Depois de 2 anos de paragem, o festival organizado pelos Maiorais – Secção Cultural da Casa do Povo de Rio Maior volta a apresentar alguns dos mais recentes projectos que marcam o panorama da música no nosso País.
Cachorro sem Dono (novo projeto de Stereossauro e João Cabrita), Éme e Moxila, Domenico Lancellotti, Humana Taranja, Surma e Conjunto!Evite são os artistas convidados desta quarta edição deste festival, que se realiza entre 23 de Abril e 2 de Julho, dividido em três eventos a realizar no cineteatro de Rio Maior.
O primeiro evento irá decorrer já no próximo dia 23 de abril, às 21h30 no Cineteatro de Rio Maior e contará com Stereossauro (BeatBombers, NBC, Plutónio, Slow J, Ana Moura, Capicua, Gisela João, Carlos do Carmo, Dino d’ Santiago, The Legendary Tigerman, Rui Reininho, DJ Ride, Paulo de Carvalho) e o saxofonista João Cabrita (Sitiados, Despe e Siga, os Assessores (banda que acompanha Sérgio Godinho), Dead Combo, Susana Félix, Caetano Veloso, Rui Veloso, Vitorino, Martinho da Vila, Cool Hipnoise, Paulo de Carvalho, Jorge Palma, Orelha Negra, D.A.M.A., X- Wife, The Legendary Tigerman), que estarão a apresentar o seu novo projecto em conjunto, Cachorro sem Dono, cujo álbum de estreia foi editado este mês pelo selo da editora Omnichord, de Leiria.
Este projecto sonoro e narrativo conta a história de dois detetives privados com pouca sorte e um passado pouco claro, famosos por aceitarem casos bizarros. Convocando os amplos universos sonoros em que Stereossauro e Cabrita têm trabalhado, este é um espetáculo de distintas linguagens musicais, do funk ao jazz, do trip hop à electrónica, nunca deixando de revelar a identidade estética e singular dos seus autores. Por vezes em registo mais acelerado, noutros momentos em tons mais melancólicos, Cachorro Sem Dono vai percorrendo diferentes perspectivas, registos e ambientes, à medida que vai desvendando as façanhas destes dois detetives de coração mole.
A abrir a noite de 23 de Abril, estarão Éme e Moxila, que apresentam o novo álbum homónimo, editado em meados de Março. Balanceado entre o country, a folk anglo-americana e a tradição portuguesa, ouvimos as marcas do universo deste duo, sempre com frases certeiras e uma escrita bem apurada. Num mundo cada vez mais desencantado e atrofiado, Éme e Moxila trazem o encanto e a leveza. São sem dúvida uma contribuição para inscrever no presente, parte do património da música popular e tradicional portuguesa, sincronizada com música de outras geografias, muitas vezes com mais pontos de contacto do que parece à primeira vista.
No dia 22 de Maio, novamente às 21h30, terá lugar a 2ª noite de concertos. Domenico Lancellotti é referência máxima em termos de instrumentistas da música popular brasileira contemporânea. Lancellotti mistura o samba tradicional do Rio de Janeiro com uma abordagem eletrónica. O carioca, de ascendência italiana formou nos anos 90 uma banda de rock experimental, “Mulheres Q Dizem Sim”, tendo começado nesse período a trabalhar com Moreno Veloso e com Alexandre Kassin. Lancellotti gravou Domenico +2 com Moreno e Kassin, no âmbito do projeto +2. O artista colaborou com nomes como Adriana Calcanhotto, Caetano Veloso, Daniel Jobim, Gal Costa, Gilberto Gil, Fernanda Abreu e Quarteto em Cy, participando também em projetos como a Orquestra Imperial ou Os Ritmistas. Depois de editar Cine Privê (2011) e Serra dos Órgãos (2017) – eleito o 24º melhor disco brasileiro de 2017 pela revista Rolling Stone Brasil, acrescenta agora à lista Raio (2021) que nos vem apresentar. Domenico, que irá apresentar o seu mais recente disco, Raio, editado em 2021 pela editora portuguesa Arraial, deixa em aberto a presença de um convidado muito especial no seu concerto, a confirmar dia 22.
Cabe aos Humana Taranja, banda barreirense do selo Hey, Pachuco!, abrir essa noite de concertos. Surgem em 2018 com o EP “Demo Tapes”. O seu último trabalho discográfico denominado “Quase Vivos”, editado em 2020 foi considerado pela espanhola Mindies como o 26º melhor álbum português da cena indie do mesmo ano. Em 2021 ganham uma menção honrosa pela sua atuação no Festival Emergente e em dezembro de 2021, tocam no Festival Termómetro.
