A exposição “Ilda Reis: outro mundo”, que abre a celebração do centenário do nascimento da artista, vai ser inaugurada terça-feira, na antiga escola primária da Azinhaga, aldeia do concelho da Golegã.
A exposição, com a curadoria de Ana Matos, apresenta algumas das mais emblemáticas gravuras de Ilda Reis, mostrando também parte do processo de trabalho de “um dos nomes incontornáveis da gravura portuguesa contemporânea”, afirma uma nota do Programa da Imagem e da Palavra da Azinhaga (PIPA).
A inauguração, agendada para as 18:30 de terça-feira, 23 de maio, vai acontecer na sede do PIPA, a antiga escola primária da Azinhaga, onde está instalada a delegação da Fundação José Saramago, ficando patente até ao próximo dia 27 de agosto.
A exposição, a primeira de várias que acontecerão este ano por todo o país a propósito do centenário do nascimento da artista plástica, “assinala o regresso de Ilda Reis à aldeia por onde passou muitos verões”, afirma o PIPA.
“Ao longo de quase 30 anos de atividade artística, Ilda Reis produziu aproximadamente uma centena de gravuras e serigrafias, tornando-se uma figura incontornável no panorama da Arte do Gravado em Portugal”, salienta.
A exposição é constituída por um núcleo de 13 obras, entre desenhos, gravuras em metal e madeira e serigrafias, destacando a organização a presença de “duas das mais icónicas gravuras da artista, ‘Ghetto’ e ‘Sinfonia’”.
A exposição está organizada cronologicamente, sendo o visitante a decidir se começa pelo fim ou pelo início, afirma o texto de sala, assinado por Ana Matos.
Para o crítico de arte Fernando de Azevedo, estudioso da obra de Ilda Reis, nenhuma gravura da artista “alguma vez deixou de ter esse empenho que exterioriza e interioriza essa força ‘incontível’ que é por um lado o esforço e jeito do braço, (…) e, por outro, a força do espírito que é outra força ainda maior. Não existe arte da gravura possível sem o concerto destas duas forças de que o papel, a prova, nem sempre testemunha a dimensão reconhecível”, cita o texto.
O PIPA recorda que Ilda Reis nasceu no dia 01 de janeiro de 1923, em Lisboa onde viria a falecer em 1998, tendo o seu percurso artístico começado na Escola de Artes Decorativas de António Arroio, interrompido para se dedicar à sua profissão como datilógrafa da CP até ao ano de 1965.
“Nesse ano, com a idade de 42 anos a artista ‘abandona o emprego seguro’ e regressa ao mundo das artes e dos seus estudos artísticos inscrevendo-se num curso de pintura e desenho na Sociedade Nacional de Belas Artes”, salienta.
Ilda Reis estudou gravura e serigrafia na Gravura – Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses, espaço por onde passaram Júlio Pomar, Alice Jorge, Manuela Pinheiro, Emília Nadal e Sérgio Pombo e onde orientou alguns cursos, afirma a breve nota biográfica.
A artista foi membro da direção da Gravura, em 1971/72, e do Conselho Técnico, em 1972/73, e bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, em 1971/72 e 1979/80.
A obra gravada de Ilda Reis encontra-se em depósito na Biblioteca Nacional, em Lisboa, acrescenta.
O PIPA, iniciativa da Associação Isto não é um Cachimbo, desenvolve atividades ligadas às Artes Visuais e à Palavra, numa “abordagem interdisciplinar e transversal, colocando em diálogo a Literatura e as práticas da Arte Contemporânea”.
“Um lugar de partilha e interação entre artistas, escritores, poetas, músicos e outros criadores e agentes culturais, criando relações com a comunidade e cultura locais”, afirma a nota.
A associação Isto não é um Cachimbo dedica-se à “produção, promoção e divulgação de atividades artísticas e culturais, captação e sensibilização dos públicos com enfoque na arte contemporânea”.
A associação organizou, durante 10 anos, o “Bairro das Artes — A rentrée cultural da Sétima Colina de Lisboa” e organiza, desde 2016, o “MAPA DAS ARTES — o mapa de Arte Contemporânea de Lisboa”, acrescenta.