José Manuel Santos, eleito presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo 

Consolidar destino e capacitar empresas são objectivos de mandato

O único candidato à liderança da Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo e Ribatejo, José Manuel Santos, estabeleceu como objectivos a consolidação da atractividade do destino e a capacitação de empresas e trabalhadores do sector.

José Manuel Santos, sociólogo, encabeçou a única lista que se candidatou aos órgãos desta entidade regional de turismo, cujas eleições tiveram lugar na passada quarta-feira, já depois do fecho desta edição.

“Um primeiro objectivo tem a ver com a necessidade de mantermos a atractividade do destino turístico e, por isso, vamos ter de consolidar um conjunto de redes temáticas, de produtos turísticos e de oferta já estruturada”, adiantou.

Assinalando que o Alentejo e o Ribatejo competem com “diversos destinos turísticos” no país e no mundo, o candidato apontou a necessidade de as regiões possuírem “propostas de valor turístico e itinerários capazes de atrair e fixar” visitantes.

“E obter, por aí, uma melhor estadia média por parte de quem nos visita”, sublinhou.

Outro dos objectivos da sua candidatura, explicou José Manuel Santos, é a aposta na capacitação, sobretudo, de micro, pequenas e médias empresas turísticas para se manterem “competitivas no mercado”.

“Temos de digitalizar todas as empresas turísticas e não falo apenas em digitalização de processos internos”, afirmou, referindo também, neste âmbito, a “própria forma de comunicação e promoção”, a sustentabilidade e a circularidade da economia.

Salientando que “é cada vez mais difícil” atrair mão-de-obra qualificada, o candidato realçou que é preciso igualmente “criar condições aos que já trabalham na região para ficarem, dando-lhes mais formação, mas também criar um plano de atracção de talentos”.

“As nossas campanhas já não são apenas para atrair turistas, agora temos que também ter estratégias e planos para atrair trabalhadores e colaboradores para o nosso turismo”, sublinhou.

Uma outra prioridade passa por “rejuvenescer e modernizar” a área de comunicação e marketing da entidade para “incorporar, nessa estratégia, a sustentabilidade e os novos valores da oferta turística”.

Nas declarações à Lusa, José Manuel Santos destacou ainda o “apoio inequívoco” à sua lista, indicando que foi subscrita por 112 dos 116 membros que compõem a assembleia geral da ERT do Alentejo e Ribatejo e que são o universo eleitoral.

A lista à comissão executiva integra como número dois Pedro Beato, quadro desta ERT, sendo que Conceição Grilo, Pedro Ribeiro, Carlos Moura, Rui Raposo, Porfírio Perdigão, Jaime Serra, Isabel Vinagre e José Bizarro são os restantes membros.

O presidente da Câmara de Santiago do Cacém, Álvaro Beijinha, lidera a lista à mesa da assembleia geral, enquanto Nuno Pina, director de operações do Grupo Pestana, encabeça a candidatura ao conselho de marketing.

As eleições realizaram-se na passada quarta-feira, na sede da ERT do Alentejo e Ribatejo, em Beja, e nas delegações de Évora, Portalegre, Grândola e Santarém.

O acto era restrito por lei ao colégio eleitoral, o qual é composto pelos 116 membros da assembleia geral, nomeadamente 58 municípios, 55 privados, entre associações e empresários, e representantes do Governo e de duas centrais sindicais.

O actual presidente da ERT do Alentejo e Ribatejo, Vítor Silva, não se pode candidatar ao cargo por ter atingido o limite de dois mandatos de cinco anos (inicialmente como vice-presidente) na comissão executiva.

“O Ribatejo necessita de se internacionalizar”

Há dois meses, no início de Maio, José Manuel Santos, então secretário-geral da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo (ERTAR) desde 2008, mas já candidato à presidência deste organismo, deu uma entrevista ao ‘Correio do Ribatejo’ na qual destacava a “internacionalização, atractividade, competitividade, sustentabilidade e governança” como os cinco desafios estratégicos para o futuro do turismo dentro desta Entidade Regional.

