A visita do Papa Francisco a Fátima na manhã de sábado acontece pouco mais de seis anos após a primeira deslocação que fez à Cova da Iria, para canonizar Jacinta e Francisco Marto.
Perante um mar de gente que enchia então o recinto do santuário, Francisco, logo na noite da chegada para a visita pastoral de menos de 24 horas, fez apelos à “paz e concórdia entre os povos”, pedindo a “Nossa Senhora, que, no mais íntimo do Seu imaculado coração”, veja “as dores da família humana que geme e chora neste vale de lágrimas”.
“Seremos, na alegria do Evangelho, a Igreja vestida de branco, da alvura branqueada no sangue do cordeiro derramado ainda em todas as guerras que destroem o mundo em que vivemos”, disse Francisco, na oração proferida na noite de 12 de maio, após um momento de recolhimento frente à imagem da Virgem de Fátima.
As preocupações com a guerra também deverão marcar a intervenção de Francisco na Capelinha das Aparições na manhã de sábado, em especial o conflito na Ucrânia.
Num texto publicado em julho, o diretor editorial dos media do Vaticano, Andrea Tornielli, considerou que a ida do Papa a Fátima está ligada “à tragédia da guerra que atormenta a ‘martirizada Ucrânia’”.
Aquele responsável sublinhou que o gesto de Francisco “pode ser ligado diretamente a outro que ele realizou, pouco mais de um mês após o início da guerra: a consagração da Rússia e da Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria, realizada em São Pedro, em 25 de março de 2022”.
“A consagração da Rússia, aliás, foi pedida pela aparição na mensagem aos pastorinhos de Fátima. Há 16 meses, Francisco rezou assim: ‘Perdemos o caminho da paz. Esquecemos a lição das tragédias do século passado, o sacrifício de milhões que morreram nas guerras mundiais. Desconsideramos os compromissos assumidos como Comunidade das Nações e estamos a trair os sonhos de paz dos povos e as esperanças dos jovens”, recordou Tornielli no texto divulgado no portal Vatican News.
Há seis anos, e estando em Fátima, exortou os cristãos a serem, antes de mais, “marianos”.
“Com Cristo e Maria permaneçamos em Deus”, afirmou.
Já na homília de dia 13 de maio, Francisco apontou os dois novos santos – Jacinta e Francisco Marto – como “um exemplo”, considerando que “a força para superarem contrariedades e sofrimentos lhes foi dada pela Virgem Maria, presença constante nas suas vidas”.
O Papa Francisco é esperado no Santuário de Fátima na manhã de sábado, para uma visita de cerca de duas horas, à margem do programa oficial da sua deslocação para a Jornada Mundial da Juventude, que encerra no domingo, em Lisboa.
Francisco viaja de Lisboa para Fátima num helicóptero da Força Aérea Portuguesa, estando a chegada prevista para as 08:50, regressando à capital às 11:00.