1505, já conhecedor da debilidade e inconsistência na política local, decidido a impor o monopólio no seu comércio, D. Manuel ordena à frota de Pêro de Anaia a construção de um forte e dado não haver grande inimizade inicial, por acordo tácito instalam-se os portugueses. Assim se constrói o forte de São Caetano de Sofala (depois Capitania de Moçambique), com traça, artí­fices e cantarias lavradas trazidos de Portugal, ­ cando integrada enquanto capitania, no já considerado Estado da Índia. Passou a ser importante feitoria embora monopolizasse com di­ficuldade o ouro do império Monomotapa, por troca com coisas banais como missangas e panos trazidos da Índia. Era demandada pelos navios portugueses, especialmente nas viagens de retorno da Índia (2).

3. Em 1500, na segunda armada à Índia comandada por Pedro Álvares Cabral, ia o navio de Diogo Dias, irmão de Bartolomeu Dias. Perdido, foi dar a uma grande ilha situada próximo da costa oriental africana, a que deu o nome de São Lourenço, porque a descobriu no dia deste Santo. D. Manuel manda no ano seguinte Diogo Lopes de Sequeira à Índia, mas antes deveria este fazer o reconhecimento da costa da Ilha de São Lourenço e estudar as suas potencialidades comerciais.

O interesse dos Portugueses pela exploração dessa ilha, hoje Madagáscar, dependeu da maior ou menor importância que se lhe atribuiu dentro da rota da Carreira da Índia. A partir de 1502 ­fizeram-se diversas viagens à ilha, visando a sua exploração e cristianização, porém nada se sabe da sua colonização, pois as condições eram hostis, dado o facto da a estar repleta de aguerridos reinos indígenas, com destaque para os Sakavalas e os Merina, pese o esforço de muitos sacerdotes jesuítas na sua cristianização.

Em 1613 Paulo Rodrigues da Costa tem notícias que sobreviventes portugueses se haviam ­fixado num local a que deram o nome de Santa Cruz.

Aqui encontrou uma muralha em ruínas com pedras lavradas com as armas de Portugal e elementos cristãos, que pela sua qualidade admite-se terem sido trabalhadas em Portugal e as muralhas levantadas por portugueses.

[1,2,3 – Gr. Enc. Luso-Brasileira, Hist. Portugal dir. D. Peres e Dic. Hist Portugal de J. Serrão]
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