O sistema MacFire, ferramenta informática criada em Mação para monitorizar o desenvolvimento dos incêndios em tempo real, está a ser implementado em todo o distrito de Santarém, disse hoje à Lusa a presidente da Comissão Municipal Distrital da Protecção Civil.

“No fundo é pegar naquilo que é uma experiência positiva, que foi desenvolvida na Câmara de Mação, alargar aos outros municípios e adaptar uma nova versão desta aplicação que permite interligar com os sistemas operacionais que estão disponíveis nos municípios, nas comunidades intermunicipais e no comando distrital, nomeadamente no que diz respeito à georreferenciação”, explicou Maria do Céu Albuquerque, que preside também à Câmara Municipal de Abrantes e à Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo.

O MacFire (Mac de Mação, Fire de fogo), sistema desenvolvido por técnicos informáticos de Mação em 2004 e por especialistas de uma empresa do ramo das novas tecnologias, permite levar a informação existente sobre a zona de combate a incêndios rurais para o Posto de Comando móvel existente em cada sinistro.

Na base do sistema está a cartografia militar, mas também as cartas de risco de incêndio e os hortofotomapas (fotos aéreas retificadas no solo).

A novidade introduzida por António Louro, vice-presidente e responsável pela Protecção Civil em Mação, foi integrar esta informação e sobrepor os mapas, permitindo visualizá-los todos ao mesmo tempo. A tudo isto, junta-se a tecnologia GPS, dando a localização exacta das viaturas no terreno, bem como a posição das frentes de fogo e o valor rigoroso da área atingida, o que permite prever a sua provável evolução, além de fazer o histórico de cada sinistro, para avaliação futura.

“É muito importante este trabalho porque vai possibilitar a todo o tempo ter informação fidedigna, ao minuto, digamos assim, e com a georreferenciação necessária para sabermos onde intervir em qualquer circunstância”, notou Maria do Céu Albuquerque.

O sistema, em que a autarquia de Mação investiu cerca de 125 mil euros em 2004, está instalado no que parece ser uma vulgar carrinha, tendo no seu interior seis monitores encaixados nas paredes que transmitem informação em tempo real da situação no terreno, com informações vitais para a tomada momentânea da decisão, como seja o posicionamento dos bombeiros, onde anda o fogo e em que dimensões, onde é prioritário intervir, os melhores acessos e os pontos de água mais próximos.

A situação no terreno é acompanhada a par e passo, ficando ainda disponíveis informações importantes sobre a localização, características e operacionalidade de todas as infra-estruturas florestais relevantes no combate aos incêndios, como tanques, charcas e estradões, além do registo histórico de cada sinistro, que permitirá análises futuras do comportamento do fogo em cada momento.

O sistema, que funciona em Mação há mais de uma década, alarga-se este ano a todo o distrito de Santarém devido ao “desafio lançado ao comandante distrital” e “oportunamente também às duas Comunidades Intermunicipais (CIM) do distrito”, disse à Lusa António Louro, sublinhando que, “com a junção de esforços de todos, foi possível fazer a expansão do MacFire” para todo o distrito, composto por 21 municípios e com grande histórico de incêndios.

“A colaboração das CIM do Médio Tejo e da Lezíria foi indispensável, pois houve um apoio significativo cedendo ‘software’, instalações logísticas e até procedendo à aquisição de algum equipamento que era importante para instalar nas viaturas”, disse o vice-presidente.

O MacFire, no entanto, “não apaga fogos”, disse à Lusa o mentor do sistema, engenheiro florestal de profissão.

“É uma ferramenta que ajuda numa situação complexa como em grandes incêndios florestais, é uma ferramenta de apoio à decisão, para quem tiver de decidir o consiga fazer de uma forma mais acertada e num tempo mais curto. Penso que é um passo importante para todo o distrito”, afirmou, notando que o sistema viu uma candidatura aprovada de 400 mil euros para processo de investigação.

Foi entretanto aprovado financiamento para o desenvolvimento do programa nos próximos anos, numa parceria que envolve a Universidade de Aveiro, a Universidade Nova, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera e a Direcção-Geral do Ordenamento do Território.

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