Gonçalo Sousa é o mais recente presidente da Sociedade Filarmónica Ereirense, na Ereira, concelho do Cartaxo. Com apenas 23 anos é um dos poucos jovens que mostra vontade e iniciativa de enveredar no mundo do associativismo. Estudou na Escola Secundária do Cartaxo, onde terminou o 12º ano, e trabalha desde 2018 como técnico de telecomunicações.

Conta ao Correio do Ribatejo que enveredou na filarmónica por obrigação da mãe, mas que as ligações familiares acabaram por falar mais alto, já que um dos fundadores da filarmónica era o seu trisavô, e quando sentiu que o fim da filarmónica estava perto, por não haver ninguém a querer assumir a direcção, deu um passo em frente e passou a liderar os destinos da associação.

Com que idade se juntou à filarmónica?

Com 6 anos juntei-me à filarmónica começando pela aprendizagem básica do solfejo e eventualmente com a aprendizagem de instrumento.

O que o levou a juntar à filarmónica?

Por curiosidade, no início não queria aprender música nem fazer parte da filarmónica fui quase como que “obrigado” pela minha mãe. No entanto com o passar do tempo foi-se tornando cada vez mais uma paixão e um hobby em que me divertia e me fazia sair da rotina do dia a dia.

Também devido à ligação familiar que tenho com a filarmónica era certo que mais cedo ou mais tarde iria fazer parte dela, foi o meu trisavô que em conjunto com outros senhores fundaram a nossa filarmónica. Tenho familiares que também fazem parte da banda.

É um dos poucos jovens com vontade de assumir um cargo de dirigente associativo. O que o levou a fazê-lo?

Aceitei este desafio por duas razões: a primeira foi devido ao facto de a direcção que estava em funções não estar interessada em continuar. O outro é que infelizmente na nossa sociedade temos sempre grandes dificuldades em formar uma direcção e, desta vez, não estava a ser exceção.

Corríamos o risco de ter de parar a nossa actividade por não termos direção e esse foi o maior motivo de ter assumido o cargo. Não querer que a nossa banda parasse actividade e continuasse a fazer as suas funções. Então com um colega da mesma idade, o Carlos Rodrigues, decidimos dar a nossa disponibilidade para fazer parte da direcção. Eu como presidente e ele como tesoureiro ficando o nosso presidente cessante, Luís Correia, como secretário-geral.

Como vê o movimento associativo hoje em dia?

Acho que actualmente o movimento associativo, mais em específico as filarmónicas, está cada vez esta mais decadente porque já não existe o interesse nas bandas como havia antigamente nos tempos dos nosso pais e avós. Seja nas cidades como nas aldeias, porque hoje em dia existe inúmeras actividades que os mais jovens podem participar enquanto antigamente só havia meia dúzia delas. Como o participar numa filarmónica é uma actividade que precisa de mais prática seja no solfejo ou no instrumento os mais jovens acabam por desistir.

Também devido ao facto de ser uma actividade em que só existe um progresso mais rápido se realmente existir essa práctica senão é um progresso mais lento o que acaba por ser frustrante para o aprendiz.

Que estratégias é que se pode empregar para atrair mais jovens ao movimento associativo?

Isso é a pergunta mais difícil, pode se dizer mesmo que é a “pergunta milionária”, o que todas as associações querem saber. É muito difícil de atrair os mais jovens para as associações porque infelizmente são coisas que são vistas como “antiquadas” e já não é dado o devido valor, acredito que um dia quando as associações estiverem todas para terminar se comece a dar o devido valor, mas esperemos que não seja demasiado tarde.

As filarmónicas manifestam sempre alguma dificuldade em recrutar jovens para as integrar. Sente essa dificuldade na filarmónica ereirense?

Sim, também sinto essa dificuldade aqui principalmente devido ao facto de sermos uma aldeia pequena em que a maior parte da nossa população é idosa e as gerações não serem renovadas. Apesar de termos uma escola de música funcional nem sempre é garantido que os alunos acabem por integrar a banda.

Que dificuldades tem enfrentado desde que assumiu a direcção?

De momento ainda não senti nenhuma dificuldade fora do normal desde que assumi a direcção, tem sido uma transição simples, mas eventualmente quando aparecerem essas dificuldades encontrar-se-ão soluções para as mesmas.

Que importância pode ter o associativismo para as comunidades?

A importância do associativismo é de ser das poucas coisas, nos dias de hoje, que permite e incentiva o convívio das pessoas, são actividades que as pessoas têm fora da sua rotina que lhes permite aprender algo, divertirem- se com essa actividade e conviverem com outras pessoas, ou seja, no meu ponto de vista o associativismo na comunidade serve como meio das pessoas conviverem.

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