Coruche – 17 de Agosto de 2023 – 18 horas – Corrida à Portuguesa. Cavaleiros: João Moura Jr., Marcos Bastinhas e Francisco Palha; Forcados Amadores de Coruche; Ganadaria: Dr. António Silva; Director de Corrida: Marco Cardoso; Médico Veterinário: Dr. José Luís Cruz; Tempo: Ameno; Entrada de Público: 2/3 da Lotação.
Estranhamente este dia festivo de Coruche acordou mais fresco do que os que o precederam, o que justifica uma saudação especial, pois quando o calor aperta em Coruche, a coisa não é nada fácil. Mas não, o S. Pedro terá tido pena dos aficionados que nesta tarde afluíram ao tauródromo da capital do Sorraia e até corria uma brisa muito agradável.
Os toiros do Dr. António Silva estavam bonitos, entrapiados e tiveram um comportamento díspar, não havendo nenhum manso perdido, nem nenhum toiro de bandeira. Serviram, como parece ser moda dizer-se agora, criando algumas dificuldades a quem houve que os enfrentar, cavaleiros e forcados dispostos ao triunfo que sempre perseguem.
João Moura Jr. andou em muito bom plano na lide do primeiro toiro do seu lote, que investia com codícia e que foi muito bem lidado, tanto através da colocação da ferragem em sortes frontais, como nos adornos com a marca da casa, ladeando na cara do toiro ao longo da trincheira, o que sempre suscita o aplauso fácil. Sem motivo para deslumbramento, mas foi uma boa lide. Frente ao quarto da tarde o ginete de Monforte prosseguiu no mesmo registo, porém o hastado não tinha a mesma mobilidade, pelo que a lide não teve a mesma qualidade, sendo deslustrada até por algumas passagens em falso, por falta de toiro no momento da reunião. Uma “mourina” e um palmito foi o que de melhor se viu nesta lide, correcta, mas com menos impacto.
Marcos Bastinhas iniciou a sua primeira lide com uma poderosa sorte de gaiola, consumada em dois momentos, mas ainda assim meritória. A lide prosseguiu com uma série de ferros de bom nível, cuidadosamente colocados em sortes frontais, pisando terrenos de muito compromisso, o que até lhe valeu um violento toque na montada. Rematou esta boa lide com um palmito e um par de bandarilhas. O seu segundo toiro não foi tão codicioso, pelo que a lide não teve o mesmo nível. Após mudar de montada pela segunda vez colocou um vistoso “violino” e o paradigma alterou-se por completo. Bastinhas enveredou pelo toureio tremendista e mais espalhafatoso, muito aplaudido pelo respeitável, e cravou um palmito e um bom par de bandarilhas, abandonando a arena, desmontado, sob enorme ovação. Estilos de toureio, respeitáveis como os outros.
Francisco Palha não teve sorte com os toiros que lhe coube lidar. Muito porfiou o jovem marialva ribatejano, porém não dispôs de matéria-prima para brilhar como tantas vezes faz. Correcto e perfeito na forma como desenvolveu a brega, colocando a ferragem em sortes valorosas, contudo, sem o impacto habitual. Frente ao último da tarde, quase noite, Francisco Palha teve de porfiar imenso para solver uma lide com algum interesse. Começou em bom plano, colocando a ferragem comprida em sortes muito aplaudidas, porém, o toiro veio a menos, complicou mais as intenções do marialva e a actuação ressentiu-se. Algumas passagens em falso, por falta de investida do oponente e algumas sortes a sesgo, ofuscaram o bom labor até aí desenvolvido. Uma sorte de violino, frustrada, deu origem à colocação de dois palmitos, que o público aplaudiu.
O Grupo de Forcados Amadores de Coruche houve-se com a habitual galhardia em tarde afanosa, pois os toiros do Dr. António Silva pediram-lhe muitas contas, chegando ao final da lide com muita força e brusquidão, o que exigiu perfeição nas sortes e coesão nas ajudas. O Cabo José Macedo Tomás, no respeito pela tradição, chamou a si a responsabilidade de pegar o primeiro toiro da corrida e fê-lo com a eficácia e perfeição habituais. Citou com graça, recuou na perfeição e reuniu com convicção e alma; seu irmão, António Macedo Tomás consumou a sua sorte num único e perfeito intento, bem ajudado pelo Grupo; João Mesquita concretizou valorosa pega à segunda tentativa; David Canejo apenas à quarta tentativa logrou consumar a sua sorte, aguentando uma viagem tormentosa, com o toiro a desviar a sua trajectória, fugindo ao Grupo; Bernardo Cortês, em sorte brindada aos muitos campinos presentes na bancada, consumou uma rija pega, aguentando violentos derrotes sendo bem ajudado; e a finalizar esta dura, mas muito digna tarde, João Prates concretizou a sua sorte ao terceiro intento, já com ajuda carregada.
De salientar a competência com que os campinos Janica e Mário Café recolheram a cavalo todos os toiros, numa exaltação da campinagem ribatejana. Os bandarilheiros coadjuvaram criteriosamente as lides dos artistas a cuja ordem saíram e direcção atenta e correcta de Marco Cardoso.