Intitulado ‘Timor: do tebe dai ao futu-manu’, o livro foi apresentado no salão nobre da Câmara Municipal de Santarém e contou com a presença de vários convidados.

Preservar o passado, através da história. É este o objetivo do livro ‘Timor: do tebe dai ao futu-manu’, da autoria do escritor Cândido do Carmo Azevedo e que foi apresentado no dia 17 de junho, no salão nobre da Câmara Municipal de Santarém. A cerimónia contou também com a presença do professor Martinho Vicente Rodrigues, diretor do Centro de Investigação Professor Doutor Joaquim Veríssimo Serrão e do professor doutor Jorge Olímpio Bento, vice-reitor da Universidade do Porto, que teceram as suas considerações acerca da obra.

O livro surgiu da intensificação dos estudos sobre Timor, bem como da necessidade em alargar o conhecimento histórico sobre a ilha. “Torna-se uma oportunidade para fazer emergir a criatividade, o génio e a aventura da investigação histórica, imprescindível para quem queira conhecer a história de Timor”, referiu o professor Martinho Vicente Rodrigues, durante o seu discurso na sessão de abertura referente à obra literária.

Também para o professor doutor Jorge Olímpio Bento, a obra assume especial relevância, sobretudo nos tempos atuais. “A ordem internacional desfez-se e ainda não temos uma nova ordem. Estamos a viver uma era de monstros e nesta circunstância, nós somos desafiados a assumir e a redefinir a nossa identidade como povo, como nação”.

No meio de conceitos como o nacionalismo e o patriotismo, a necessidade de Portugal encontrar-se com o seu passado e comparações feitas ao autor com grandes nomes da história mundial e nacional, como Odisseu e Fernão Mendes Pinto, o vice-reitor destacou também a capacidade de Cândido Azevedo em contextualizar os conceitos ao longo da sua obra. “O professor Cândido não situa apenas o texto no contexto. Neste livro ele analisa os jogos, toda a prática lúdica, à luz do contexto geral da colonização”.

Tal contextualização não foi fácil, uma vez que o autor teve de se cingir a fontes secundárias, testemunhos pessoais e bibliotecas particulares e privadas, para concluir o processo investigativo. “Quando lá fui em 1996, então dominado pelos Indonésios, a Biblioteca Provincial e os arquivos haviam sido destruídos pelas lutas internas e pelos ocupantes indonésios”, revelou Cândido Azevedo. Traçando o percurso dos portugueses desde as ilhas do sudoeste asiático, até à sua chegada a Timor, o escritor sublinhou a falta de conhecimento dos portugueses, relativamente à história da ilha. “Falar de Timor, de ontem como o de hoje, é falar de algo distante para a maioria dos portugueses, do qual muitos hoje só saberão o nome”.

Mais do que relatar os atos distintos dos portugueses nos “confins do mundo”, o autor pretendeu divulgar o legado de Portugal deixado nesta parte do globo. “O legado que Portugal lá deixa é essencialmente o catolicismo, alguma arquitetura e, claro, a língua portuguesa que ainda hoje não alcança toda a população”, afirmou Cândido Azevedo que tenciona que a obra chegue até aos mais novos. “O livro de Timor está escrito de uma maneira muito acessível, para atrair a atenção das crianças. É preciso que eles saibam que tivemos Timor e o que fizemos por lá”.

Licenciado em Educação física e Desporto e em Ciências Históricas, Cândido do Carmo Azevedo tem 55 anos de serviço público em regiões como Moçambique, Portugal, Macau e China. ‘Pelas malhas do antigo Império – o meu quadradinho’ e ‘O lúdico na história do oriente português’ são outras das obras do autor.

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