O presidente do Instituto Politécnico de Santarém, João Moutão, e a sua vice-presidente, Sónia Seixas, tomaram posse esta segunda-feira, 14 de Dezembro, numa cerimónia realizada no auditório da Escola Superior de Saúde de Santarém. Foi também o primeiro acto público em que Hermínio Martinho interveio enquanto novo presidente do Conselho Geral do Instituto Politécnico de Santarém (IPSantarém).

Na sua intervenção, João Moutão apelou à união da comunidade académica para enfrentar os desafios que o instituto vai ter pela frente: “Se trabalharmos mais em equipa temos todos mais a ganhar”, apelou João Moutão, referindo que “o futuro colectivo exige entendimentos” e que respeitará de igual forma todas as escolas e seus órgãos dirigentes, assim como toda a comunidade académica. “Todos são importantes”, sublinhou.

No final desta cerimónia, e questionado pelo Correio do Ribatejo sobre as prioridades que a nova presidência tem definidas para os próximos quatro anos, João Moutão foi peremptório: “são, principalmente, ao nível do nosso ensino. Fazer convergir a nossa oferta formativa com aquilo que são as prioridades da nossa região e do país”.

Apostar na inovação e investigação são outros dos eixos que a equipa de Moutão quer desenvolver, “para transferir conhecimento para a sociedade, para a economia e podermos alavancar a nossa região, numa perspectiva internacional, com os nossos parceiros na europa e na lusofonia”.
Para o responsável, o IPSantarém tem que ser o “grande parceiro” da região, de forma a poder alavancar este território e “interpretar aquilo que é o orgulho ribatejano, que sabemos que é exigente”, declarou.

O Instituto Politécnico de Santarém bate este ano o seu recorde de novos alunos, com 1752 novas matrículas, e vai também acabar 2020 sem necessitar de um reforço orçamental por parte do Ministério da Ciência e Ensino Superior, o que também já não acontecia há vários anos.

“Os indicadores que temos tido têm sido em crescendo, em todas as áreas, inclusivamente no número de novos alunos e de candidatos. É importante comunicar isso – por vezes não conseguimos chegar às pessoas e comunicar – mas queria dar um testemunho que o IPSantarém está neste caminho e estamos a fazer tudo para que toda a região se orgulhe do seu Instituto. A nossa comunidade académica, os docentes, estudantes, os não docentes e eu somos testemunhas disso todos os dias: todos dão o máximo de si para podermos, todos, nos orgulhar do nosso instituto e da região onde estamos inseridos”, reforçou ao Correio do Ribatejo.

Mas, para que esse crescimento seja mais sólido, João Moutão alerta para a necessidade de os Politécnicos poderem conferir o grau de doutor, sendo que isso só será possível quando for alterada a própria Lei de Bases do Sistema Educativo, em que está escrita a restrição desta possibilidade apenas ao ensino universitário.

“Os critérios para a administração de doutoramentos estão definidos na Lei: é preciso ter centros de investigação classificados como muitos bons ou excelentes pela Fundação da Ciência e Tecnologia e é preciso ter um corpo docente próprio altamente qualificado. Os politécnicos cumprem esses requisitos, inclusive o IPSantarém em algumas áreas. E a única razão pela qual não o podem fazer é porque a Lei, neste momento, não o permite e isso não nos parece correcto”, disse.

“O princípio está certo: quem tem competência deve fazê-lo e não deverá ser o subsistema a definir essa possibilidade porque isso, parecendo uma questão menor, é um factor de grande entrave ao desenvolvimento das instituições politécnicas. Podemos desenvolver aqui programas doutorais em ligação com as entidades da região que são alavancadoras daquilo que é o conhecimento e não o podemos fazer e temos que ir fora a outras instituições”, explicou.

Qualificar infra-estruturas é prioridade

Segundo afirmou, os seus primeiros actos de gestão vão incidir na necessidade de uma maior eficiência e organização internas: “queremos unificar as nossas plataformas e termos uma uniformidade de procedimentos em todas as nossas escolas, que nos permita optimizar a nossa estrutura e capitalizar todos os recursos que temos”, anunciou.
Por outro lado, disse, existe a necessidade de afirmar a identidade institucional do Politécnico de Santarém para “ganhar escala, peso e dimensão a nível nacional e internacional”.

