O Tribunal de Santarém condenou na terça-feira, 26 de Novembro, a 22 anos de prisão o homem que matou a ex-companheira e feriu o homem que a acompanhava, no parque de estacionamento de uma danceteria, na Golegã, em Fevereiro passado.

O homem, com 63 anos, foi condenado a 19 anos de prisão por um crime de homicídio qualificado na forma agravada, a três anos pelo crime de violência doméstica, a nove anos pelo crime de homicídio simples na forma tentada e a dois anos por detenção de arma proibida, dando o cúmulo jurídico uma pena única de 22 anos.

Foi ainda condenado a pagar uma indemnização de 150.500 euros aos três filhos da vítima e a pagar os custos da hospitalização do homem que feriu, o qual não quis apresentar pedido de indemnização.

O tribunal considerou provado que Rui Vieira teve a intenção de matar as duas vítimas, só não tendo conseguido fazê-lo com o companheiro de Ana Silva porque este conseguiu entrar no estabelecimento de diversão nocturna.

Para o colectivo, as circunstâncias em que se deu o crime foram “especialmente graves”, porque Rui Vieira, depois de ter visto o casal na danceteria, foi a casa buscar a arma e ficou à espera que saíssem, a uma distância a que sabia (porque tinha sido caçador) que os disparos seriam fatais.

A presidente do colectivo afirmou que o facto de, no seu depoimento, o arguido ter tentado justificar os seus actos com uma alegada exibição do casal no interior do estabelecimento para o provocar é revelador da “percepção distorcida” e dos “ciúmes doentios” que já eram patentes nas numerosas mensagens que enviava à vítima.

Terminada a leitura do acórdão, Rui Vieira disse que era indiferente o número de anos a que seria condenado, que se vai matar na prisão e voltou a querer responsabilizar a vítima pelo seu acto, dizendo que era ela que o ameaçava em mensagens com referências ao novo companheiro.

A juíza Raquel Rolo recomendou a Rui Vieira que procure ter tratamento psicológico e psiquiátrico, pois “precisa de perceber que está muito errado”.

O colectivo teve em conta o facto de o arguido não ter antecedentes criminais (frisando, contudo, que neste tipo de crimes isso é comum) e de estar “relativamente bem integrado”, mas considerou “assustadora” a falta de arrependimento e de interiorização dos seus actos demonstradas durante o julgamento.

A juíza referiu o facto de Ana Silva, 53 anos, ser uma mulher “independente, trabalhadora, bem resolvida”, tendo os factos ocorrido quando já tinha terminado a relação com o arguido e numa fase inicial de um novo relacionamento.

A vítima tinha apresentado queixa junto das autoridades, alguns meses antes do crime, depois de o arguido a ter procurado em sua casa e de a ter agredido, tendo na altura afirmado que tinha receios mas que não acreditava que ele fosse capaz de a matar.

O homem que a acompanhava naquela noite ainda guarda no corpo alguns projecteis, mas a juíza frisou sobretudo o facto de ter ficado marcado psicologicamente, com impacto na sua vida.

Relacionado:

Mulher assassinada no domingo à noite na Golegã

Homem que matou ex-companheira na Golegã confessou o crime em tribunal

Leia também...

Hospital de Santarém – Uma homenagem sentida aos ‘homens e mulheres’ da Linha da Frente

Especial 130 anos do Jornal Correio do Ribatejo O mundo mudou há…

Empresário de Santarém é o mandatário nacional da candidatura de André Ventura às presidenciais

Rui Paulo Sousa, o empresário de Santarém de 53 anos, vai ser…

Vítima mortal de violento acidente na A1 é empresário hoteleiro da zona de Lisboa

João André Pereira, com 35 anos de idade, fundador do grupo “Caseiro”…

Quatro praias fluviais do distrito de Santarém com Bandeira Azul

As praias do Carvoeiro (Mação), Agroal (Ourém), Aldeia do Mato e Fontes…