O início de um novo ano lectivo é sempre um momento de expectativa e esperança para alunos, pais e educadores.
No entanto, os desafios que se colocam ao sistema educativo na actualidade são mais complexos do que nunca.
A diversidade é uma realidade nas salas de aula, e os educadores enfrentam o desafio de criar ambientes inclusivos onde todos os alunos se sintam valorizados e respeitados.
Isso inclui o apoio a estudantes com necessidades educativas especiais e a promoção da igualdade de género e a aceitação da diversidade cultural. É, pois, fundamental criar um ambiente escolar que celebre a diversidade e promova a equidade.
Esta é uma preocupação transversal a todos os directores de agrupamento que o Correio do Ribatejo contactou, de forma a perceber como está a ser o arranque de mais um ano escolar na região.
“A educação é a chave para o desenvolvimento do país e o futuro dos nossos jovens”. Quem o diz é o vice-presidente da Câmara de Santarém, João Leite, que tem a seu cargo o pelouro da Educação.
Neste capítulo, o responsável dá nota negativa ao governo e ao ministro que tutela a área, considerando que “não existe visão e muito menos uma estratégia para a escola pública nem para a educação como um todo”.
Um assunto que está na ordem do dia é também a relação entre os telemóveis e as crianças: Este ano, os Agrupamentos de Escolas de Almeirim proibiram o uso de telemóveis nas escolas do 1.º ciclo, de acordo com uma recomendação do Conselho Municipal de Educação cujos directores votaram favoravelmente.
Ao Correio do Ribatejo, o autarca de Almeirim, Pedro Ribeiro, revela que a medida está a ser bem acolhida. No sentido oposto, em Santarém, há reservas quanto à proibição.
João Leite defende a necessidade de envolver os alunos numa conversa democrática para estabelecer regras e limites.
E propõe que esta discussão seja acompanhada de uma outra, na sua perspetiva, ainda mais importante: a reconfiguração dos processos de ensino-aprendizagem.
“O problema não está no equipamento, mas sim no uso que se pode dar ao mesmo. Não pode ser um uso supérfluo, viciante. Estamos numa era da digitalização, da modernidade, da necessidade da aplicabilidade das novas tecnologias no processo pedagógico e formativo dos nossos jovens. Proibir a utilização dos telemóveis nas escolas é desviar a atenção do que é realmente importante”, declara.
Para Ana Cláudia Cohen, directora do Agrupamento de Escolas de Alcanena, importa “trabalhar a utilização dos telemóveis com os alunos, na perspetiva de mudarmos os hábitos de comunicação e de interação, através da instituição de outras dinâmicas nos intervalos, dinamizadas pelos próprios alunos”.
O papel da escola, afirma, é mais de formação e desenvolvimento da auto-regulação, garantindo, desta forma, “que os comportamentos adoptados se estendem para além dos muros da escola”.
Mais de 92 mil alunos do País começam aulas sem todos os professores
A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) estima que haja 92 mil alunos sem todos os professores atribuídos, uma “situação que se irá agravar” nas próximas semanas com o aumento de aposentações e eventuais atestados médicos.
“O ano letivo começa mal” e provavelmente será “um dos piores”, alertou esta semana o líder da Fenprof, Mário Nogueira, durante uma conferência de imprensa, para fazer um balanço do início do ano lectivo.
“Neste momento, calculamos que mais de 92 mil alunos não tenham um ou mais professores”, disse Mário Nogueira, sublinhando que “a situação se vai agravar até ao final do ano”.
Um dos motivos são as aposentações até 31 de Dezembro que, segundo estimativas da Fenprof, significam que mais 3.500 docentes com turmas atribuídas neste momento irão deixar de dar aulas até ao final do ano e muitos outros professoresque “agora vão entrar em situação de atestado médico”.
