Giuseppe Nicolau de Bastos, reconhecido empresário Giuseppe de Bastos, foi um dos mais importantes preponderantes empresários e produtores teatrais portugueses do século XX. Nascido em 8 de Dezembro de 1911, em Lisboa, o seu infausto e inesperado falecimento, no dia 11 de Abril de 1975, deixou a classe artística perplexa, na sequência de um ataque fulminante que sofreu, em sua casa, ao acordar. Tinha em cena um enorme sucesso teatral; a sua primeira Revista depois da Revolução de Abril, denominada “Até Parece Mentira” no Teatro Maria Vitória, um êxito enorme; o abrir da Bilheteira, formavam-se filas desde a entrada do Parque Mayer, até à curva para a Praça da Alegria. Um sucesso grandioso, que ele, com enorme júbilo, ainda presenciou.
A vida profissional de Giuseppe Bastos esteve integralmente dedicada ao Teatro, principiando a carreira com a gestão de um Teatro desmontável instalado no recinto que viria a tornar-se o “Estádio Mayer”, no conjunto do Parque Mayer. Provido de vigoroso instinto empresarial, e grande entusiasmo pelo espetáculo, velozmente ampliou o seu campo de ação, assumindo o benefício e a gestão do Cineteatro Capitólio, e criando sociedades, com personalidades fundamentais do meio teatral português, como Vasco Morgado, com quem repartiu a gestão do Teatro Maria Vitória, e do Teatro Variedades.
A atividade e influência do empresário ultrapassou largamente o âmbito de Lisboa, tendo levado produções ao Teatro Sá da Bandeira no Porto, e organizou, produziu e realizou espetáculos em várias ilhas dos Açores, bem como em Moçambique, Angola, na África do Sul e no Brasil, contribuindo para a produção e apresentação do Teatro Português, e para a diáspora portuguesa. A sua gestão, resultou numa notável internacionalização da oferta artística em Portugal, ao trazer artistas brasileiros, espanhóis e franceses, entre outros. Tal facto, permitiu enriquecer o panorama cultural e alargar os horizontes do público português face a novas linguagens cénicas.
Além da administração e produção diárias, Giuseppe de Bastos desempenhou um papel crucial em projetos que visavam renovar o panorama teatral português. Exemplo disso foi a sua colaboração, em 1958, com a atriz e produtora Laura Alves, através da sua empresa, na fundação do “Teatro de Sempre”. Embora esta Companhia tenha tido uma existência efémera, foi marcante no esforço de modernização e diversificação do reportório nacional. Este projeto trouxe ao público textos de elevado valor literário e dramático, como “O Gebo e a Sombra” de Raul Brandão, “O Mentiroso” de Goldoni, e “Seis Personagens à Procura de um Autor” de Pirandello. Esta seleção evidenciou a intenção de Giuseppe de Bastos em apoiar, não só o teatro comercial, mas também, espetáculos de maior exigência artística. Paralelamente, colaborou com Eugénio Salvador na criação de grandes produções de Teatro de Revista, no Coliseu dos Recreios, sublinhando a importância deste género, como uma das formas de espetáculo mais populares em Portugal. Ao longo de várias décadas de carreira, Giuseppe de Bastos consolidou-se como um nome incontornável na produção teatral.
Reconhecido pela sua incansável energia, notável capacidade de organização, e visão cosmopolita que imprimiu à atividade artística portuguesa. O MEMORÁVEL trabalho de Giuseppe Bastos, contribuiu decisivamente, para dinamizar o Teatro em Portugal, proporcionar oportunidades aos artistas, e promover o acesso do público a reportórios variados. O Teatro Maria Vitória, foi o último espaço onde trabalhou, tendo como secretário Hélder Freire Costa, que lhe sucedeu como empresário, e mantém viva a memória e o legado de Giuseppe Bastos: “Sinto um grande orgulho em ter sido seu secretário e braço direito, durante quase os seus últimos onze anos de vida, e tenho enormes saudades desses bons tempos, em que consigo colaborei. É costume dizer-se que a pessoa só morre quando ficar no esquecimento. Garanto, que enquanto eu for vivo, Giuseppe Bastos não morrerá!”.
