António Pina Braz – director do Agrupamento de Escolas Dr. Ginestal Machado
Como é que a Escola preparou este regresso às aulas presenciais?
O regresso às actividades presenciais mereceu um cuidado acrescido, para que todos se possam trabalhar, com riscos mínimos, já que estes existirão sempre. Os horários foram alterados/adaptados pela terceira vez este ano lectivo, de modo a permitir, nesta terceira fase da “crise”, a conciliação entre horários presenciais e horários online. Os alunos dos 11º e 12º anos, que regressam à escola presencial, continuam a ter disciplinas que funcionam online e a maioria dos seus professores também leccionam 3º ciclo, pelo que foi necessário articular estas duas realidades.
Esta situação irá implicar um maior esforço, a acrescer ao que já estava a ser realizado por parte dos professores, que estão exaustos.
Todos os professores, foram informados das normas de segurança a respeitar, o mesmo sucedendo com o Pessoal Não Docente, que recebeu formação por parte do exército.
Funcionam em simultâneo a Escola Mem Ramires e a Escola Ginestal Machado, em virtude de ter sido decidido que os alunos do 11º ano, frequentam a primeira e os alunos do 12º a segunda, a fim de reduzir a concentração de pessoas num mesmo espaço.
Foram definidos percursos de segurança nos espaços escolares, das duas escolas, retirado o mobiliário não prioritário, encerrados muitos espaços escolares e definidas normas e regras muito precisas de conduta para todos os utilizadores desses espaços.
Os procedimentos de higiene e limpeza forma definidos para todos os espaços, não apenas nas salas de aula, mas em todos os espaços que lhes dão acesso.
Foi acordado com a autarquia que os espaços escolares exteriores sejam desinfectados diariamente.
O Agrupamento adquiriu material de higiene e limpeza o que veio a ser reforçado pelo material fornecido pelo Ministério da Educação, permitindo dessa forma a desinfecção dos espaços interiores várias vezes ao dia e a existência de equipamento para todos os profissionais e alunos.
De que forma se vão processar as aulas, em termos de horários, desdobramento de turmas, entre outros aspectos?
Os horários das turmas foram divididos em turnos diários, assim como desdobrados para que o número de alunos por turma seja reduzido a metade, ainda que isso implique que o seu horário presencial seja reduzido também a metade. No entanto podem os alunos acordar com os seus professores, momentos de trabalho online, como apoio ao trabalho desenvolvido por todos.
A maioria dos alunos assiste a aulas presenciais três vezes por semana, sendo que algumas turmas o fazem apenas duas vezes e, muito poucas, quatro vezes, numa realidade directamente decorrente do número de disciplinas que cada turma já tinha.
A hora de entrada verifica-se pelas 10.40, salvo à sexta-feira, em que algumas turmas têm de entrar pelas 09.30. A hora de saída é no máximo pela 17.30.
Em relação às aulas, os alunos poderão optar por continuar em regime de ensino à distância, ou terão a obrigatoriedade de se deslocarem à Escola?
Na sequência das orientações superiores, os alunos terão aulas presenciais em todas as disciplinas previstas com exames nacionais, independentemente se os alunos estão ou não inscritos para exame. As escolas não podem contrariar as decisões superiores. No entanto também está previsto que as faltas dos alunos estejam automaticamente justificadas, nos casos em que não possam assistir às aulas.
No entanto o Agrupamento tem previsto analisar todos os casos excepcionais que sejam colocados, para tentar encontrar as respostas possíveis. Digo possíveis, porque atendendo a que nestes níveis de ensino se encontram matriculados alunos, que habitam num raio de quase 60 km, a possibilidade de responder em poucos dias a todas as questões individuais é algo difícil, mas o esforço será realizado, como sempre, na procura de soluções.
No âmbito do que já referi, os alunos continuam a ter disciplinas, que continuam a funcionar à distância e mesmo as disciplinas presenciais, poderão ter continuação no ensino à distância se tal for acordado (e possível em termos de horários) entre alunos e professores, em princípio numa hora por semana.
O refeitório e o bar estarão em funcionamento?
O refeitório estará em funcionamento, para proporcionar a todos quantos necessitem ou pretendam, tomar o almoço. Relativamente ao bufete (bar) e papelaria estarão encerrados, pelo menos durante o mês de Maio. A reprografia estará aberta para que os professores possam ter as condições necessárias para desenvolver o seu trabalho e os Serviços Administrativos, apenas para casos excepcionais, que de todos não possam ser resolvidos pelos meios de comunicação electrónicos.
A biblioteca estará aberta apenas para utilização de professores e eventualmente para responder a eventuais necessidades dos alunos, devidamente confirmadas pelos professores.
Considera que a comunidade educativa sente segurança neste regresso?
A informação que tenho da comunidade educativa, através dos alunos, professores e famílias que nos têm contactado, é de alguma apreensão, considerando que vamos ter centenas de alunos nos espaços escolares, ainda que respeitando todas as medidas de segurança, higiene e limpeza. Penso que será mais a incerteza perante o desconhecido, já que nada garante que o “vírus” esteja ausente da nossa comunidade e os riscos existem. Contudo, penso que se todos respeitarem rigorosamente as medidas que foram tomadas, em termos das escolas, o risco será mínimo. No entanto a contaminação poderá dar-se fora das escolas, já que são utilizados transportes e recomeça o acesso a outros espaços públicos muito frequentados. Assim, é essencial que todos os cidadãos consigam, respeitar as normas de distanciação física, de higiene e limpeza, para que todos possamos conviver com maior segurança, principalmente nos locais frequentados por jovens.
Mas neste ponto parece-me importante desmitificar algumas questões, já que independentemente do muito cuidado que estamos a ter com os jovens e isso é óbvio e patente, a segurança no meio escolar deverá colocar-se com especial incidência nos adultos. Pelos registos estatísticos existentes neste momento, a taxa de mortalidade incide especialmente nos indivíduos mais velhos. 1154 óbitos em pessoas com 60 anos ou mais e 54 com menos de 60 anos, dos quais 1 com menos de 40 anos. Considerando que quase metade dos professores e pessoal não docente tem 60 anos ou mais e a maioria dos progenitores dos alunos que regressam ao ensino presencial tem 50 anos ou mais, terá de haver todo o cuidado nos contactos dos jovens com os adultos, não só na escola, mas também nas suas casas, já que sendo maioritariamente assintomáticos, podem transportar o problema sem se darem conta desse perigo, colocando em perigo, as famílias, os docentes e os não docentes. No entanto estou certo de que a comunidade educativa conseguirá responder mais uma vez, de forma adequada, a este desafio que se nos colca a todos, com responsabilidade e civismo.