Grimoaldo Alhandra Duarte, aos 100 anos de idade, vai ser homenageado na próxima quinta-feira, 1 de Fevereiro, durante um almoço que irá decorrer no restaurante Quinzena do Hotel Santarém e cujas inscrições estão ainda em aberto.
Promovido por um conjunto de amigos, a homenagem conta já com cerca de meia centena de inscritos, envolvendo igualmente entidades que passaram pela vida do homenageado, como a Escola de Regentes Agrícolas e a Associação Académica de Santarém da qual é, actualmente, o sócio número 1.
Há quatro anos, o ex-aluno da Escola de Regentes Agrícolas, apaixonado pela sua cidade da qual conhece “todos os becos e ruas”, decidiu passar para o papel as memórias que guarda da Escola que o acolheu. Daí nasceu “Ao Rasgar da Ganga”, um estudo que retrata as vivências estudantis da época em que frequentou a escola, hoje, Superior Agrária de Santarém.
“Era da praxe os alunos que acabavam o curso vestirem-se de ganga. Uma jaqueta ribatejana de ganga, os calções eram como os oficiais da tropa com botas altas, e era praxe quando um aluno acabava o último exame ou o fim do curso ver a sua roupa ser rasgada. Rasgavam a ganga e ficavam com uma recordação que era assinada por quem acabava o curso,” explicou Grimoaldo Duarte ao Correio do Ribatejo quando o entrevistamos a propósito do estudo.
“Aquela escola foi extraordinária em todos os capítulos. Formou técnicos extraordinários como Celestino Graça, Caetano Marques dos Santos, entre muitos outros, forcados e cavaleiros consagrados como D. José Ataíde, David Ribeiro Telles ou Gustavo Zenkl”, lembrou.
“Mais tarde, a escola foi também um alfobre de jovens atletas através da Associação Académica de Santarém, iniciada em 1931, graças ao aparecimento de um professor de educação física extraordinário que foi o José Gameiro. A escola tornou-se um modelo. Primeiro no futebol, foram campeões nacionais naquele tempo da mocidade portuguesa. Depois, na ginástica, na mesa alemã, mas também no basquetebol, no voleibol e no rugby liderado pelo Eng. Féria. Todos foram gratas referências para Santarém”, memoriza.
No livro “Ao Rasgar da Ganga”, Grimoaldo Duarte recorda a Escola de Regentes Agrícolas e as suas actividades: “desde teatro, gincanas de automóvel, todos os anos havia festas que chegavam a durar oito dias e terminavam com um baile de gala, onde comparecia toda a sociedade de Santarém, de borla, paga pelos alunos, era uma coisa extraordinária. Tínhamos as récitas, tiro aos pombos, tiro aos pratos, tudo se fazia naquela escola.
Os antigos alunos transformaram-se em professores catedráticos, médicos, advogados, até um bispo-emérito de Benguela, D. Óscar Braga da Cruz, aluno até ao 7.º ano da escola”, recordou ao Correio do Ribatejo.
Grimoaldo Duarte, colaborador deste Jornal durante décadas, escreveu ainda, para além de “Ao Rasgar da Ganga”, os estudos ‘História da Académica de Santarém’, o ‘Diário de um Charrua’, e um “Roteiro da Cidade de Santarém”, sobre a Santarém do seu tempo.
Quem pretender comparecer no almoço de homenagem do próximo dia 1 de Fevereiro, pode ainda inscrever-se até à próxima segunda-feira, junto da organização, para o telemóvel 918704839.