A criação de um órgão de acompanhamento das instituições sociais da Igreja no seu diálogo com o Governo está a ser ponderado pelo episcopado católico português, admitiu hoje, em Roma, o bispo de Santarém, José Traquina.
O também presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana explicou que “esse serviço teria autoridade, em nome dos bispos, por exemplo, de estar com a União das Misericórdias e com a CNIS [Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade] junto do Governo central, junto do Ministério da Segurança Social”, para comunicar as preocupações.
José Traquina, que fez esta revelação no final de uma visita dos bispos portugueses que se encontram no Vaticano em visita ‘ad limina’ ao Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, adiantou, citado pela agência Ecclesia, que na reunião foi apresentado o projeto da criação desse “serviço estruturado” da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
Segundo o bispo, um “interlocutor oficial” para o setor poderia oferecer uma “visão mais global”, funcionando como porta-voz das “preocupações” da Igreja.
Este organismo, que deverá ter funções de acompanhamento, não substituirá o papel da CNIS ou da União das Misericórdias enquanto representantes das instituições do setor.
Os bispos portugueses estão em Roma até à próxima sexta-feira, quando terão uma audiência com o Papa Francisco, cumprindo uma visita “ad limina”.
Após a reunião no Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, o bispo José Traquina referiu-se, também, à questão do acolhimento de imigrantes em Portugal, considerando que a “capacidade de acolhimento” do povo português vai superar dificuldades e tensões.
“Estou convencido de que isto [dificuldades e tensões] é superável. Demorará algum tempo, mas os portugueses têm bom senso nesta matéria”, disse, citado pela Ecclesia, rejeitando discursos que promovam o conflito.
“Os discursos políticos vão cair com o tempo, na medida em que os portugueses tiverem essa capacidade de relacionamento, como está provado nas zonas onde os imigrantes estão integrados, estão a trabalhar”, acrescentou.
A visita “ad Limina Apostolorum” é feita de cinco em cinco anos e, além de reuniões dos prelados com os diferentes dicastérios da Santa Sé, encontram-se também com o Papa, com o Código de Direito Canónico a estabelecer que “o Bispo Diocesano tem obrigação de apresentar ao Sumo Pontífice, a cada cinco anos, um relatório sobre a situação da diocese que lhe está confiada”.
O grupo desta visita é constituído por 29 membros da CEP: 20 bispos diocesanos, cinco bispos auxiliares, um bispo eleito (Beja), dois bispos eméritos (Cardeais António Marto e Manuel Clemente) e um Padre (secretário e porta-voz da CEP).