Aproximamo-nos a passos largos do final de mais uma temporada tauromáquica em Portugal, com a incerteza do que nos poderá reservar o futuro, sempre inquietante e misterioso.

Em redor da Festa Brava pululam cada vez mais anti-taurinos que, de uma maneira concertada ou isoladamente, assumem a crítica acérrima ao espectáculo tauromáquico, destacando-se a dirigente e única deputada do PAN que arvorou a tauromaquia como a bandeira da sua sobrevivência política.

Porém, a nível interno, ou entre os agentes taurinos nacionais, incluindo toureiros e empresários, o contributo também não tem sido muito favorável, tendo eclodido uma mini tempestade com o cancelamento da corrida mista anunciada para Vila Franca de Xira, no passado dia 6 de Outubro, que estava a gerar tanta expectativa, e que não foi por diante, segundo o empresário, devido à recusa dos dois matadores de toiros que incluíam o cartel se haverem negado a tourear os toiros que haviam sido aprovados pela Direcção da Corrida. Mas, há outras versões…

O empresário, Ricardo Levezinho, que sempre evidenciou competência e seriedade na gestão das praças que foram concessionadas à Tauroleve, Lda., não teve engenho nem arte – ou, talvez, vontade nem paciência – para encontrar uma alternativa, nem que fosse através da substituição daquela dupla de toureiros.

O certo é que a corrida foi cancelada, com o compreensível transtorno para todos os aficionados que se deslocaram a Vila Franca – alguns de bem longe, o que acarretou elevadas despesas – não merecendo a consideração de ninguém, pois tiveram de regressar a casa, desiludidos e frustrados, e com menos uns euros nos bolsos.

O público, em boa parte constituído por indefectíveis aficionados, deveria merecer mais respeito por parte de quem vive da Festa Brava, pois se não fossem as receitas de bilheteira não seria possível pagar os honorários aos toureiros, o aluguer dos toiros, os arrendamentos das praças, nem as demais despesas associadas à realização deste tipo de espectáculos, nomeadamente os impostos e a publicidade.

Por mais que muito boa gente tente tapar o sol com a peneira, e mau grado algumas lotações esgotadas ao longo da temporada, como foram os casos do Campo Pequeno, de Santarém e da Nazaré, constata-se ao longo das últimas décadas uma redução do número de espectáculos realizados e, em consequência disso mesmo, uma substancial redução do número de espectadores.

Não é bom sinal…

Não é difícil carrear razões para esta involução, encontrando-se algumas “desculpas” para o actual cenário, porém, mais importante do que encontrar “desculpas” que sirvam o nosso interesse (cultural e moral) é aceitarmos que esta é uma inevitabilidade, desde logo pela contra-informação da opinião pública, contaminada por grosseiros e mesquinhos ataques dos que não olham a meios para extinguir a actividade taurina, e das escolas oficiais, cujos professores maioritariamente professam uma “ideologia anti-taurina”, animalizando os humanos e humanizando os animais.

Isto é o que temos, e é aqui que deveriam concentrar-se os maiores esforços para defender o futuro da Tauromaquia, para além de que as boas práticas e os bons exemplos de quem vive da Festa seriam certamente os melhores contributos para a manter num tal plano de dignidade que tornasse mais difícil os propósitos dos “antis”.

LM

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