Este sábado, dia 19 de Março, a Monumental “Celestino Graça” abrirá as suas portas para acolher a corrida inaugural da presente temporada. A Associação “Sector 9”, constituída por nove amigos e vocacionada para a organização de eventos taurinos, sem prosseguir interesses pessoais – os lucros resultantes das diversas iniciativas reverterão a favor da Santa Casa de Misericórdia de Santarém – desenhou já a programação da época taurina, oportunamente apresentada ao público, e de que aqui demos conta em anteriores edições.

Este sábado os aficionados poderão assistir a uma corrida especialmente interessante que coloca em confronto três dos mais categorizados cavaleiros da actualidade. Cada um com o seu estilo de toureio muito próprio, mas todos se equiparando no rigor técnico com que fundamentam o seu conceito e, sobretudo, no empenho de triunfar em cada tarde em que se apresentam em público.

João Moura Júnior herdou de seu pai um conceito de toureio estribado no temple, no encurtamento das distâncias que estabelece com os toiros e na verdade na escolha dos terrenos em que consuma cada sorte. À perfeição técnica com que impregna as suas lides, Moura Júnior empresta ainda a emoção das sortes frontais e a elegância dos adornos com que remata cada sorte. Inovando, João Moura Júnior alcançou o apogeu criando a “Mourina”, uma sorte com o seu cunho tão peculiar, onde a arte se mescla com o valor e a elevada técnica que exibe.

João Ribeiro Telles é um toureiro de dinastia, que assenta a sua tauromaquia nos compêndios da Torrinha, mas aos quais ousou acrescentar mais umas páginas, onde melhor se define técnica e artisticamente. A lealdade ao conceito clássico, que é uma das principais marcas da Casa, não o impediu de pincelar o seu toureio com detalhes de uma elegância e de uma expressão artística notáveis, onde se reencontra com a sensibilidade estética que seu pai tão bem expendeu. As sortes de poder a poder, interpretadas com uma valentia extrema, engrandecem o seu toureio e emocionam o público que se rende à categoria do toureiro-artista. Cada actuação é um desafio que João Ribeiro Telles enfrenta consigo mesmo, pois sai sempre para triunfar.

João Salgueiro da Costa é o mais jovem marialva da dinastia Salgueiro, que parece corporizar os atributos de excelência dos seus antepassados. Lembramos, sobretudo, seu pai, que marcou uma época importante no toureio equestre, lidando com uma arte e uma espontaneidade insuperáveis, respeitando a ortodoxia do toureio equestre mas valorizando-o com a emoção

dos terrenos apertados em que culminava as poderosas sortes de frente e com os vistosos e oportunos adornos, com que inebriava o público que muito justamente se lhe rendia. João Salgueiro da Costa parece conter uma quota-parte de cada um destes condimentos, fundindo-os num estilo muito peculiar que tem logrado impor e consolidar, num crescendo de forma à beira de atingir a maturidade.

Os toiros que estes três marialvas irão enfrentar são oriundos da prestigiada ganadaria Veiga Teixeira, que já venceu em anteriores temporadas escalabitanas o Troféu instituído para distinguir os melhores toiros. Para além de uma apresentação irrepreensível, espera-se que os toiros que saiam à arena da Praça “Celestino Graça” honrem as tradições da ganadaria e aportem mobilidade e bravura, posto que terão pela frente toureiros capazes de os lidar a preceito.

Outro tanto se poderá dizer quanto aos Forcados, pois estão em praça dois dos mais consagrados Grupos portugueses. Desde logo o prestigiado Grupo de Forcados Amadores de Santarém, o mais antigo de todos e aquele que ao longo de mais de um século tem contribuído para engrandecer a arte de pegar toiros, pautando a sua evolução técnica e artística. Depois, o Grupo de Forcados do Aposento da Moita do Ribatejo que já carrega sobre os seus ombros o prestígio alcançado ao longo de uma trajectória assinalada pela qualidade dos seus forcados, que têm proporcionado momentos de rara emoção aos aficionados nacionais e estrangeiros. Nesta tarde, frente aos “Teixeiras” esperam-se muitas dificuldades, mas também grande capacidade de superação individual e colectiva.

Tudo aponta para uma excelente corrida de toiros. Vamos lá!

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