Filipe Mendes, jornalista natural do Porto e residente em Santarém, é o vencedor da edição de 2025 do Prémio Literário Manuel Teixeira Gomes, promovido pelo Município de Portimão. A cerimónia de entrega do galardão decorreu a 9 de Dezembro, na Biblioteca Municipal, integrando as comemorações oficiais do Dia da Cidade.
A obra distinguida, O Arquivo das Ondas — publicada com a chancela da editora Colibri —, mereceu o reconhecimento do júri pela densidade narrativa e pela forma como entrelaça a memória individual com a História colectiva.
Descrita como uma narrativa que atravessa geografias e tempos distintos — entre Portimão e Maputo, entre o Atlântico e o Índico —, a novela acompanha a personagem Filipa na reconstrução da história de Aurora e Samora. Mais do que um amor interrompido pelas circunstâncias, o livro é um mergulho nos arquivos silenciados da Guerra Colonial e na persistência das ligações humanas perante a distância.
“O mar, presente em todo o enredo, não é apenas cenário: é metáfora viva”, lê-se na reflexão crítica que acompanha a obra, assinada pelas juradas Fernanda Ribeiro, Dora Gago e Paula Rosado. O júri destacou ainda o simbolismo da narrativa como um “álbum” que pede revelação antes que a memória se apague, sublinhando o papel da escrita como ato de preservação da identidade.
No prefácio, a avó Aurora — antiga fotojornalista — surge como uma figura de “dupla exposição”, dividida entre a lucidez e a névoa, transformando a casa e as suas gavetas num palco de descoberta onde cada revelação implica o risco, mas também a beleza, da verdade.
