As autoridades de saúde pediram aos autarcas de Abrantes e Sardoal para intercederem junto dos padres da região para que adiem o regresso das celebrações religiosas em torno da aldeia de Carvalhal (Abrantes), com 16 casos positivos de covid-19.
“Já fiz o pedido, a igreja tem sido uma parceira, a exemplo do que se passou no 13 de Maio em Fátima, e vamos ver se conseguimos que as missas nesses locais decorram um pouco mais tarde”, disse à Lusa a Delegada de Saúde Pública do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Médio Tejo, Maria dos Anjos Esperança.
Um “pequeno surto” de covid-19 foi detectado num lar em Carvalhal no dia 22 de maio e infectou um total de 16 pessoas (15 pessoas do lar e um habitante da aldeia), tendo aquela instituição sido evacuada no domingo e os utentes internados na unidade hospitalar de Abrantes, do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT).
Nesse sentido, a delegada de saúde apelou à Igreja para que “colabore no sentido de se dar início às celebrações, pelo menos nos locais próximos daquela localidade, não agora, mas dentro de, pelo menos, 15 dias”, lembrado que “o período de incubação da doença é de 2 a 14 dias” e que, “com a sensibilização de todos, se podem evitar novos casos de doença”.
O objectivo é evitar a concentração de pessoas e ajudar a prevenir e a travar a propagação do vírus.
Quanto ao surto no lar em Carvalhal, Maria dos Anjos Esperança disse que está em curso a “investigação necessária para circunscrever o mais possível o aparecimento de novos casos”.~
A delegada de saúde lembrou ser “um dever de todos respeitar e pôr em prática todas as medidas tendentes a mitigar o contágio”.
Afirmando que “o sucesso das medidas preconizadas depende dos cidadãos”, a responsável defendeu que, “nesta altura, deve-se “evitar todas as manifestações que possam gerar um aglomerado de pessoas” por ser “difícil manter um afastamento de, pelo menos, dois metros” entre os cidadãos.
O distanciamento entre os participantes e o uso de materiais de protecção vão ser os sinais mais visíveis nos templos e lugares de culto, sendo comuns a todas as celebrações religiosas, segundo as medidas de protecção estipuladas pela Direção-Geral da Saúde (DGS), tendo a Delegada de Saúde.
Cada confissão tem ainda de adaptar os seus rituais específicos às novas regras, com o objectivo de tentar fornecer a maior segurança possível a todos os envolvidos nas cerimónias.
Contactado pela Lusa, o pároco Adelino Cardoso, arcipreste de Abrantes, disse que o pedido foi atendido e as missas naquelas aldeias vão ser adiadas ou realizadas ao ar livre.
“É por um bem maior, que é a saúde das pessoas, e as celebrações religiosas em Carvalhal e nas aldeias próximas ou vão ser adiadas por 15 dias ou serão realizadas ao ar livre”, disse o religioso.
Em Portugal, morreram 1.383 pessoas das 31.946 confirmadas como infectadas, e há 18.911 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.