A Federação Portuguesa de Natação (FPN) decidiu retirar do Centro de Alto Rendimento de Rio Maior, o projecto de formação, anunciou aquele organismo, mas “continuará a investir” naquela infra-estrutura.

O presidente da Federação Portuguesa de Natação (FPN), Miguel Arrobas, admitiu a 30 de Julho que a interrupção do programa de nadadores-residentes em Rio Maior surgiu devido a uma racionalização estratégica dos recursos do organismo.

A 29 de Julho, terça-feira, a FPN anunciou que, “na relação com o CAR da Natação de Rio Maior, decidiu não dar continuidade, para já e apenas, ao projecto de formação da natação, com nadadores-residentes”, com Miguel Arrobas a afirmar que “a decisão não se resumiu a uma questão financeira, mas sim a uma racionalização estratégica dos recursos da FPN”.

“A gestão eficiente dos meios disponíveis é uma prioridade, mas o critério principal foi assegurar que os investimentos estão alinhados com centros que apresentem estabilidade, atractividade e perspectivas claras de crescimento desportivo. O objectivo é garantir que os atletas tenham acesso às melhores condições possíveis para a sua progressão no alto rendimento. E, para isso, é necessária uma reflexão a vários níveis, desde logo com os vários parceiros institucionais”, assumiu.

É uma opção da federação

A Desmor, empresa que gere o Rio Maior Sports Center, já reagiu à decisão federativa que diz ser uma opção de gestão da Federação Portuguesa de Natação (FPN) a não continuidade do programa de nadadores-residentes no Centro de Alto Rendimento.

O presidente da Desmor, Miguel Pacheco, salientou que “o que está em causa é uma opção de não dar continuidade ao projecto de formação com nadadores-residentes, não é a questão da formação na sua globalidade”.

Reconhecendo que era “importante continuar a ter” os atletas residentes, Miguel Pacheco garante que a Desmor queria “continuar com todas as vertentes que a federação tem”, mas que “há uma opção da federação”, que respeitam, “de fazer um maior investimento numas vertentes em Rio Maior do que noutras”.

“Nós vamos ter agora em Agosto o maior evento que alguma vez se realizou em Rio Maior através da Federação Portuguesa de Natação. É o campeonato europeu de sub-18 masculino de polo aquático. Vai trazer cerca de 300 atletas a Rio Maior. É o maior evento que alguma vez se fez em Rio Maior e é um evento da federação, portanto, a federação fez aqui um ajustamento das suas prioridades”, afirmou.

O responsável, que considera que esta “não é uma situação que seja positiva”, salienta que a relação com a FPN se mantém intacta e que não há qualquer mudança, com excepção da relacionada com os atletas-residentes.

“É difícil, do meu ponto de vista, que se transfiram para um dos outros [centros de alto rendimento], porque o modelo de funcionamento integrado que temos em Rio Maior tem características únicas, ou seja, com alojamento, com restauração, piscina olímpica, com a unidade de apoio ao rendimento na escola, tudo à distância a pé. Os jovens estavam aqui a frequentar a escola secundária, que é a 100 metros do complexo. Esse enquadramento é um enquadramento que não existe nos outros locais onde existem outras piscinas olímpicas. Portanto, não vejo que haja aqui uma lógica de substituição”, afirmou.

Miguel Pacheco acredita que “há eixos que estão a ser reforçados, como o próprio comunicado da federação diz”, como a questão dos estágios, dos eventos.

“Neste eixo em concreto, dos nadadores-residentes, a federação entende que, neste momento, não é oportuno que ele possa continuar. Aliás, o próprio comunicado diz ‘para já’. Nem sequer é uma questão definitiva”, assumiu.

Europeus sub-18 de polo aquático, de 18 a 24 de Agosto, em Rio Maior

O presidente da Federação Portuguesa de Natação (FPN), Miguel Arrobas, admitiu que foi feita uma “análise objectiva da evolução do projecto”, lembrando que, na última época, “apenas nove nadadores integravam este centro, dos quais cinco abandonaram antes do final”.

“A federação optou por concentrar o investimento no Jamor e Coimbra, onde as condições técnicas e logísticas são mais robustas e com forte apoio institucional. O número de nadadores no Jamor irá duplicar já na próxima época, passando de cinco para 10 atletas, assim como aumentar significativamente em Coimbra. Ou seja, mesmo com a suspensão de Rio Maior, o número total de nadadores integrados em centros da FPN aumenta significativamente, o que representa uma aposta clara no reforço da estrutura de alto rendimento nacional”, assumiu.

O líder federativo garantiu que a FPN “está a acompanhar individualmente cada nadador que integrava o programa de residentes em Rio Maior, que tenha condições de integração no CAR Jamor e CAR de Coimbra, em articulação com os treinadores e respectivas famílias, para garantir a continuidade dos seus percursos desportivos de forma estável e sustentada”, estando já assegurada a integração de alguns desses nadadores.

“A reactivação do programa de residentes em Rio Maior continua a ser uma possibilidade no futuro, desde que estejam reunidas condições claras e sustentáveis. Esta suspensão não representa um encerramento definitivo, mas sim uma pausa estratégica, enquanto não for possível garantir as condições mínimas necessárias à sua viabilidade e eficácia”, referiu.

Miguel Arrobas diz ainda que, “para que o programa possa ser retomado, será fundamental que exista uma equiparação dos apoios institucionais ao nível do que é actualmente atribuído ao CAR Jamor pelo IPDJ [Instituto Português do Desporto e Juventude]”, pois “só com um modelo de financiamento justo e equilibrado entre os diferentes Centros de Alto Rendimento será possível garantir condições homogéneas de trabalho, alojamento e acompanhamento aos atletas de alto rendimento”.

O responsável pede ainda “um enquadramento técnico estável, qualificado e com visão de desenvolvimento a longo prazo”, algo que, do seu ponto de vista, “se foi perdendo ao longo dos últimos anos”, condições logísticas e sociais adequadas, e “um compromisso mais forte da tutela e das entidades locais, que permita tornar o polo verdadeiramente atractivo e competitivo face aos restantes centros nacionais”.

Apesar do fim deste programa, a FPN mantém uma relação “muito positiva” com a Desmor, entidade que gere o centro desportivo de Rio Maior, como comprova a organização dos Europeus sub-18 de polo aquático, de 18 a 24 de Agosto, garantindo que o equipamento instalado naquele concelho se mantém “como uma infra-estrutura de referência no plano da FPN”.

“Além dos grandes eventos, Rio Maior continuará a desempenhar um papel importante na preparação das selecções nacionais, especialmente ao nível dos estágios centralizados que temos vindo a realizar nas diferentes disciplinas da natação e pretendemos intensificar. As condições de alojamento, alimentação e treino integradas num só local tornam Rio Maior um espaço privilegiado para reunir atletas e equipas técnicas em ambiente de concentração total”, lembrou.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Leia também...

Taça de Portugal de Boccia no Palácio dos Desportos em Torres Novas

O Palácio dos Desportosacolheu durante o dia de ontem, 12 de Junho,…

“Jogar ao ar livre pode despertar a curiosidade de mais utentes e cabe-nos a nós aproveitar esta grande vantagem”

Élio Cunha é presidente da Associação de Ténis de Leiria (ATLEI) e…

Taça do Ribatejo: Favoritos passam aos quartos-de-final

As equipas do distrito voltaram a competir para a Taça do Ribatejo…

Equipa de Juvenis Femininos do Vitoria Clube de Santarém sagra-se campeã distrital

A equipa vitoriana de Juvenis Femininos sagrou-se ontem matematicamente campeã distrital da…