Com o mote “Viver a Diversidade” nos 50 anos do 25 de Abril, o festival Bons Sons regressa à aldeia de Cem Soldos, Tomar, entre quinta-feira e domingo, com um largo renovado, “novos desafios” e mais de 50 concertos.

“Estamos a preparar-nos para receber as pessoas que vêm ao festival, as vendas estão a correr bastante bem, estamos a preparar todo o recinto, e há, de facto, desafios novos porque há aqui uma requalificação do largo que aconteceu em 2023 e isso também traz mais expectativa e implica algumas mudanças que vão ser visíveis quando as pessoas chegarem”, disse hoje à agência Lusa Miguel Atalaia, diretor artístico do Bons Sons, evento que assinala este ano 12 edições e 18 anos de festival, juntando, nesta edição, à máxima “Vem viver a aldeia” o mote “Viver a diversidade”.

Por estes dias, os habitantes de Cem Soldos, no distrito de Santarém, em conjunto com grupos de voluntários, estão a transformar o local numa ‘aldeia-festival’, e “começam a surgir mais nítidas as cores, as formas, as fachadas e os palcos” numa aldeia que “está ainda mais preparada” para acolher os visitantes, numa edição que está a gerar “expectativa” e regista “bom ritmo” na venda de bilhetes, sendo a afluência limitada a 35 mil pessoas nos quatro dias.

“Acho que as pessoas, depois de um ano de paragem forçada pelas obras, também têm expectativa de reconhecer, de perceber o que é que mudou e o que é que se mantém dentro do festival Bons Sons, sendo que a música portuguesa tem a sua presença fundamental neste Bons Sons deste ano, evidentemente”, disse Atalaia, tendo apontado a “50 concertos com nomes incontornáveis da música, mas também muitas descobertas”, num “conjunto muito alargado e diversificado”.

Das 50 bandas portuguesas que vão actuar no Bons Sons constam nomes como os de Gisela João, Valete, Club Macumba, Adiafa, Estilhaços, The Legendary Tigerman e Ana Lua Caiano, entre muitos outros, num cartaz que representa um investimento global na ordem dos 700 mil euros e que engloba “atividades paralelas à música” e propostas diferenciadoras em festival, como sejam dois espectáculos de dança, em parceria com a associação Materiais Diversos, e um concerto teatral do Teatro Nacional Dona Maria II, a abrir o evento.

“Sim, é verdade. Há um espetáculo de abertura, o ‘Quis saber quem sou’, que é um concerto teatral trazido pelo Dona Maria II, com encenação de Pedro Penim, um espetáculo que vai ser pela primeira vez apresentado em festival. Estamos a preparar-nos para esse grande momento. À parte disso, há outras intervenções no recinto, como um manifesto a ser construído, com palavra, muito ligada a esta questão do 25 de Abril”, destacou.

Uma forma de “ir descobrindo o recinto”, renovado e com novos palcos, em torno da ideia de festa e de liberdade.

“Acho que a imagem gráfica do festival deste ano também traduz bastante bem essa ideia da festa, da comemoração do 25 de Abril, dos 50 anos, desta vida que é importante celebrar e que os valores de Abril sejam resgatados e vividos na sua plenitude”, afirmou Miguel Atalaia.

“O tema deste ano é viver a diversidade, acho que o 25 de Abril também permitiu esta descoberta por aquilo que é diferente, este direito que as pessoas têm de descobrir novos territórios nesta área da música, com uma componente estilística muito determinante”, vincou.

Para Miguel Atalaia, “uma comunidade mais capaz não é um lugar onde as pessoas são todas iguais, nem onde se pensa de uma só forma e, em Cem Soldos valoriza-se a diferença e a oportunidade que o diferente traz. Vivemos a diversidade, vivemos a aldeia, não deixando de lado a celebração dos 50 anos do 25 de Abril, que tão bem representa esta ideia, porque liberdade também é diversidade”, declarou.

“Aquilo que eu sinto que as pessoas vão descobrir é, de facto, um novo recinto, mais cuidado, mais preparado para acolher as pessoas e espero que isso também se reflita depois na vivência da aldeia”, perspectivou.

Organizado desde 2006 pelo Sport Clube Operário de Cem Soldos (SCOCS), o Bons Sons manteve-se bienal até 2014, passando depois a realizar-se anualmente, “mantendo uma programação exclusiva da música portuguesa, completamente aculturada e diversa, como é o nosso hábito”, sublinhou o diretor artístico do evento.

A aldeia de Cem Soldos é fechada e o seu perímetro delimita o recinto que acolhe nove palcos integrados nas ruas, praças, largos, auditório, igreja e até em garagens e lagares.

Leia também...

Lisboa, Setúbal e Santarém entre os distritos em alerta amarelo devido ao frio

Lisboa, Setúbal e Santarém estão entre os seis distritos de Portugal continental já em aviso amarelo devido ao tempo frio, anunciou na segunda-feira à…

Diocese desconhecia uso da igreja de São Sebastião para concerto de Festival Bons Sons

O espectáculo na Igreja de São Sebastião, em Cem Soldos, inserido no Festival Bons Sons, está a causar polémica. Bispo afirma não ter tido…

Escolas de Santarém recolheram mais de 11 toneladas de pilhas, lâmpadas e equipamentos eléctricos usados

As 10 escolas do distrito de Santarém que participaram activamente na 12ª edição da “Escola Electrão” recolheram, no total, mais de 11 toneladas de…

Associação Salvador lança projecto inovador de sensibilização e angariação de fundos em Santarém

A Associação Salvador e a Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão com Deficiência Mental de Santarém (APPACDM de Santarém), com o apoio…