Ao Correio do Ribatejo, João Moutão anunciou ainda que pretende investir nas infra-estruturas que o IPSantarém possui: “temos edifícios já bastante antigos, que precisam de uma intervenção”, declarou, dizendo que espera que a obra da residência de estudantes de Rio Maior possa iniciar já em 2021.

“Além dos investimentos de eficiência energética, que vão já permitir algumas melhorias, temos planos de responsabilidade ambiental e precisamos, urgentemente, de construir e capacitar as salas de aulas, requalificar espaços, ter melhor acção social indirecta, cantinas, bar, com espaços para os nossos estudantes e, acima de tudo, ter infra-estruturas de experimentação cientifica e tecnológica que sejam um apoio para o ensino mas também para todas as entidades da região que possam aqui ter essas possibilidades de desenvolvimento de projectos”, declarou.

Politécnico forte e virado para as empresas

Após a cerimónia de tomada de posse da nova presidência do IPSantarém, decorreu a Sessão Solene que marcou a Abertura do Ano Académico. Houve distinções a alunos e funcionários do instituto que se reformaram e uma evocação de Joaquim Veríssimo Serrão por Mário Mota, primeiro administrador do Instituto.

“Nós precisamos de um politécnico virado para as empresas. Tenho dito muitas vezes, que é necessário um politécnico que veja, como nós, os desafios do mundo actual. Hoje temos a possibilidade de antecipar muito futuro. Santarém está a antecipar futuro e irá chegar mais rapidamente ao futuro do que os outros concelhos estão a fazer. E isto é uma estratégia delineada há alguns anos. Os municípios que têm crescido mais são municípios que, ou têm universidades muito fortes ou politécnicos muito fortes, e o nosso politécnico tem que ser muito mais forte”, declarou Ricardo Gonçalves, presidente da Câmara de Santarém.

O edil apontou ainda o “valor acrescentado” da presença no concelho dos milhares de alunos das escolas Agrária, de Educação, de Saúde e de Gestão.
O autarca de Rio Maior, Filipe Santana Dias, alinhou no mesmo sentido. Referiu a importância que a Escola Superior de Desporto de Rio Maior tem na cidade e na comunidade, sublinhando ainda o impacto positivo que têm os cerca de mil estudantes dessa escola. Deixou ainda a garantia que a parceria entre o seu município e o IPSantarém, que dura há 20 anos, será para manter e reforçar durante o novo mandato de João Moutão, que agora se inicia.

O presidente da Câmara de Rio Maior falou ainda do processo da construção da residência de estudantes na cidade, recordando que foi recentemente aprovada verba para esse fim no Orçamento de Estado para 2021.

Filipe Santana Dias apelou ao presidente do Politécnico de Santarém que chame a si este processo, garantindo que o município estará sempre do lado da solução. “Neste particular, reservo-me ao direito de me manter como São Tomé, acreditando apenas depois de ver a obra iniciada”, disse.

Recorde-se que a Assembleia da República aprovou há duas semanas uma proposta de lei que prevê a transferência de 1,8 milhões de euros do Ministério das Finanças para o Politécnico de Santarém com vista à construção da residência de estudantes da Escola Superior de Rio Maior.
A obra permitirá a criação de 100 camas num edifício de três andares que será construído no campus da Escola Superior de Desporto de Rio Maior, numa área de mais de dois mil metros quadrados.

O Instituto Politécnico de Santarém é uma instituição de ensino superior politécnico público, ao serviço da sociedade, empenhada na qualificação de alto nível dos cidadãos, destinada à produção e difusão do conhecimento, criação, transmissão e difusão do saber de natureza profissional, da cultura, da ciência, da tecnologia, das artes, da investigação orientada e do desenvolvimento experimental, relevando a centralidade no estudante e na comunidade envolvente, num quadro de referência internacional. É reconhecido como polo de desenvolvimento e uma referência na formação, na cultura e na investigação desenvolvidas na região, criado na década de 70, integra actualmente cinco Escolas Superiores, quatro na cidade de Santarém e uma na cidade de Rio Maior.

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