Do Rio de Janeiro a Lisboa, Patrícia Manalvo está em todas as edições da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), a que preside o Papa Francisco, e deseja que da capital portuguesa saiam jovens mais activos na Igreja.

“Eu gostava que os jovens fossem uma igreja mais activa, não só na voz, mas também nas acções (…) e tentarem eles próprios levar à mudança”, afirmou Lusa Patrícia Manalvo, farmacêutica, a residir em Caxarias, paróquia do concelho de Ourém com a qual colabora, essencialmente com jovens.

Aos 41 anos, Patrícia vai somar a quinta participação numa JMJ.

“Nunca estamos preparados para o que vamos viver. Chegamos lá e é sempre diferente e muito melhor do que aquilo que nós pensamos”, adiantou, referindo que, também por isso, continua a fazer o desafio aos jovens para que participem.

A farmacêutica, a quem faltam palavras para descrever a experiência de viver uma JMJ, salientou, contudo, que é um momento, “sem dúvida”, para revigorar a fé.

“Naquela semana, parece que não estamos cansados, vivemos com uma energia acima da média”, declarou.

A sua estreia numa JMJ foi em Madrid (Espanha), em 2011, era Papa Bento XVI. Patrícia e outros jovens foram desafiados pelo então pároco de Caxarias a participarem.

Do país vizinho recordou o caminho até ao aeródromo Cuatro Vientos, onde teria lugar a vigília.

“Estavam 40 graus. Nós passávamos junto das casas e as pessoas molhavam-nos de mangueira ou mandavam-nos água pela janela, porque era um calor que não se podia”, relatou, explicando que já no aeródromo eram os bombeiros a fazê-lo.

Seguiu-se um temporal “de molhar tudo”.

“A chuva era tanto e chovia granizo”, contou, lembrando que “quiseram que o Papa se retirasse”, mas Bento XVI declinou: “Se os jovens ficavam, ele também ia ficar. Então, permanecemos todos”.

Depois de Madrid, a escolha da JMJ recaiu no Rio de Janeiro (Brasil), em 2013, a primeira JMJ a que presidiu Francisco, eleito nesse ano Papa.

No Brasil, a deslocação incluiu a visita a comunidades mais pobres, como a favela do Alemão.

“É uma realidade completamente diferente”, notou, exemplificando ter ido a uma igreja “em blocos só de cimento (…), mas lá dentro estava tudo impecável”.

A JMJ seguinte foi em Cracóvia (Polónia) três anos depois e, pela primeira vez, Patrícia (e mais três jovens) foi acolhida por uma família que “tinha três filhos até aos 7 anos e uma mãe grávida de oito meses”.

“Foram aprender inglês para nos receber”, disse a farmacêutica, fazendo eco da mensagem do Papa nesta ocasião: “[Para] Nós não ficarmos parados, tentarmos sempre, mesmo que nos custe, sair do sofá”.

Já na Cidade do Panamá, em 2019, começou a perceber-se que “havia uma hipótese de [a JMJ] vir para Portugal”, até porque, na missa de abertura, os portugueses tinham um “local destacado”.

“Estávamos sentados em cadeiras, o que não é habitual nas jornadas. Para a missa de envio também”, apontou, considerando como “momento marcante” a visita da Imagem Peregrina de Fátima.

Patrícia explicou que se conseguiu sempre angariar dinheiro para levar jovens às JMJ, sendo que as actividades passaram, por exemplo, por cantar em casamentos e baptizados, vender bolos, terços ou rifas, fazer um arraial ou um festival de sopas.

Para a JMJ de Lisboa, que decorre entre 01 e 06 de Agosto, a paróquia vai receber 181 jovens da Coreia do Sul, que vão ficar em famílias de acolhimento distribuídas também por Olival, Casal dos Bernardos e Urqueira.

Patrícia, que está na coordenação da equipa de acolhimento, reconheceu que se está a retribuir aquilo que os jovens de Caxarias receberam.

No programa para os jovens sul-coreanos está incluída, entre outras actividades, uma deslocação ao Santuário de Fátima, com parte do percurso a ser feito a pé, “para experimentarem também o que é ser peregrino”, a participação em celebrações religiosas e a realização de jogos tradicionais, sendo que eles também “vão mostrar a música e algumas tradições” do seu país, assim como a gastronomia, num almoço partilhado com as famílias.

Questionada sobre o que a move, Patrícia Manalvo respondeu: “É uma força interior que nós não conseguimos quantificar. E que, pelo menos a mim, me faz acolher os outros e estar ao serviço”.

Do Papa Francisco, destaca “a proximidade com todos” e um “sorriso que atrai toda a gente”, além de que também “tem o lado não deixar esconder ou pôr debaixo do tapete aquilo que é menos bom”, exemplificando com os abusos sexuais cometidos por elementos da Igreja Católica.

Ao Papa pede que não perder “aquela vontade de ajudar o mundo a ter esperança e a mudar”, e aos jovens que “não devem deixar de viver” esta experiência.

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