Dividido por duas Entidades Regionais de Turismo – Centro e Alentejo -, a promoção turística do distrito de Santarém encontra-se dispersa, surgindo alguns esforços isolados para ultrapassar as dificuldades criadas pela pandemia da covid-19.
Num distrito em que o grosso da procura turística se centra em Ourém, devido ao turismo religioso em Fátima, com perto de um milhão de dormidas em 2018, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), e com Tomar a surgir em segundo lugar, com perto de cem mil dormidas, estes dois concelhos esforçam-se por criar algumas dinâmicas, disse à Lusa a presidente da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT).
Anabela Freitas deu como exemplo o concelho a que preside, Tomar, que beneficia da presença de um monumento Património da Humanidade, o Convento de Cristo, trabalhado do ponto de vista turístico com a Entidade Regional de Turismo (ERT) do Centro, tendo em conta a rede criada com outros concelhos detentores de monumentos igualmente classificados pela UNESCO, como é o caso da Batalha e de Alcobaça (distrito de Leiria) e de Coimbra.
Contudo, o município tem procurado desenvolver iniciativas “para além da estratégia comum”, visando apoiar a fileira cultural e turística local, estando a realizar concertos ao ar livre, no Mouchão do Parque, às sextas-feiras e aos sábados, com artistas e empresas do concelho e convidando à pernoita em alojamentos e hotéis e a ida a restaurantes, estabelecimentos que foram desafiados a obter a certificação “safe & clean”, disse.
A autarca referiu ainda as iniciativas promovidas pela ERT do Centro, de que foi exemplo a presença, em maio, de pequenos grupos de jornalistas e ‘bloggers’ estrangeiros, numa aposta na comunicação externa e no trabalho em rede, como é o caso dos lugares Património da Humanidade.
“Não podemos parar. Temos de nos habituar aos novos tempos”, salientou.
Se o Médio Tejo registou em 2018, no total dos 13 municípios que integra, mais de 1,2 milhões de dormidas, a procura turística nos 11 concelhos que integram a Lezíria do Tejo é mais modesta, da ordem das 180 mil dormidas, perto de 80 mil das quais no concelho de Santarém.
Admitindo esta realidade, o presidente da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT) referiu as inúmeras alterações feitas na área nas últimas décadas, desde a passagem da Região de Turismo do Ribatejo para Lisboa e depois a integração na ERT do Alentejo, onde surgiu como um “apêndice”.
Pedro Ribeiro sublinhou a aposta que está a ser feita por esta entidade na promoção daquilo que é endógeno em cada concelho, reconhecendo que são precisos anos para se consolidar uma oferta e uma marca.
O presidente da ERT do Alentejo, Ceia da Silva, salientou à Lusa os diferentes tipos de produtos turísticos criados para a região da Lezíria, frisando que esta tem um enorme potencial para captar o turismo interno.
A campanha “Há um Lugar – Perto de si, Longe da multidão”, lançada quinta-feira ‘online’, serve para este período de contenção criado pela pandemia da covid-19, mas perspectiva-se para além disso, sendo objectivo que “fique na percepção dos portugueses, durante muito tempo”, esta possibilidade de encontrar na Lezíria “espaços, tranquilidade e natureza”, salientou.
Com uma perspectiva distrital, e tendo o rio Tejo como referência, a Associação Empresarial da Região de Santarém (Nersant) lançou, em 2013, o programa “Viver o Tejo”, que visa dar visibilidade à oferta turística da região.
Além do portal www.viverotejo.pt – que se junta aos criados pelas respetivas ERT/CIM turismo.mediotejo.pt e visitribatejo.pt -, o projecto inclui igualmente a dinamização de eventos e a valorização da oferta, incluindo de monumentos, como aconteceu com a musealização do Castelo do Almourol, abrangendo actualmente mais de uma centena de parceiros.
Para ajudar as empresas nesta fase da pandemia, a Nersant criou quatro feiras digitais, entre as quais a “1.ª Mostra Digital do Turismo do Ribatejo”, que decorre até 03 de Agosto, reunindo a oferta de prestadores de serviço como hotéis, alojamento local, restaurantes e empresas de animação ‘outdoor’, entre outras, criando uma ligação com potenciais turistas.
O presidente executivo da Nersant, António Campos, disse à Lusa que a necessidade de intervir numa área para a qual a associação não estava muito vocacionada surgiu por, na altura, não existir uma oferta estruturada, tendo de, com o surgimento das iniciativas das ERT, ser agora repensada.
“O que interessa é que quem procura alternativa para uns dias de descanso encontre essa oferta e que venha”, afirmou, sublinhando que, mesmo com a pandemia, a época está “a correr bem”, com a quase totalidade dos espaços “esgotados”.
“O problema é com a restauração, que continua a não arrancar”, salientou, adiantando que a Nersant está a apostar na formação dos recursos humanos, capacitando-os para receber turistas.
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A promoção do turísmo de Santarém deve ser englobada na região de Lisboa e Vale do Tejo juntamente com o Médio Tejo e Oeste e na criação de uma nova CCDR com estas três sub-regiões.
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