Uma delegação do sindicato dos trabalhadores dos correios transmitiu hoje ao presidente da Câmara de Santarém a preocupação com a existência de “milhares de correspondências” por entregar, acusando os CTT de ausência de resposta à exigência de mais carteiros.
Os trabalhadores do centro de distribuição de correio, que serve os concelhos de Santarém, Almeirim e Alpiarça, concentraram-se em frente aos Paços do Concelho de Santarém assinalando o final da primeira fase de um protesto iniciado no passado dia 17 e que passou pela paralisação durante duas horas diárias, entre as 08h30 e as 10h30.
Dina Serrenho, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), disse que no centro de distribuição de correio de Santarém, Almeirim e Alpiarça, estão 12 carteiros em falta para assegurar o cumprimento do serviço e na quinta-feira vai ser decidido “o que fazer a seguir”.
“O correio continua encaixotado. Estamos preocupados porque há milhares de correspondências para entregar, mas não temos outra hipótese”, afirmou Dina Serrenho, para quem a forma de luta adoptada pelos carteiros foi “uma maneira de chamar a atenção” da população e dos autarcas, que também “têm uma quota parte de responsabilidade no que diz respeito à qualidade de serviço que não está a ser cumprida”.
Segundo a sindicalista, esta forma de protesto está a “custar muito” aos trabalhadores, não só financeiramente, pelo que recebem a menos no final do mês, mas também “no aspecto psicológico”, dada a “pressão, quer da população, como do facto de [se] ter encaixotado milhares de correspondências” que queriam estar a colocar na rua.
Dina Serrenho afirmou que os pouco mais de 30 carteiros deste centro de distribuição – cerca de metade dos existentes “há três ou quatro anos” – são confrontados com giros cada vez maiores, e explicou que uma resposta imediata exigiria a substituição dos sete trabalhadores “ausentes já há muito tempo” e dos postos de trabalho que ficaram vagos por morte ou reforma e que nunca foram ocupados.
Sobre a explicação dada pela empresa, que alegou dificuldades na contratação de trabalhadores, a sindicalista afirmou que isso só acontece porque “não lhes são dadas condições”.
“Esta empresa neste momento está a roçar a precariedade. Todo o trabalhador que para aqui vem é precário. Inclusivamente temos trabalhadores que têm contratos à semana porque a empresa não se digna a fazer contratos e recorre a trabalho externo, a prestadores de serviços”, declarou.
Dina Serrenho afirmou que o sindicato recebeu já a solidariedade dos presidentes das Câmara Municipais de Almeirim, Pedro Ribeiro (PS), e de Alpiarça, Mário Pereira (CDU), tendo o presidente do município escalabitano, Ricardo Gonçalves (PSD), declarado hoje igualmente preocupação em relação à situação vivida neste centro de distribuição.
“É importante que também as autarquias se envolvam no processo e exijam à empresa que cumpra aquilo que está estipulado no contrato, que é cumprir qualidade de serviço a todos os cidadãos, o que neste momento não está a acontecer”, afirmou.
Dina Serrenho referiu o papel “essencial” dos carteiros durante a pandemia da covid-19, assegurando diariamente a entrega de correspondência e de todo o tipo de encomendas, sem que a empresa dirigisse “uma palavra de reconhecimento”.
O secretário-geral do SNTCT, Vítor Narciso, presente no protesto, disse à Lusa que a situação vivida em Santarém é o “espelho do que se passa em todo o país ao nível da distribuição e do atendimento, com a diminuição de trabalhadores e da qualidade do serviço”.
Vítor Narciso estimou em “900 a 1.000” os carteiros em falta a nível nacional, acusando a empresa que “não querer fazer um esforço” para contratar, já que o pagamento do salário mínimo nacional a pessoas que trabalham “ao sol e à chuva” não é atractivo.
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