Tem sido bastante interessante ver a evolução dos Vinhos do Tejo, cada vez com mais qualidade e consistência. Notória é também a aposta que os produtores, em parceria com a Comissão Vitivinícola Regional do Tejo, têm feito na Fernão Pires, a casta branca mais expressiva da região.

Estamos em tempo de apresentar novas colheitas, na sua maioria já resultantes da vindima de 2019, mas os vinhos que vos trazemos nesta página são estreias absolutas e, em comum, têm o facto de privilegiar a casta Fernão Pires, dois deles são mesmo monocastas.

Quinta S. João Batista Grande Reserva branco 2018 (ENOPORT) • DOC do Tejo
Castas: 40% Fernão Pires, 30% Chardonnay e 30% Sauvignon Blanc
Álc.: 13,50% • Acidez Total: 6,00 g/l • Açúcar Residual: n.d. • pH: 3,33
PVP: €24,90
Onde comprar: Loja Online Enoport, Garrafeira Enopoint em Bucelas, Brevemente na Garrafeira Nacional

Um branco de lote, em que à Fernão Pires (40%) se juntam duas castas internacionais, a Chardonnay (30%) e a Sauvignon Blanc (30%), em que o estágio é feito em barricas de carvalho francês, durante um ano. De cor dourada intensa, apresenta um aroma complexo e intenso, a lembrar frutos secos torrados, como amêndoa e avelã. O volume de boca é macio e tem uma acidez equilibrada, sendo o final prolongado. Acompanha bem peixes gordos assados no forno e queijos fortes.

A.C.A. Fernão Pires branco 2018 (Adega de Almeirim) • DOC do Tejo
Castas: 100% Fernão Pires
Álc.: 12,50% • Acidez Total: 5,75 g/l • Açúcar Residual: 1,3 g/l • pH: n.d.
PVP: €12,00
Onde comprar: loja da Adega e no site www.adegaalmeirim.pt<http://www.adegaalmeirim.pt>

Um 100% Fernão Pires lançado no final de 2019, mas que é a primeira colheita desta referência, uma aposta diferenciadora da Adega de Almeirim, feita com uvas de uma vinha velha da Charneca ribatejana, implementada em solos pobres de natureza arenosa. Uma cuidada fermentação, em barricas de carvalho francês e temperatura controlada, e uma “batonnage” sobre borras finas durante 45 dias, deu origem a este branco de cor citrina, aromas de frutos de polpa branca e notas de flor de laranjeira. Na boca, revela um excelente equilíbrio com acidez fina e crepitante, mostrando-se longevo e com notas complexas no final de boca. Bastante versátil, é um bom acompanhamento para queijos de pasta mole, peixes no forno condimentados, bacalhau com natas e nossa famosa sopa da pedra.

Dona Isabel Juliana branco 2018 (Quinta da Lagoalva) • IG Tejo – ESTREIA
Castas: 35% Fernão Pires, 33% Viosinho e 32% Alvarinho
Álc.: 12% • Acidez Total: 5,72 g/l • Açúcar Residual: 1,7 g/l • pH: 3,38
PVP: €40,00

Onde comprar: directamente ao produtor, através de encomendas@lagoalva.pt<mailto:encomendas@lagoalva.pt>, na loja do produtor, em Alpiarça (rotunda dos Patudos) e em garrafeiras

Depois do tinto, é a vez da Quinta da Lagoalva lançar o seu topo de gama em branco, o ‘Dona Isabel Juliana’, um blend de Fernão Pires (35%), Viosinho (33%) e Alvarinho (32%), vinificadas em separado. O mosto fermenta em barricas de carvalho francês, de 500 litros. Também o estágio é feito em madeira, durante 10 meses, com bâttonage semanal durante dois. Com uma cor amarelo pálido e aroma complexo a fruta branca, tem notas de pêra e aroma mineral associadas à elegância da baunilha proveniente da madeira. Na boca é gordo, fresco e equilibrado. Servi a 12.º C com carnes grelhadas, peixes, marisco ou queijos de pasta mole.

Quinta da Lapa Fernão Pirão branco 2019 (Agrovia) • DOC do Tejo – ESTREIA
Castas: 100% Fernão Pires
Álc.: 13,00% • Acidez Total: 4,74 g/l • Açúcar Residual: 1,0 g/l • pH: 3,43
PVP: 8,60€
Onde comprar: on-line em Viva o Vinho Shop e Adegga Marketplace

Feito apenas com Fernão Pires, este é um branco ainda mais particular, porque é um Fernão Pirão, um vinho histórico da nossa região, possuindo características muito particulares que resultam do facto de as uvas brancas e sobre-maduras serem vinificadas com curtimenta a temperaturas elevadas, o que lhe confere um perfil aromático de complexidade singular. Este vinho insere-se numa nova gama de vinhos produzidos pela Quinta da Lapa, que revisita as práticas tradicionais e as castas históricas da região Tejo. Há quem sugira que o Fernão Pires é um “vinho laranja” português, que surgiu muito antes deste perfil de vinhos se ter tornado uma moda. Como se diz nas “Fazendas”, onde tem origem, trata-se de “um branco que se bebe como um tinto”.  De cor palha dourada com laivos acastanhado, tem aroma a melão e fruta de caroço, notas complexas de oxidação, resultantes da vinificação. A entrada em boca é marcante, revelando volume e corpo, de novo com notas complexas de evolução com laivos terpénicos e o característico melado ou “torradinho” do Fernão Pirão. Pelo seu palato intenso e complexo, pelo seu volume de boca e estrutura, este Fernão Pirão é muito versátil, gerando harmonizações perfeitas com mariscos grelhados, polvo assado, pratos com açafrão, arrozes de forno, receitas asiáticas especiadas com caril, satay ou pimenta de Sichuan, com queijos curados e de sabores fortes, enchidos intensos, peixes fumados e de salmoura. Sobretudo, pela sua originalidade, este vinho desafia-nos a descobrir conjugações ousadas com os ingredientes mais improváveis.

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