O resultado final das obras efectuadas na Igreja da Misericórdia de Coruche, que visaram o restauro do seu interior, nomeadamente a “descoberta do retábulo primitivo e de frescos extraordinários em todos os tramos de paredes e tecto”, como refere Inez Ponce Dentinho, administradora executiva do fundo Rainha D. Leonor, que apoiou as obras do Monumento, que irá agora ser também um atractivo turístico do concelho, foi desvendado no dia 4 de Dezembro.

As obras, com um custo de 865 914,38 euros, receberam o apoio do fundo Rainha D. Leonor, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, no valor de 300 mil euros, bem como 43.276,52 do Município de Coruche, sendo o restante valor angariado pela Santa Casa da Misericórdia de Coruche, proprietária do imóvel.

Para apoiar a realização da obra, o fundo Rainha D. Leonor teve em conta que “embora estruturalmente pareça estabilizada, o estado de conservação da Igreja é preocupante. Os estudos apresentados pela Fundação Ricardo Espírito Santo Silva apontam no sentido de que, depois da obra, o imóvel será um atractivo turístico que chamará visitantes a Coruche”, acrescentando que “a Igreja da Misericórdia apresenta acabamentos arquitectónicos e decorativos de qualidade e a obra poderá trazer boas surpresas com a descoberta de pré-existências. Datada do século XVI, configura um importante elemento na história local.”

Ao Correio do Ribatejo, a provedora, Maria Inês Malta da Veiga Teixeira destacou o “cuidado e a qualidade da intervenção” no templo que será agora colocado à fruição da população e aberto ao culto religioso.

“Atendendo ao seu deficiente estado de conservação, nomeadamente aos problemas estruturais e à degradação de pintura decorativa interior, decorrente de antigas infiltrações, a Santa Casa da Misericórdia decidiu concorrer ao Fundo da Rainha Dª Leonor. As obras de Conservação e Restauro iniciaram-se em 2019 e agora estão concluídas. O que pretendemos é que este templo seja novamente vivido”, concretizou, recordando que, já em Março de 2020, o Órgão de tubos do Monumento foi alvo de uma intervenção, de cerca de 70 mil euros.

A igreja da Misericórdia é um edifício de origem seiscentista que foi objecto de alterações no século XVIII, sobretudo após o terramoto de 1755, e mais tarde alvo de uma extensa campanha decorativa no final do século XIX. Ao longo do século XX sofreu algumas intervenções que a descaracterizaram e nas últimas décadas foi objecto de algumas beneficiações localizadas, mas pouco documentadas, e permanecia deficitária do ponto de vista da sua conservação patrimonial e da sua valorização social e urbana.
Recorde-se que, no ano passado, a Igreja da Misericórdia de Coruche, fundada em 1580, foi classificada como monumento de interesse público, por se tratar de “um exemplar típico dos templos erguidos pelas misericórdias em todo o País”.

A portaria que classifica este monumento, publicada em Diário da República, refere que, a exemplo do que acontece com os templos erguidos pelas misericórdias, esta igreja possui “nave única e contínua com a capela-mor, retábulos triplos, simplicidade formal, Casa do Despacho e sacristia com entrada independente pelo adro, tribunas para mesários e hospício anexo”.

Assim, a classificação abrange, além da igreja, a sacristia, a Casa do Despacho, o adro e o património móvel integrado.

“O templo foi profundamente intervencionado na segunda metade do século XVIII, daqui resultando a reconstrução da fachada tardo-quinhentista e diversas alterações do interior, que conservou, em termos genéricos, a primitiva estrutura maneirista, mas cujo abobadamento e ornamentação pertencem já ao estilo rococó”, afirma a portaria.

“Entre o acervo conservado incluem-se uma série de pinturas murais completadas por três pinturas sobre tela no paramento do altar-mor e pela bandeira da confraria, exibida no coro alto, onde se guarda ainda um magnífico órgão de tubos oitocentista assinado pelo organeiro António Xavier Machado Cerveira, filho de Manuel Machado, autor do órgão do Mosteiro dos Jerónimos, e irmão do escultor Joaquim Machado de Castro”, acrescenta.

A portaria, assinada pela secretária de Estado Adjunta e do Património Cultural, Ângela Ferreira, refere o testemunho simbólico e religioso, o valor estético, técnico e material, a concepção arquitectónica e urbanística e o que reflecte do ponto de vista da memória colectiva como critérios que permitem a classificação deste templo.

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