A fechar o Festival, no dia 2 de Julho teremos a Surma. Sozinha em palco, rodeada de uma dúzia de instrumentos e com a sua voz, Surma inspira-se no silêncio para criar um universo próprio de canções que tanto bebem no jazz como na eletrónica. O seu disco de estreia “Antwerpen” recebeu as melhores críticas de meios como Expresso, Público ou Blitz, sendo na imprensa, de forma quase unânime, considerado um dos melhores discos nacionais de 2017. Foi também nomeado pela IMPALA (Associação Europeia de editoras independentes) como um dos 20 melhores discos europeus de 2017. O single “Hemma” foi também nomeado para melhor canção nos prémios SPA Autores 2017.
Em 2018 e 2019 apresentou-se ao vivo por mais de 250 vezes em quinze países. Dos norte-americanos South By Southwest ou NYC Indie Week ao londrino 100 Club, do holandês Eurosonic ao Francês MaMA, do islandês Iceland Airwaves ao espanhol ARN, do brasileiro SIM São Paulo ao alemão Das Fest, do macaense This Is My City ao chinês Strawberry Festival. Em Portugal tanto atuou em festivais como o NOS Alive, Super Bock Super Rock, NOS Primavera Sound ou Paredes de Coura como no circuito de pequenos clubes ou nas salas como a Gulbenkian e o CCB. Mais recentemente, Surma participou nos Concertos Para Bebés ou os 5ª Punkada (Projeto de utentes da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra). Tem desenvolvido muito trabalho de sonoplastia e bandas sonoras para Teatro e Cinema (onde foi nomeada para os Prémios Sophia pela composição para “SNU”). Esteve envolvida em processos de criação colaborativa com nomes como Rodrigo Leão, João Hasselberg, Quim Albergaria, Russa, Dj Glue, Victor Araújo, Tomara ou Tiago Bettencourt. Em 2019 participou no Festival RTP da Canção, com a canção “Pugna”, onde alcançou o 5º lugar. Em anos posteriores deste festival, participou numa atuação de intervalo em 2020, como jurada regional da região Centro em 2021 e jurada das semifinais em 2022.
Os Conjunto!Evite abrem essa mesma noite e apresentam o seu 4º trabalho editado Penso Logo Desisto. A banda riomaiorense define o seu som como Rock Progadélico, um género que exprime a fusão entre texturas Psicadélicas e o atrevimento do Rock Progressivo. Participaram na colectânea Novos Talentos FNAC 2018 e contam com outros 3 trabalhos editados: Conjunto!Evite e Ondas e Marés, EP’s editados em 2014 e 2016 e o Se Isto é um Disco, LP editado em 2019. Querem desafiar e ser desafiados pela música que compõem e produzem, em colectivo, com os seus riffs distorcidos e teclados retro a lembrarem Pink Floyd, Frank Zappa e King Gizzard and the Lizard Wizard mas as palavras remetem-nos para Jorge Palma, Tim ou Manuel Cruz.
Desde a sua primeira edição em 2014, o Festival Nascente trouxe à cidade de Rio Maior mais de 30 projectos artísticos, desde a música, artes plásticas e cinema documental. Nomes como os Twist Connection, Pista, Cave Story, Birds are Indie, Vaiapraia e as Rainhas do Baile e Jiboia, passaram pelo evento e desde então seguiram com carreiras ascendentes a nível nacional e internacional.
Com um novo formato, mas mantendo o foco em projectos originais, representativos das novas tendências da música popular, a organização a cabo dos Maiorais, procurou trazer projectos musicais abrangentes e que vão desde o Funk, HipHop, Cantautores, Rock Progressivo, Pop-Rock, Electro-Pop e samba-jazz
Os bilhetes encontram-se à venda online em www.ticketline.sapo.pt e na bilheteira do Cineteatro de Rio Maior. O cartaz desta edição do Festival Nascente é da autoria do artista riomaiorense João Rosa Narciso.
O evento conta com o apoio da DGArtes no âmbito da Linha de Financiamento às Entidades Culturais Não Profissionais da Região de Lisboa e Vale do Tejo, da Câmara Municipal e do Cineteatro de Rio Maior.