“Estamos numa mudança de ciclo”, assumiu, na altura, José Manuel Santos, apontando que existe agora uma nova geração que está preparada para liderar os destinos do turismo nestas duas regiões.

“Temos de preparar o sector turístico do Alentejo e do Ribatejo para a dupla transição – verde e digital – e de capacitar os trabalhadores e os empresários”, afirma, considerando que o Ribatejo “tem de se afirmar como um território de lazer, de visitação e de estadia”, afirmou.

Segundo o agora presidente da ERTAR, “o Ribatejo tem de disputar a sua parte no todo nacional e de ganhar maior expressão no interior da própria área regional de turismo do Alentejo, na qual só vale sete por cento”, admitiu.

Acelerar a agenda da sustentabilidade e da certificação de todas as áreas de desenvolvimento do turismo, é fundamental, acrescentou José Santos, para quem as viagens ecológicas estão a ganhar muito terreno, dado as novas gerações estarem a consumir mais “verde”.

“Acredito muito que o Ribatejo tem, já hoje, uma capacidade acrescida de atracção de investimentos com essa marca, mas é necessário influenciar de forma mais decisiva as políticas nestas áreas. O Alentejo está já a trilhar esse caminho há alguns anos”, observou na entrevista dada em Maio último a este Jornal.

José Manuel Santos lembrou que o falta ao Ribatejo para atingir os níveis de sucesso e procura que o Alentejo tem registado, “destinos que se encontram em estádios de desenvolvimento distintos” poderá passar pelo enoturismo, aproveitando a “qualidade dos vinhos e a dinâmica da CVR Tejo.

“Curiosamente e se olharmos para o período anterior à pandemia, verificamos que entre 2014 a 2019 a Lezíria do Tejo apresenta um crescimento médio anual muito semelhante ao do Alentejo. Em termos médios, os hóspedes alojados na Lezíria do Tejo cresceram 12% ao ano, no entanto a taxa de variação das dormidas fixou-se aquém, em 11%. Isto significa, portanto, que não estamos a reter os visitantes e assim a estadia média estagna”, notou.

Sobre o que poderá o Ribatejo fazer para que ganhe dimensão e escala de negócio no Turismo, o agora presidente da ERTAR defende a necessidade de “estruturar dois ou três produtos de base territorial que alimentem uma estratégia de afirmação turística e que ocupem espaço comunicacional. O Ribatejo tem de se afirmar como um território de lazer, de visitação e de estadia”, afirmou, em Maio, ao Correio do Ribatejo.

“Sem marketing não há turistas, nem investimento. É difícil captar mais investimento, sem uma percepção clara dos empresários que o território está a “mexer”, que atrai mais visitantes. Sim, temos de aprofundar e tornar o marketing turístico do território mais consistente”, reforçou.

Admitindo que o Alentejo e o Ribatejo é um território muito extenso para ser “vendido” em conjunto, José Santos defende “uma autonomização estratégica deste território no âmbito da Área Regional de Turismo, através da adopção de uma planificação de marca diferenciada, suportada por recursos específicos (humanos, organizacionais, físicos, nomeadamente através da abertura da sede do Turismo do Ribatejo), e por um programa de acção dinâmico e participado que eleja a organização da oferta como uma das prioridades, devidamente articulado com a comunidade intermunicipal (CIM), os municípios e o trade empresarial da Lezíria. É um grande objectivo que temos para os próximos cinco anos e iremos pô-lo em prática”, afirmou.

A quando da sua apresentação à presidência da ERTAR José Manuel Santos defendeu a implementação de um plano director de sustentabilidade turística, transversal a toda a região. “No Ribatejo, mais especificamente, a criação do roteiro Viagens pelo Ribatejo, materializada na edição de um Guide Book e no desenvolvimento de uma APP, a dinamização dos Roteiros de Investimento Concelhio, a elaboração do Catálogo de Experiências – ligado ao património cultural imaterial -, o lançamento de um programa de comunicação do Enoturismo, a organização e divulgação de uma agenda de eventos e a recuperação do processo de certificação dos restaurantes”, elegeu, como principais projectos que pretende implementar.

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