O “MARE à Beira Rio”, evento realizado no passado domingo (dia 11) em Alhandra, levou uma centena de pessoas à Praça Soeiro Pereira Gomes, onde vários investigadores do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (MARE-ULisboa) realizaram algumas actividades didáticas para famílias.
O objectivo desta iniciativa passa por aproximar o conhecimento científico da universidade à comunidade.
“Este evento teve quatro actividades: uma sobre a importância dos “bichos da lama” no estuário e rio, outra sobre como se estuda os movimentos dos peixes do Tejo como a corvina e o robalo, ainda uma actividade sobre as espécies invasoras do estuário como a Amêijoa-japónica e, por fim uma actividade sobre os peixes do rio Tejo, e, em concreto, sobre os impactos dos peixes invasores como é o caso do peixe-gato-europeu,” explicou ao Correio do Ribatejo Filipe Ribeiro, investigador do MARE.
À hora do almoço os participantes foram convidados a experimentar três espécies invasoras que existem no rio Tejo.
“O menu teve uma massada de carpa, douradinhos do rio, rolinhos fritos de siluro (peixe-gato-europeu) e fatias fritas de lucioperca com açorda,” refere Carlos Serras, pescador profissional.
“Estes peixes são aos milhares sobretudo na região do Tejo Internacional”, salienta.
“O consumo de peixes invasores pode ajudar a reduzir o impacto do peixe-gato-europeu sobre várias espécies nativas do rio Tejo e, simultaneamente, providenciar algum rendimento aos pescadores profissionais,” observa, por sua vez, o investigador Filipe Ribeiro.
A captura de um recorde nacional deste peixe invasor que se assistiu na semana passada no Parque Natural do Tejo Internacional em Castelo Branco não foi surpresa e os investigadores acreditam que outros recordes serão batidos em breve.
“Os pescadores profissionais chegam a pescar mais de uma tonelada desta invasora numa semana de faina. Faz sentido termos um Parque Natural cheio de peixes invasores?”, interroga Filipe Ribeiro.
Projecto Life-Predator para remover o siluro das áreas protegidas
O projecto Life-Predator (www.lifepredator.eu) visa implementar a remoção de peixe-gato-europeu em áreas protegidas reduzindo o impacto desta invasora.
No passado domingo, ao longo do dia, cerca de 100 pessoas participaram no evento, sobretudo famílias incluindo várias crianças.
Dulce Domingos, da Gentes em Alhandra e da Casa das Estórias, disse que “nunca tinha experimentado estes peixes invasores, estavam óptimos, sobretudo os douradinhos de siluro”, testemunhou.
“A experiência gastronómica foi muito gira. Experimentamos pratos deliciosos com espécies do rio. Adorei a açorda e nunca tinha experimentado o peixe-gato. Foi muito bom,” comentou Filipa Macieira.
Para João Fernandes, residente em Alhandra, este dia proporcionou “uma actividade muito interessante para miúdos e graúdos. O nosso filho gostou muito de mexer nos caranguejos e procurar o peixe marcado com a antena de telemetria. Os especialistas são muito acessíveis e, se possível há que repetir. Obrigado pelo dia e pela aprendizagem,” referiu.
Catarina Alexandre, residente em Vialonga, constatou tratar-se de “uma actividade muito interessante para toda a família”. Desde a breve história de alguns peixes do rio no nosso território, bem como jogos educativos. No final, o almoço divinal de açorda de ovas e peixe frito”, concluiu, ficando à espera de “mais actividades como esta no concelho.”
O “MARE à Beira Rio” foi um evento organizado pelo Centro de Ciências do Mar e do Ambiente da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, pela Associação Gentes em Alhandra, Casa das Estórias e Junta de Freguesia de Alhandra e São João dos Montes. Bernardo Quintella, Beatriz Castro, Christos Gkenas, Inês Pires, João Paulo Medeiros e Mafalda Moncada foram outros investigadores do MARE-ULisboa envolvidos no evento.