O escritor Lima Rodrigues faleceu ontem, em Santarém, aos 91 anos de idade.

As exéquias fúnebres terão lugar amanhã, quinta-feira, pelas 9 horas, no crematório de Santarém.

Para Domingos Cabral, amigo de longa data, ficou clara a versatilidade do escritor, com uma vida preenchida, dedicada aos livros e à leitura, mas também aos jornais e ao desporto.

Lima Rodrigues nasceu em Torres Vedras, foi desportista, destacando-se no atletismo, futebol e sobretudo no hóquei em patins, chegando a guarda-redes da Selecção Distrital. Nesta modalidade teve uma carreira longa, que terminou nos Belenenses, aos 40 anos.

Foi contabilista, editor-livreiro (Galeria Panorama), crítico literário, proprietário e director de Revista, coleccionador e negociante de antiguidades, director de Jornal, produtor pecuário, membro de uma Organização Defensora da Paz Mundial, que o levou a viajar por vários países.

“Escreveu o primeiro conto aos 10 anos, que foi publicado aos 12. Nos fins da década de 50, recomeça a escrever. E muito, com intensidade, em jornais, revistas, para programas de rádio, lembrou Domingos Cabral, com quem Lima Rodrigues, juntamente com Celestino Santos, Oliveira Beja e Ramiro Pires, funda, em Santarém, a Tertúlia Policial Ribatejana, “a primeira das muitas que nos anos subsequentes vieram a ser criadas por todo o país” e que tinha sede em sua casa.

Nos anos de 1960, 61 e 62 conquistou o 1.º prémio na modalidade de Conto, no popular programa de Rádio, denominado “V Programa”, de que o não menos popular Inspector Varatojo foi responsável, durante 25 anos, na Emissora Nacional.

Entre muitas outras facetas, Lima Rodrigues criou a Editorial Panorama onde editou “muitas centenas de livros, em várias colecções, das mais diversas temáticas”. E, também, a Galeria Panorama, onde expuseram muitos e conceituados artistas, e que registou a particularidade de ser a primeira a possuir um bar nas suas instalações, frequentado por figuras gradas da nossa literatura como Natália Correia, Dórdio Guimarães, José Carlos Ary dos Santos, entre outros.

Criou a Tertúlia do Livro, iniciativa editorial de mérito que editava preciosidades bibliográficas, apenas destinadas a assinantes. Foi director do Jornal do Oeste, de Rio Maior, cujo título era, ainda hoje, de sua propriedade.

O contista foi ainda um assíduo colaborador da antiga Página ‘Correio Policial’ do Correio do Ribatejo.

Benemérito e altruísta

Em 2019, Lima Rodrigues lançou o seu último livro, intitulado ‘A Casa Queimada’. A sessão decorreu na biblioteca da Póvoa de Santarém, durante a qual Lima Rodrigues deixou um pedido: “Só quero que estimem os meus livros e que os leiam”. Foi desta forma que Lima Rodrigues agradeceu, de forma emocionada, a homenagem que foi alvo, pela União de Freguesias de Achete, Azóia de Baixo e Póvoa de Santarém que decidiu dar o nome do escritor à biblioteca da instituição.

Lima Rodrigues, natural de Torres Vedras, mas há muitos anos residente em Santarém, sempre manifestou uma enorme paixão pela escrita policial, com centenas de contos publicados.

Revelando a sua paixão pela escrita, destacam-se os momentos de inspiração que o levavam a escrever em guardanapos, no café ou à mesa no restaurante, para não perder uma ideia. “Quem se alimenta dos sonhos envelhece mais tarde”, observou, em 2019.

A biblioteca da Póvoa de Santarém conta com cerca de cinco mil volumes doados por Lima Rodrigues e que constituem cerca de 80 por cento do seu acervo.

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