A conversa “Que paisagens pode um festival criar?” abriu terça-feira, no Cartaxo, a 11.ª edição do Festival Materiais Diversos (FMD), que encerra, dia 17, em Minde (Alcanena), com um concerto de Surma.
A 11.ª edição do FMD acontece no Cartaxo, Alcanena e Minde, sob o signo da “desaceleração”, com 26 actividades e meia centena de artistas e participantes.
A programação do FMD inclui sete espectáculos nacionais e dois internacionais, quatro deles em estreia e um em antestreia, seguindo dois eixos paralelos, pontuados por 11 conversas que partem de 11 perguntas e por uma “caminhada” simbólica de sul para norte, ligando os dois concelhos onde acontece o festival, com o primeiro fim de semana centrado no Cartaxo e o segundo em Alcanena e Minde.
Do lado internacional, o festival apresenta um projecto de Marcelo Evelin, convidado a criar um objecto artístico de raiz, “Filme”, em colaboração com Fernanda Silva e o realizador Danilo Carvalho, “a partir da figura emblemática da onça-pintada: um mamífero em extinção que vive nas matas brasileiras, animal selvagem de força e beleza exuberantes, um mito que incorpora os xamãs nos seus rituais de cura, central nas cosmologias Ameríndias”.
Por seu lado, Alina Ruiz Folini, que “investiga a partir da prática da escuta, com o desejo de desierarquizar a relação entre ver, dizer e escutar”, propõe, com “Ruído Rosa”, uma “experiência corporal de tensão entre polos não opostos, onde os sentidos não são binários, para observar as várias formas de colaboração, dissociação e ressonância entre oralidade, som e movimento”.
Para além de “Filme” e de “Ruído Rosa”, que será apresentado dia 09 de Outubro no Centro Cultural do Cartaxo, o festival apresenta mais três estreias e uma antestreia.
Esta acontecerá hoje, sexta-feira, dia 08 de Outubro, na Sociedade Filarmónica Incrível Pontevelense (em Pontével, no concelho do Cartaxo), com o espectáculo “O Estado do Mundo (Quando Acordas)”, criação de Inês Barahona e Miguel Fragata, da companhia Formiga Atómica.
“Palmira”, peça de teatro com música ao vivo, de Anabela Almeida e Sara Duarte, em que duas mulheres questionam o que é ser homem e ser mulher, terá a sua estreia, dia 08 de Outubro, na Galeria José Tagarro, no Cartaxo.
O trabalho que o Teatro do Frio tem vindo a desenvolver com jovens que frequentam o Centro de Convívio do Cartaxo, na procura de “outras formas possíveis de habitar” o jardim central da cidade, deu origem a “Paraíso Bruto”, outra das estreias do FMD agendada 10 de Outubro, no Centro de Convívio.
“Subterrâneo”, instalação de Bruno Caracol a partir do conto “Fragment d’histoire future”, de Gabriel Tarde, aproveitando a espeleologia e bio-espeleologia da Serra d’Aire, pode ser vista dia 15 de Outubro, na Fábrica de Cultura de Minde, estando agendadas para os dias seguintes visitas ao polje de Mira-Minde, com o movimento de transição Mira-Minde.
A programação da 11.ª edição do FMD, que em 2017 assumiu um formato bienal, surge enquadrada pelas expressões “Repara (na dupla aceção de concerto, de refazer, e de parar para observar), Cuida, Partilha”, tendo sido construída a partir da “leitura” dos projectos propostos ou resultantes de convites a artistas, disse, em Agosto, a directora artística da Materiais Diversos, Elisabete Paiva.
“No último ano e meio temos todos e todas, no sector cultural e fora dele, falado em mudança, que é agora que vai mudar”, disse, declarando a sua convicção de que “ainda mudou muito pouco”, pelo que, como estrutura cultural, a Materiais Diversos sentiu necessidade de “passar à acção”.
Daí as 11 perguntas na base das 11 conversas propostas a uma pluralidade de participantes e a ideia de “desaceleração”, de aproximação ao território e às pessoas e de abertura à acessibilidade, sem abdicar do “espaço para experimentar”.
O FMD encerra dia 17 de Outubro com um “Piquenique Comunitário”, em Minde, com um convite a todos os que participam a levarem “algo para partilhar”, seguido do concerto de Surma, às 18:30, no Coreto de Minde.