O Correio do Ribatejo solicitou aos deputados da Assembleia da República eleitos na região, nomeadamente Hugo Costa (PS), Fabíola Cardoso (BE), António Filipe (CDU) e Isaura Morais (PSD), uma reacção ao Plano Nacional de Investimentos (PNI) 2030, que deixa a Lezíria de fora das grandes obras e infra-estruturas previstas para a próxima década. Todos são unânimes ao considerarem que esta região merece um olhar mais atento e prometem reivindicar, no parlamento, uma revisão do plano.

Como avalia a ausência no Plano Nacional de Investimentos (PNI 2030) de infra-estruturas há muito reclamadas pelos municípios da Lezíria, como é o caso da variante na Linha do Norte, em Santarém, a conclusão do IC3/A13, e das pontes que atravessam o Sorraia, em Coruche, ou da travessia sobre o Tejo entre os concelhos do Cartaxo e de Salvaterra de Magos (a ponte Rainha D. Amélia)?

Os investimentos referidos são de extrema necessidade para a região e muitos deles estão, infelizmente, com décadas de atraso. O desenvolvimento da região e o combate às assimetrias regionais passa, inevitavelmente, pelo investimento público. Investimento público que deve ser de qualidade e não “diabolizado”, como alguns o fizeram vergonhosamente num passado recente. Sobre estas obras em concreto, importa salientar que têm uma natureza diferente. O IC3 é um imperativo para com uma população que aceitou receber os resíduos perigosos de todo o país. É crucial para a circulação e segurança em toda a região. Assumo mesmo que é uma vergonha esta situação se ter arrastado por décadas, por isso a priorizei na moção da candidatura à Federação do PS. A questão da linha do norte e das barreiras de Santarém representam um investimento central para a modernização da ferrovia, não esquecendo das questões de segurança nas barreiras de Santarém. A ferrovia tem que ser uma prioridade. Em relação à zona de Coruche, há um longo período de tempo que não está nos planos nacionais, sendo que a actual Federação do PS voltou a colocar o tema em cima da mesa. Sobre a Ponte Rainha Dona Amélia a situação é diferente. Está prevista em outros documentos e espero que seja uma realidade. Atendendo ao valor despendido com este investimento, é normal não estar no PNI, como por exemplo não estavam (também na Lezíria) as obras no IC2 em Rio Maior, cujo concurso foi lançado recentemente. Também relembro que no PNI anterior não estava incluída a reabilitação da N361 e da N362, nas zonas de Alcanena e Santarém, e não foi por isso que as obras não arrancaram. Nem todos os investimentos têm que estar nos mesmos planos. Tem é de ser feitos e, no contexto actual vivenciado, existem um conjunto de planos que vão do PNI ao Plano de Recuperação e Resiliência, passando por aqueles que estão previstos nos planos de actividades das Infra-estruturas de Portugal. Sobre essas obras, são prioridades e devemos trabalhar em conjunto para que sejam uma realidade. As pessoas querem é que dos planos se passe à obra, à concretização, no sentido de alcançarem uma melhor e merecida qualidade de vida.

No caso do Médio Tejo, está assumida, no plano, a conclusão do IC9, que liga Nazaré a Ponte de Sor e o Médio Tejo ao Alentejo. Esta intenção não poderá provocar uma assimetria ainda maior nesta região, dividida em duas Comunidades Intermunicipais?

Não faz sentido um discurso divisionista do distrito de Santarém. Esse discurso só nos torna mais fracos nas revindicações junto do poder central. Não é momento para divisões, que apenas contribuem para fragilizar um território que já percepcionou isso mesmo: a união fortalece-nos. Esse investimento no Médio Tejo em nada impede os investimentos na Lezíria. Qualquer discurso que denote falta de unidade sempre foi prejudicial à região. Contem comigo para o combate a esse discurso. Pela minha parte tudo farei para que o território seja cada vez mais unido, coeso e forte. E se calhar é o momento de sublinhar a necessidade de uma nova região. Uma região que una o distrito de Santarém e o Oeste.

Que propostas pondera o seu partido apresentar para melhorar as propostas deste Plano Nacional de Investimentos?

O Partido Socialista já emitiu, através da Federação, um comunicado reivindicando essas soluções. Vamos questionar o Governo sobre a situação. Pedimos uma reunião e ponderaremos iniciativas legislativas sobre o PNI. Estamos ao lado das populações da nossa região. O nosso trabalho é sempre em prol das pessoas e do bem-estar das populações que habitam neste território. O distrito de Santarém merece todo o nosso empenho e dedicação, no sentido de serem encontradas as melhores respostas para cada desafio ou situação a melhorar. Este é um combate para o qual estamos preparados, conhecendo bem a realidade do território uma vez que temos desenvolvido o nosso trabalho sempre numa óptica de muita proximidade.

Recorde-se que, segundo este plano, o Governo planeia investir 21,6 mil milhões de euros nos transportes e na mobilidade. A maior fatia deste investimento para o sector da ferrovia com 10.510 milhões de euros, englobados em 16 programas, sendo que o grande destaque vai para a nova linha de alta velocidade que vai permitir ligar Lisboa ao Porto em 1h15 minutos.

O investimento nesta nova linha será de 4.500 milhões de euros, estando previstos 900 milhões de euros para a primeira fase que vai ligar a nova linha do Porto a Vigo.

Para o sector rodoviário o maior investimento será feito no programa de segurança rodoviária, renovação e reabilitação, reduzindo o ruído e fazendo a adaptação para as alterações climáticas, com 530 milhões de euros.

No panorama aeroportuário serão investidos mil milhões de euros para a expansão aeroportuária da região de Lisboa.

Por último, o sector marítimo-portuário irá ver investimentos significativos serem realizados nos portos de Sines (940 milhões de euros), Leixões (379 milhões) e Lisboa (265 milhões).

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