Batista Fernandes, um ator que se destacou pelo entendimento, atitude, excelência física e boa aparência, foi um verdadeiro galã. Um homem que venerava a quietude do seu (quase) anonimato público, nunca procurou ser uma figura mediática. O seu porte elegante, a sua voz de timbre único, proporciona ao espectador a sua célere identificação, sempre que revemos Baptista Fernandes, em alguma novela, série ou peça teatral. Artista dedicado, rigoroso e cordial, com uma postura irrepreensível mesmo em situações adversas quando primou pela ética e verdade. Baptista Fernandes, foi um ator cuja carreira atravessou várias décadas da história teatral, televisiva e cinematográfica do nosso país.
O ator Baptista Fernandes nasceu no dia 22 de Novembro de 1930, em Vila do Conde. Desde cedo demonstrou interesse pela representação e, envolveu-se em atividades de teatro, participando tanto em produções amadoras, como profissionais. Esta ligação ao palco marcou intimamente o seu percurso, e formou a base do estilo rigoroso e sóbrio, que viria a caracterizá-lo ao longo da vida.
Iniciou a sua carreira no Teatro Experimental do Porto e, mais tarde, fixou residência em Lisboa, onde integrou diversas companhias teatrais, como no Teatro Municipal de São Luíz. A sua presença no Teatro foi constante, mas foi no Cinema que alcançou alguns dos papéis mais conhecidos. Em 1958 interpretou a personagem “Armando” no filme “A Costureirinha da Sé”, participação que o destacou num período em que o Cinema Português procurava novos rostos e abordagens. Na década seguinte, assumiu o papel de “Rui Forte” em “Sete Balas para Selma” um dos seus trabalhos mais recordados pelo público. Em 1977 integrou o elenco de “A Santa Aliança”, realizado por Eduardo Geada, fortalecendo a sua fama como ator multifacetado e capaz de conceder profundidade a personagens de forte carga dramática, em 1979 participou no filme “ O Conde Monte Cristo”, uma produção francesa, gravado em Portugal. Um dos seus últimos grandes desempenhos ocorreu em 1995, quando interpretou o “Marquês da Ericeira” em “O Judeu”, filme que o aproximou de uma nova geração de espetadores.
Todavia, Batista Fernandes ficaria (re)conhecido do grande público pelos trabalhos realizados em Televisão, nomeadamente nas novelas “Vila Faia” onde interpretou o enigmático “Eurico Laskaris”, em “Origens”, foi o “Dr. Bruno”, e na novela “Chuva na Areia” desempenhou o papel de “Vítor Costa”, gerente de uma agência bancária. A série “Homens da Segurança” de 1988, também o trouxe para junto do grande público, como o diretor do hotel, na Península de Troia, “Tomás Mendonça”. Não obstante, o Teatro foi a sua vida tendo o percurso deste MEMORÁVEL ator, sido vastíssimo. Experienciou a vida com uma postura e classe distinta, amou e valorizou a vida do palco com veemência e empenho. Fez parte de uma geração de atores grandiosos que viram as suas carreiras serem dinamizadas pelo advento da Televisão, mas o seu âmago, foi o palco.
Ao longo da sua carreira, Baptista Fernandes foi descrito pelos colegas como um profissional exemplar: pontual, dedicado, exigente consigo próprio, e verdadeiramente respeitador do trabalho coletivo. Conquanto nunca tenha procurado ser uma figura mediática, conquistou admiração pela veracidade das suas interpretações, e pela forma como construía cada personagem, laborando sempre com minúcia e verdade emotiva. Faleceu em Setembro de 1996, deixando um legado discreto, contudo, sólido no panorama cultural português. O seu tributo permanece vivo na memória de quem acompanhou a sua carreira, e de todos aqueles que reconhecem a importância dos atores cuja dedicação silenciosa sustenta a riqueza do Teatro, da Televisão e do Cinema nacionais, sem dúvida “é na arte que o homem se ultrapassa definitivamente”!
