Amanha, dia 28 de Outubro, decorrerá no Auditório Municipal da Barquinha o IV Encontro de Cultura Popular do Ribatejo, numa iniciativa do Fórum Ribatejo em parceria com o Município de Vila Nova da Barquinha.
Esta iniciativa tem sido realizada regularmente, com uma periodicidade bienal e com reconhecido sucesso, tanto pela qualidade das comunicações apresentadas como pela pertinência das intervenções dos participantes em sede de colóquio.
Acresce sublinhar a mais-valia que tem constituído a publicação das actas de todos os Encontros, o que contribui sobremaneira para o enriquecimento da bibliografia sobre o tema da etnografia e do folclore ribatejanos.
No âmbito deste Encontro tem lugar igualmente a IV Mostra de Publicações sobre a Cultura Ribatejana, com a maioria dos livros a serem cedidos para o efeito, numa tentativa de sensibilizar os interessados para a existência de interessantes obras sobre o tema, mas do mesmo modo haverá alguns livros para venda por parte dos seus autores, a preços mais amigos dos interessados.
Na abertura dos trabalhos proceder-se-á à apresentação do Livro de Actas do III Encontro de Cultura Popular do Ribatejo, momento em que usarão a palavra o presidente do Município da Barquinha, Dr. Fernando Freire, e o Coordenador do Fórum Ribatejo, Doutor Aurélio Lopes, que sucintamente farão referência aos textos apresentados nesta obra.
Depois do sucesso do III Encontro da Cultura Popular do Ribatejo, que ocorreu em 2021 e foi pautado pela apresentação de comunicações subordinadas à cultura imaterial do Ribatejo, surge agora outro ângulo de observação da mesma região: território, gentes e cultura. A materialidade que reconhece e recria a imagem ribatejana preservando a identidade regional. O que é, ou deveria ser, uma tarefa de todos os tempos. Este tempo é nossa pertença.
Num tempo em que assistimos à descaracterização e desvalorização do Ribatejo institucional, o Fórum Ribatejo defende que o Ribatejo – tanto na vertente cultural, como na vertente administrativa – continua a fazer sentido, embora a Administração Central não lhe reconheça a unidade nem forma. Por isso o Fórum tem vindo a desenvolver um conjunto de acções com vista a aprofundar o conhecimento e a estimular a investigação sobre quem somos e como somos. Entre essas acções, merece hoje particular atenção o IV Encontro de Cultura Popular do Ribatejo. Não há Cultura sem cultura popular, não há povo que viva sem uma cultura que dê forma a essa vida.
Ao contrário de outras regiões, como são bom exemplo o Alentejo, o Algarve e o Minho, o Ribatejo tem sido desqualificado em termos estratégicos, valendo hoje pouco mais do que uma mera referência cultural e, eventualmente, identitária, seja lá isso o que for.
Olhar com interesse e rigor para essa cultura popular é o principal objectivo deste projecto desenvolvido pelo Fórum Ribatejo de mãos dadas com a Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha. À semelhança das edições anteriores, prevê-se que o Encontro que agora se concretiza, venha a reunir um conjunto diverso de pessoas dedicadas justamente à cultura popular do Ribatejo, na vertente Material, posto que esse é o tema principal desta edição, que é aberta a todos os interessados.
Muitas vezes se fala em falta de sensibilização ou de formação dos potenciais interessados neste tipo de iniciativas, mas o que é facto é que na sua grande maioria os agentes culturais devotados a esta temática têm primado pela ausência. Será que já sabem tudo? Será que não reconhecem interesse nos estudos e pesquisas que aqui são partilhados com toda a comunidade?
Ou será que para dirigir e orientar tecnicamente um grupo de folclore não é conveniente saber mais?
Cada um encontrará as respostas que melhor lhes convier, mas do que não tenho quaisquer dúvidas é de que a ignorância e o desconhecimento nunca fizeram bem aninguém. Mas, como nos ensina o Povo na sua provecta sabedoria, “quem pensa que sabe tudo, nem com Deus aprende!”
Ludgero Mendes