A empresa Thunder Foods, com sede em Santarém, pretende lançar este ano no mercado farinha produzida a partir de larvas de escaravelho e destinada à utilização pela indústria agro-alimentar como suplemento proteico na alimentação humana.

Em declarações à agência Lusa, o fundador da empresa e presidente da Portugal Insect – Associação Portuguesa de Produtores e Transformadores de Insectos, Rui Nunes, explicou que o objectivo é introduzir no mercado “um novo conceito de nutrição sustentável e de elevada qualidade, focado no uso de fontes nutricionais que demonstrem capacidade de contribuir para a alimentação do futuro com menos impacto ambiental”.

Segundo adiantou, a Thunder Foods está actualmente em fase de captação de investimento para implementação de uma unidade industrial de produção e processamento de insectos em larga escala, num investimento previsto de cinco milhões de euros a desenvolver em Santarém.

A nova unidade será dedicada à produção de farinha de ‘Tenebrio molitor’, produzida a partir de larvas de escaravelho, também conhecida como ‘farinha amarela’, cujo consumo para alimentação humana foi recentemente autorizado pela União Europeia.

Para a captação do investimento, a Thunder Foods diz ter um plano de investigação e desenvolvimento (I&D) que “assegura não só o conhecimento de base, como a melhoria da tecnologia que irá ser aplicada nesta nova unidade, contribuindo ainda para a criação de empregos e fixando conhecimento e tecnologia”.

As primeiras farinhas têm, contudo, já vindo a ser desenvolvidas pela Thunder Foods numa unidade de I&D e serão apresentadas na Feira Nacional da Agricultura (FNA 21), que decorre de 9 a 13 de Junho em Santarém.

De acordo com Rui Nunes, “a abordagem inicial da Thunder Foods vai pautar-se pelo uso de insectos, nomeadamente o ‘Tenebrio molitor’, dada as suas vantagens nutricionais e de sustentabilidade ambiental”.

“Mas queremos procurar outras soluções para a alimentação humana que sejam mais sustentáveis, contribuindo para uma nutrição com futuro”, avançou.

O objectivo é “trazer uma abordagem disruptiva para o sector da nutrição, através da criação de produtos inovadores” alinhados com os pilares de inovação da empresa: nutrição, sustentabilidade e sabor.

Conforme salienta, “estes produtos são o resultado de vários anos de investigação e desenvolvimento 100% nacional, em parceria com várias entidades do sistema científico e tecnológico, a par de outras entidades empresariais”.

“Além desta vertente de sustentabilidade ambiental, esta nova fonte proteica deverá contribuir, no curto prazo, para a economia nacional, gerando produtos diferenciadores para o mercado local e nacional, reduzindo assim a dependência de importação de outros países”, acrescenta Rui Nunes.

Reconhecido e apreciado há muito nas culturas orientais, onde mais de dois mil milhões de pessoas os consomem regularmente, o valor nutricional dos insectos só recentemente começou a ser equacionado como uma possibilidade nas ementas ocidentais, face aos desafios colocados pelo aumento da população mundial e pela sobre-exploração dos recursos.

Em 2013, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) publicou um relatório sobre o tema, defendendo a produção e o consumo de insectos enquanto fontes de proteína mais sustentáveis do que a carne ou o peixe.

No documento, a FAO argumentava que, além de igualmente nutritivos, os insectos mostravam ser mais eficientes, libertavam menos gases com efeito de estufa, necessitavam de menos água e de menor área de produção e podiam ser alimentados com subprodutos, contribuindo para diminuir o desperdício e fomentar a economia circular.

No final de 2019, a União Europeia incluiu o financiamento de pesquisas dedicadas ao uso de insectos para alimentação no Pacto Ecológico Europeu, estimando-se que, no final de 2021, o mercado dos insectos para alimentação represente cerca de 2.500 milhões de euros de investimento na Europa, segundo dados avançados pela Thunder Foods.

Leia também...

Várias ruas da cidade de Santarém alvo de repavimentação

O Município de Santarém está a realizar obras de repavimentação em diversas…
Foto Ilustrativa

Maioria das empresas da região de Santarém que recorreram ao ‘lay-off’ já abandonaram a medida

Em 199 empresas que responderam a um inquérito da Associação Empresarial da…

Ourém vai substituir 19 mil lâmpadas de vapor de sódio e mercúrio por LED

A Câmara de Ourém vai lançar um concurso público para substituir 19…

Governo antecipa pagamento de fundos comunitários aos agricultores

 O Ministério da Agricultura está a antecipar pagamentos dos fundos comunitários aos…