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Ex-funcionários da construtora de um parque de estacionamento em Santarém disseram hoje em tribunal, durante o julgamento do caso em que o ex-presidente da câmara Moita Flores é acusado de corrupção, que a empresa acreditava no retorno económico do projeto.

No processo, que está a ser julgado pelo Tribunal de Santarém, Moita Flores foi acusado, juntamente com Gaspar Borges, dono da Alexandre Barbosa Borges (ABB), da prática dos crimes de branqueamento de capitais e de corrupção, passiva e ativa, respetivamente.

De acordo com a acusação, o ex-presidente da Câmara Municipal de Santarém Moita Flores (2005-2012) “recebeu vantagem patrimonial” (300.000 euros) do empresário da construção civil que realizou a obra do parque de estacionamento subterrâneo no Jardim da Liberdade.

O pagamento terá sido feito “por intermédio de sociedades comerciais ligadas ao respetivo grupo empresarial e ao filho” do antigo autarca.

Hoje, em tribunal, duas testemunhas, que à data dos factos que estão a ser julgados eram funcionários da construtora ABB, falaram sobre a viabilidade económica do projeto, salientando que a empresa acreditava que a exploração do parque de estacionamento poderia gerar retorno financeiro, numa altura em que havia “algum otimismo” em relação ao desenvolvimento da cidade de Santarém.

Questionadas sobre a não realização da segunda fase da empreitada, que representou uma redução de 764 para 461 lugares de estacionamento subterrâneo, as testemunhas reconheceram que levou à diminuição do custo efetivo das obras, mas salientaram que o benefício financeiro da exploração também passou a ser “consideravelmente inferior” ao que seria obtido com a exploração das mais de sete centenas de lugares inicialmente previstos.

A conceção e exploração do parque de estacionamento subterrâneo no Jardim da Liberdade foi adjudicada em abril de 2008 à empresa Alexandre Barbosa Borges, de Braga, numa parceria público-privada que envolvia nove milhões de euros.

Além da construção e exploração do parque de estacionamento, a empresa ficou ainda com o monopólio do estacionamento tarifado à superfície.

Em causa no processo está a decisão de não realização da segunda fase da empreitada, que representou a redução de 764 para 461 lugares de estacionamento subterrâneo, bem como a de entregar ao empreiteiro a realização das obras à superfície, como as cafetarias e o espelho de água, que deveriam ter sido realizadas pela própria câmara.

Segundo a acusação do Ministério Público, a atribuição destas obras, que estavam orçadas em três milhões de euros, ao empreiteiro terão sido uma forma de compensação pela não realização da segunda fase da empreitada, tendo a empresa ainda recebido uma indemnização de 1,8 milhões de euros da Câmara de Santarém na sequência de alterações contratuais.

Sobre a indemnização, as testemunhas explicaram que o montante foi acordado previamente com a câmara de Santarém e iria ser pago em três prestações.

Contudo, as duas testemunhas asseguraram que a ABB “não recebeu nenhum tostão”.

Além de Moita Flores e de Gaspar Barbosa, são arguidos um dos filhos do ex-autarca, a empresa deste e a ABB, também acusados da prática de um crime de branqueamento de capitais.

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