Um professor português de antropologia a leccionar numa universidade canadiana foi reconhecido pela Real Sociedade do Canadá, uma das mais altas distinções científicas atribuídas a jovens investigadores no país, disse o próprio à Lusa.
“O reconhecimento é inesperado de mais de uma década de trabalho, desde que terminei o doutoramento. É uma distinção especialmente recompensadora por ter vindo para o país que me acolheu, e pelas pessoas que aqui tiveram um papel absolutamente fundamental no meu percurso, incluindo mentores e alunos”, disse Hugo Cardoso à agência Lusa.
O professor de antropologia da Universidade Simon Fraser em Burnaby, na Colúmbia Britânica, no oeste do Canadá, foi nomeado “devido aos níveis demonstrados de alto desempenho no início da sua carreira”.
Há cinco anos no Canadá, Hugo Cardoso, natural de Santarém, foi reconhecido como membro da ‘Faculdade do Novo Académico’ do Colégio da Real Sociedade Canadiana, o que, considerou, vai dar “mais visibilidade ao seu grupo e trabalho”.
“Na prática, significa mais visibilidade dada ao meu grupo de trabalho e ao que estamos a fazer. Este reconhecimento pode facilitar o acesso a fontes de financiamento por exemplo, mas também pode ajudar a investigação a chegar até aos parceiros na comunidade”, frisou o investigador.
No entanto, o reconhecimento vai também dar “mais responsabilidade”, mas o antropólogo promete dentro das oportunidade oferecidas pela Real Sociedade Canadiana procurar “respostas cientificas a questões de importância social mais ampla, como seja a desigualdade”.
Hugo Cardoso esteve no Algarve, com alunos canadianos, de 11 de Junho a 13 de Julho, numa Escola de Arqueologia de Campo, através do projecto “Muçulmanos e Cristãos em Cacela Medieval: Território e Identidades em Mudança”.
Para o futuro, espera continuar a investigação e o envolvimento com a comunidade, dando continuidade a projetos no Canadá, Portugal e México.
“Um dos meus maiores objectivos para o futuro, não necessariamente só em consequência da nomeação, é trazer o meu trabalho para a sociedade e envolver-me em projectos que têm um maior impacto e relevância social”, concluiu.
A Real Sociedade Canadiana foi criada em 1883 através de legislação parlamentar e na altura era denominada Academia Nacional do Canadá. O objectivo principal era a promoção da investigação e aprendizagem das artes, humanidades e ciências.
A Faculdade dos Novos Académicos é o primeiro sistema nacional para a geração emergente de liderança intelectual no Canadá.
Os membros do Novo Colégio são nomeados por outros membros deste Colégio, elementos da Real Sociedade Canadiana e membros institucionais.
A cerimónia oficial de entrega dos prémios aos novos membros da Real Sociedade Canadiana terá lugar de 15 a 18 de Novembro próximo, em Halifax, na Nova Escócia (este do Canadá), na Assembleia-Geral da organização.
Hugo Cardoso foi também um dos autores convidados a participar na, recentemente apresentada, publicação “Santarém. Carta Arqueológica Municipal”, uma edição do Município de Santarém que assinalou as Jornadas Europeias do Património, com o tema “Partilhar memórias”.
Uma entrevista ao professor e arqueólogo escalabitano, a viver no Canadá, pode ser lida na edição impressa do Correio do Ribatejo de 12 de Outubro.