Uma equipa do Centro Interdisciplinar de Arqueologia e Evolução do Comportamento Humano (ICArEHB) da Universidade do Algarve está a efectuar escavações no concheiro do Cabeço da Amoreira, localizado em terrenos da Casa Cadaval, em Muge, no concelho de Salvaterra de Magos.

As escavações incidem na área central e na zona circundante ao Concheiro e têm como principal objectivo a obtenção de dados novos e mais pormenorizados sobre os modos de vida daquelas que foram as últimas comunidades de caçadores-recolectores do Centro de Portugal, há cerca de 8.000 anos.

Contam com o apoio de um grupo de voluntários norte americanos, inseridos num programa do Earthwatch Institute, uma organização sem fins lucrativos que tem como missão envolver os cidadãos de todo o mundo em pesquisas científicas de campo.

A equipa, que ao longo dos últimos anos se tem mantido em actividade naquele local, em particular nos meses de Verão, conta com o apoio da Câmara Municipal e da Casa Cadaval, a nível logístico e de alojamento, arrancou com os trabalhos no início do mês de agosto, sendo que já foram encontrados inúmeros artefactos em osso, pedra e adornos feitos em concha.

Os Concheiros de Muge foram descobertos em 1863 pelo geólogo Carlos Ribeiro e constituem o maior complexo mesolítico da Europa. Correspondem a “colinas artificiais” onde se estabeleceram sazonalmente comunidades de caçadores-recolectores que faziam da apanha de moluscos uma das suas principais actividades de subsistência.

Classificados em 2011 pelo Governo como monumento nacional, reconhecendo o seu estatuto de “excepcional interesse nacional”, é reconhecido “o valor científico, patrimonial e cultural de cada um dos bens agora classificados, aliado aos critérios de autenticidade, originalidade, raridade, singularidade e exemplaridade, revelados pelo modo como foram apropriados pelos cidadãos e na relevância simbólica que adquiriram, como lugares das artes e da memória histórica “.

Os Concheiros de Muge constituem o maior complexo mesolítico de toda a Europa, sendo mesmo uma referência no estudo dos maiores investigadores e estudiosos mundiais. Estas “colinas naturais”, como se podem apelidar os concheiros, resultam da sazonal permanência de várias comunidades de caçadores-recolectores, que faziam da apanha de moluscos, uma das suas principais actividades. A descoberta dos concheiros de Muge constituiu um dos mais importantes achados arqueológicos em Portugal do último quartel do séc. XIX e marcou o percurso da arqueologia pré-histórica portuguesa. A primeira monografia arqueológica dedicada à pré-história portuguesa é precisamente sobre os concheiros.

Desde 2009, Nuno Bicho (docente da Universidade do Algarve) e a sua equipa de colaboradores têm desenvolvido trabalhos no concheiro Cabeço da Amoreira. Este investigador tem revelado o resultado das escavações nos concheiros, nomeadamente os trabalhos ao nível da arqueobotânica, zooarqueologia, análise das indústrias líticas e ainda a possibilidade de encontrar novos esqueletos para compreensão dos ritos de inumação e das dietas realizadas por estas comunidades pré-históricas.

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