O futuro do Cine-Teatro Rosa Damasceno, um dos edifícios de maior valor patrimonial em Santarém, continua envolto em incertezas, como foi abordado na última reunião da Assembleia Municipal, realizada a 30 de setembro. O presidente da Câmara Municipal de Santarém, João Leite, destacou que a recuperação do edifício histórico enfrenta entraves significativos, principalmente devido ao estado de insolvência do proprietário atual e à falta de fundos necessários para a sua requalificação.
O Cine-Teatro Rosa Damasceno, outrora um dos principais polos culturais de Santarém, encontra-se actualmente degradado e em risco de perder o seu valor histórico caso não seja alvo de intervenções urgentes. De acordo com João Leite, é necessário um investimento de cerca de 500 mil euros apenas para a consolidação da barreira associada ao teatro, antes de qualquer projeto de recuperação poder avançar.
Contudo, a situação de insolvência do proprietário tem travado qualquer possibilidade de intervenção imediata por parte do município. “Sem resolver este impasse legal, não podemos avançar com obras nem utilizar fundos comunitários que poderiam ser aproveitados para a sua recuperação”, afirmou o autarca durante a reunião.
Hasta pública deserta e bloqueio de fundos
O presidente da câmara revelou ainda que uma hasta pública anterior, que visava a venda do imóvel, terminou sem qualquer interessado, deixando o edifício sem comprador e com um futuro ainda mais incerto. Esta falta de interesse agrava a situação de abandono, tornando cada vez mais difícil a sua requalificação.
João Leite frisou que o município tem vindo a tentar encontrar soluções, mas que, até à resolução da insolvência, a situação jurídica do imóvel impede o acesso a fundos comunitários, o que limita a capacidade de financiamento para obras de reabilitação. “Enquanto não pudermos avançar com o processo legal, as mãos da câmara estão atadas”, lamentou.
Apesar das dificuldades, João Leite não descartou a possibilidade de integrar o Cine-Teatro Rosa Damasceno num plano mais amplo de revitalização cultural para Santarém. O autarca sugeriu que o edifício, juntamente com o adjacente edifício do Banco de Portugal, possa ser transformado numa Casa das Artes e da Cultura, servindo como um espaço de dinamização artística e de eventos culturais.
“Estamos a explorar formas de financiar este projeto através do Portugal 2030, um programa de fundos comunitários que poderia viabilizar a recuperação do Rosa Damasceno e a sua integração num projeto cultural mais vasto”, explicou João Leite. O presidente sublinhou que este projeto permitiria não só preservar o valor histórico do edifício, como também revitalizar a oferta cultural da cidade, criando um novo polo de atração turística e artística.
João Leite reiterou o compromisso da câmara em procurar soluções para a preservação e reabilitação do Cine-Teatro Rosa Damasceno. “Este é um edifício de grande valor para Santarém, e a sua recuperação é uma prioridade para o executivo. Não podemos permitir que se perca um pedaço da nossa história e cultura”, afirmou o presidente, sublinhando que a câmara continuará a explorar todas as opções possíveis para viabilizar a recuperação do espaço.
Contudo, enquanto a situação legal do edifício não for resolvida, o futuro do Rosa Damasceno continuará suspenso, com o risco de deterioração a aumentar a cada dia.