Foi ontem inaugurada, ao final da tarde, nas Caneiras, em Santarém, a iniciativa ‘Tejo Com Vida’ promovida pela União de Freguesias da Cidade de Santarém (UFCS), com o apoio da Câmara Municipal e que até amanhã, domingo, promove o peixe do rio como prato principal deste festival gastronómico.

“Tejo com Vida” é um projecto que tem como objectivo promover o rio e dar a conhecer a confecção do peixe que nele abunda. O nome do festival convida a população para se deslocar até à zona ribeirinha e desfrutar de todo um programa gastronómico com muita animação.

Na inauguração, que contou com a presença de deputados da Nação, vereadores do Município e autarcas de diferentes freguesias do Concelho, Diamantino Duarte, presidente da UFCS agradeceu a presença de todos e sublinhou a importância da requalificação da zona ribeirinha, essencial para que a população se sinta bem junto ao rio.

“Temos de ser capazes de fazer a ligação entre a cidade e o Tejo e isso só se consegue criando condições para que as pessoas possam cá vir”.

Por sua vez, Ricardo Gonçalves, presidente da Câmara de Santarém, frisou a importância de iniciativas como esta e lembrou que o Tejo “tem de ser olhado de uma forma muito clara”.

“As diversas entidades que tutelam esta matéria têm de perceber que o rio mais importante de Portugal tem de ter mais água, precisamos de mais barragens,” defendeu.

“Há muitos projectos que temos que muitas vezes esbarram nessas entidades. Há alguns anos atrás disse que queríamos aqui pôr um cais, fizemos uma candidatura que foi chumbada por uma série de entidades e não o conseguimos”, lamentou.

Para Ricardo Gonçalves, “são eventos como estes que estamos hoje aqui a realizar que vão demonstrar a essas entidades que estas populações querem viver junto ao rio, preservam-no melhor que muitos ambientalistas e que conhecem melhor o rio que muitos deles”, considerou.

Para o autarca as Caneiras são “uma marca” de Santarém e convocou todos os presentes para que, “de mãos dadas demonstremos a essas entidades que não nos deixam fazer o que gostaríamos de fazer, para que tenham a certeza absoluta que tanto a Câmara de Santarém como a União de Freguesias vão trabalhar para que isso aconteça”, prosseguiu.

O presidente da Câmara de Santarém lembrou ainda, “há uns anos atrás” o repto lançado aos presidentes de Junta do Concelho “que a pandemia quebrou, no sentido de estes organizarem festivais diferenciadores que nos permitam demonstrar aquilo que é a nossa cultura, o que melhor se faz na nossa gastronomia, o nosso apego á terra”, lembrou.

“O orgulho que todas as pessoas têm nas Caneiras é o orgulho que nós, vereadores, presidentes de junta, deputados, temos nas Caneiras. Uma jóia que todos temos de ajudar a preservar”, concluiu Ricardo Gonçalves.

‘Tejo Com Vida’ é um evento que na componente gastronómica terá todos os tipos de peixes do rio, dando destaque à fataça e enguia, e os interessados vão poder ainda provar a sopa de peixe feita pelos pescadores das Caneiras.

O serviço das refeições fica a cargo de um restaurante da cidade e a restante animação é organizada pela Associação Amigos das Caneiras.

Depois do dia inaugural que contou com a actuação de Rosinha, a iniciativa ‘Caneiras Com Vida’ prossegue hoje, a esta hora, com demonstração e degustação de Peixe do Rio, a cargo do chef Rodrigo Castelo, serviço de jantar, e baile com a Banda Fora de Série seguida do DJ Double R.

Amanhã, domingo, pelas 11h00, chegada dos Caminheiros do Círculo Cultural Scalabitano; 11h30, animação para Crianças; 12h30, início do Serviço de Almoços e Bar; 16h00, Tarde de Folclore com a actuação dos Grupos Rancho Folclórico do Bairro de Santarém, Graínho e Fontaínhas e Grupo Etnográfico da Portela das Padeiras – Santarém.

Um gigante predador nas águas do Tejo

Depois da inauguração do “Fim de Semana Gastronómico do Peixe do Rio”, nas Caneiras, teve lugar a apresentação do projecto ‘Megapredator’, por técnicos do Politécnico de Santarém e da Fundação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Trata-se do estudo do impacto da espécie Silurus glanis nos rios europeus, em especial no Rio Tejo.

Um Silurus é visto como uma ameaça à pesca, à biodiversidade, à cultura e às tradições, pelo que os investigadores aconselham à sua captura.

Este projecto assenta na comunicação e sensibilização de todos os utilizadores do rio sobre os impactos ambientais do também designado peixe-gato-europeu. Está a ser feita a avaliação da pressão de predação da espécie nas comunidades aquáticas através de estudos da sua dieta e a avaliação espacial e temporal das agregações de silurus como janelas de oportunidade para o seu controlo populacional.

O projecto ‘Megapredator’ faz ainda o estudo do comportamento e dos movimentos predatórios do peixe-gato-europeu com recurso à telemetria de adultos marcados no rio Tejo.

Estão ainda a ser desenvolvidos métodos de pesca dirigidos a esta espécie predadora para aumentar a eficácia do controlo populacional da espécie.

Os pescadores profissionais estão a ser envolvidos no projecto no sentido de colaborarem em campanhas de controlo populacional dos silurus.

O ano de 2006 marca a chegada deste predador invasor a Portugal, através do rio Tejo.

Dois metros e 60 quilos são as dimensões do maior peixe-gato-europeu pescado no rio Tejo, mas a espécie pode atingir os 2,8 metros e pesar 120 quilos.

Aos dois anos de vida, atinge 40 centímetros de comprimento, podendo viver até um máximo de 70 anos. É conhecido como a Orca de água doce, devido ao comportamento predatório de caçar pombos e patos junto às margens dos rios.

No rio Tejo, 90 por cento do peso das presas deste predador são peixes de elevado valor, comercial e de conservação, como a enguia-europeia, o sável, a lampreia-marinha e o barbo-comum. Um peixe-gato-europeu de dois metros (60 quilos) consome anualmente cerca de 360 quilos de outros peixes do rio.

Esta espécie está sujeita ao disposto no Decreto-Lei n.º 112/2017 que refere que não existe qualquer período de defeso, nem limites ao número de indivíduos capturados. Proíbe ainda a devolução dos espécimes capturados ao meio natural e a sua introdução pode ser considerada um crime ambiental, podendo a coima ascender a 20 mil euros.

No âmbito do projecto ‘Megapredator’, mais de 300 pescadores já foram entrevistados para avaliar a sua percepção sobre o siluro. Mais de 90 por cento dos entrevistados responderam que tem impactos negativos sobre as outras espécies. Porém, quatro em cada dez pescadores lúdico-desportivos ainda devolvem ilegalmente esta espécie invasora ás massas de água, após a sua captura.

O ‘Megapredator’ é um Projecto de Investigação de Carácter Exploratório financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, tendo como entidade beneficiária a Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Santarém e João Gago como o investigador responsável.

Tem como entidade parceira a Fundação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

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