A Igreja da Misericórdia de Torres Novas acolheu, no passado dia 23, a apresentação do livro ““Intercessora dos mortos e fonte de caridade para os vivos: a acção da Misericórdia de Torres Novas entre 1610 e 1768””, da autoria do historiador Ricardo Varela Raimundo. Esta obra, editada pelo Município de Torres Novas, resulta de uma investigação exaustiva baseada na documentação histórica do Arquivo Municipal, onde se encontra o espólio da Misericórdia local.

Nesta sessão de lançamento da obra, o provedor da Santa Casa de Torres Novas, António José Gouveia da Luz, destacou a importância deste estudo para a compreensão da história da instituição e do seu impacto na comunidade. 

“Este livro contribuirá para enriquecer o conhecimento sobre a história da Misericórdia e divulgar o trabalho que a instituição desenvolveu ao longo dos séculos. Mas esse legado não se esgotou no passado – a Misericórdia de Torres Novas continua bem viva e a cumprir a sua missão”, afirmou.

“A nossa Misericórdia tem desempenhado um papel essencial na assistência social desde a sua fundação. E esta obra permite-nos compreender melhor o legado que transportamos e reforça a importância do nosso trabalho, que continua a apoiar os mais necessitados”, afirmou, destacando ainda os desafios actuais da instituição, que passam pela modernização dos serviços prestados, garantindo que a Misericórdia de Torres Novas continua a responder às necessidades da população: “O futuro constrói-se com base no passado”, sublinhou.

A apresentação da obra esteve a cargo de Ana Cristina Pereira, mestre em História Moderna pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, que salientou a “profundidade” da investigação realizada por Ricardo Raimundo. “Este livro permite-nos reconstituir o quotidiano da Misericórdia de Torres Novas a partir de uma documentação dispersa e fragmentada. O trabalho do autor é, por isso, minucioso e de grande valor”, sublinhou.

Entre os principais temas abordados na obra está a dicotomia entre a assistência aos vivos e a intercessão pelos mortos, um papel central das Misericórdias na época moderna. “A instituição preparava a morte segundo os preceitos das artes do bem morrer, mas, ao mesmo tempo, desempenhava uma função assistencial, apoiando órfãs, atribuindo dotes a mulheres sem recursos, ajudando prisioneiros e cativos e prestando assistência aos mais pobres”, explicou Ana Cristina Pereira.

O livro também dá particular relevo ao papel das mulheres na instituição, revelando a presença de enfermeiras, amas e serventes que desempenhavam funções essenciais na assistência hospitalar e social. “A partir da documentação analisada, Ricardo Raimundo consegue trazer à luz um quotidiano difícil de reconstruir, revelando aspectos fundamentais da história da Misericórdia e do seu impacto na comunidade”, concluiu.

Esta obra é o volume número 18 da colecção Estudos e Documentos, uma iniciativa do Município de Torres Novas destinada a divulgar trabalhos científicos sobre história, património e fontes documentais locais. O livro já se encontra disponível para consulta e aquisição e promete ser uma referência essencial para estudiosos e interessados na história da assistência e caridade em Portugal.

Leia também...

“Novos Desafios para a Olivicultura Nacional” e “Os Desafios Futuros das Áreas Rurais” foram temas de debate na Agroglobal

A Consulai – Consultadoria Agro-Industrial e a Olivum – Associação de Olivicultores…

JMJ: Entroncamento vai acolher 1.830 jovens que usarão o comboio para se deslocarem

A cidade do Entroncamento é, a seguir a Santarém, a que mais…

Câmara de Santarém aprova plano para integrar sem-abrigo

A Câmara de Santarém aprovou o Plano de Ação do Núcleo de…

Hospital de Santarém alarga horário de visitas aos doentes internados

O Hospital Distrital de Santarém (HDS) alargou o horário de visitas aos…