O Fórum Ribatejo e o Município de Vila Nova da Barquinha promoveram, no sábado, dia 20 de Novembro, no Centro Cultural, o III Encontro de Cultura Popular do Ribatejo.

A terceira edição da iniciativa procurou “olhar com interesse e rigor para a cultura popular” da região, marcada por uma enorme diversidade no território e nas suas gentes.

O Fórum Ribatejo “pensa que o Ribatejo continua a fazer sentido, embora a Administração não lhe reconheça a unidade e a forma. Por isso, tem vindo a desenvolver um conjunto de acções com vista a aprofundar o conhecimento e mesmo a investigação sobre quem somos e como somos”.

À semelhança de anos anteriores, apesar da pandemia ainda em curso, o Encontro reuniu um conjunto diverso de investigadores destas temáticas.

Da linguística à literatura, passando pela história, foram muitos os temas abordados pelos investigadores, antropólogos, historiadores que procuraram encontrar denominadores comuns de uma cultura ribatejana.

“O Ribatejo – território, gentes e cultura – é uma região (não administrativa) marcada pela sua diversidade. De identidade fluida e plural, é, apesar de tudo, uma região que reconhece o seu nome e tem de si uma imagem, que foi trabalhada pelo tempo e pela política, pelo comércio e pelas andanças. Conhecer e recriar essa identidade é uma tarefa de todos os tempos”, assinala.

“O Fórum Ribatejo pensa que o Ribatejo continua a fazer sentido, embora a Administração não lhe reconheça a unidade e a forma. Por isso tem vindo a desenvolver um conjunto de acções com vista a aprofundar o conhecimento e mesmo a investigação sobre quem somos e como somos”, refere a organização, acrescentando que “não há Cultura sem cultura popular, não há povo que viva sem uma cultura que dê forma a essa vida”.

Olhar com interesse e rigor para essa cultura popular é, pois, o principal objectivo deste projecto – do Fórum Ribatejo, em parceria com a Câmara Municipal da Barquinha.
Coube a Fernando Freire, presidente da Câmara Municipal e a Aurélio Lopes, coordenador do Fórum Ribatejo, a missão da abertura dos trabalhos e apresentação do livro de Actas do II Encontro, uma edição da Câmara Municipal.

Seguiram-se os painéis em que participaram Roberto Caneira (A meninice – histórias de infância na Glória do Ribatejo), Anabela Leandro dos Santos (Chiripés e estórias sem pés nem cabeça), Ana Saraiva (O imaginário das lendas nas representações identitárias), Ana Paula Guimarães (Artes de se curar em Ribatejo), Ernesto Jana (Santa Iria: A oralidade e a escrita no crescimento e modelação urbanística de Tomar), Aurélio Lopes (Ensalmos e Benzeduras: A força da palavra e a analogia magico/assertiva), Teresa Claúdia (Ecofabular e tradição oral: Como as “mouras encantadas” podem apoiar a consciência ecológica e a preservação do património cultural imaterial português), Nuno Prates (A vida quotidiana do povo de Alpiarça e o seu cancioneiro popular) e Ludgero Mendes (A importância dos provérbios na compreensão da cultura popular do Ribatejo). A moderação esteve a cargo de Alves Jana, Aurélio Lopes e Ana Saraiva.
Com apontamentos musicais do Grupo Coral CRAMOL, durante a manhã, e do Grupo Barquinha Saudosa, à tarde, os trabalhos foram encerrados pela vereadora do Pelouro da Cultura, Paula Pontes.

Em simultâneo, realizou-se a III Mostra de Livros sobre Cultura Ribatejana.

Fórum Ribatejo assume-se como “rede informal” para potenciar a cultura da região

O Fórum Ribatejo é uma rede informal, portanto sem personalidade jurídica, de homens e mulheres que vivem o Ribatejo, uns mais que outros. Mas todos o suficiente para pensarem que vale a pena activarem as interacções entre os nós dessa rede, de forma a manter viva a chama do Ribatejo, em particular da sua cultura.

Não são um grupo fechado, “nem uma selecção de iluminados”, mas apenas pessoas que estão dispostas “a lançar algum adubo à terra”. E que assumem, também, uma componente de tertúlia.

O Fórum Ribatejo considera seu objectivo dar corpo ao exercício crítico do acolhimento da herança cultural, de modo a que os vários agentes participem, debatam e avaliem a cultura ribatejana a fim de a transmitir, generosamente, às gerações futuras. Para isso estimula a partilha de informação e procura detectar fragilidades no estudo, preservação e programação cultural no Ribatejo.

“O Fórum Ribatejo, na sua informalidade assumida, possui um mínimo de organização que lhe permita ir desbravando o percurso. Não tem uma definição clara do que seja o Ribatejo, nem geográfica nem culturalmente, mas não considera isso um problema substantivo. O Ribatejo é o que pode ser dito como tal e também se faz caminhando”, assinala a organização.

O Fórum Ribatejo reúne-se com uma periodicidade, em princípio, semestral. Cada reunião consta, também em princípio, de três tempos: reunião em sala, almoço e conhecimento da realidade local. Este carácter itinerante assume-se como estratégia de conhecimento do território. Cada reunião tem uma agenda, construída pelo responsável local pela reunião em articulação com o Coordenador. Para a agenda podem ser sugeridos assuntos pelos vários elementos do Fórum.

O Fórum Ribatejo procura dotar-se de alguns meios ou recursos que lhe permitam ir percorrendo o caminho que se propõe. Desde logo, um blogue, mails e bases de dados, que não devem assumir compromissos unilaterais com quaisquer entidades ou movimentos, respeitando assim o seu carácter plural e aberto.

Possui, um Coordenador, eleito democraticamente entre os seus membros, com um mandato de dois anos. Os eventuais responsáveis pelos meios ou recursos atrás referidos, bem como pela realização pontual de iniciativas culturais, preferencialmente em parceria com outras instituições, são considerados caso a caso, sempre no respeito democrático pela vontade dos membros do Fórum.

O Fórum Ribatejo encontra-se aberto a parcerias que são, no essencial, a expressão de que é partilhada e plural a vida de que se alimenta o Ribatejo.

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